Monday, March 07, 2005
céu de vidro
Cacos de mim
serpenteiam a senda sonora
onde naufrago rubra
-estilhaçada-
Quebrei vitrais góticos.
Figuras bizantinas.
Taças de licores.
Pratos gregos.
Quebrei negras janelas
de castelos escoceses.
Geadas de agosto
com meu olhar de fogo.
Quebrei o coração de argila
onde guardo o anjo
com asas de topázio.
Quebrei seu olhar, verde de espanto.
Tudo aniquilo
com este amar selvagem.
Eu, branco rio,
Espuma-esperma do cosmo.
Fiz amor com a vida.
Raios colorindo a alma.
Fúria celeste espargindo
em redemoinhos de sóis.
Estilhaçando vitrais,
taças, coração de argila,
asas de topázio do anjo,
catedrais.
Não mereço o céu.
Quebraria o vaso branco
do maná eterno. O cálice
onde se bebe a poesia de Deus.
Quebraria pingentes azuis
de cascatas celestes,
e nuvens espelhadas
onde patinam anjos.
Não mereço o céu.
Quebraria o sol-gema
que é o coração do Pai.
E o mundo anoiteceria – Mea culpa!
Quebraria a rio de cristal
onde Cristo lava
o sangue das chagas.
E a lágrima-rubi de Madalena.
Sou céu de vidro
estilhaçado.
Tudo aniquilo
com furor da alma.
Tenho a força do amor
elevada à potência das estrelas.
Só o carinho suave
de suas mãos de artista
alteraria a rota
da poeta ardente.
Manipulando o vidro
na fornalha quente.
De tuas mãos de artesão
brotaria uma rosa lírica,
azul, assim, de harmonia.
Cândida. Etérea. Cristalina.
E o anjo me plantaria
em um ritual de lua
& sinfonia, para sempre,
em seu jardim.
- Bárbara Lia -
imagem - cenário de um espetáculo de Pina Bausch
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