Wednesday, December 06, 2006

2.006 - UM ANO INFINITO

Vez por outra eu pensava postar apenas isto...
Este blog se desintegrará em dez segundos.
Este é o meu ano infinito. Posso viver cem anos e não terei vivido dois mil e seis, ainda o viverei pelos dias que virão e pela poesia que será escrita. Em uma alucinada rota, caiu sobre meus ombros um ano invencível, fui vencida por este ano infinito - oito.
No ano infinito a felicidade veio colada às lâminas, e não pude separá-las, era tão ansiada a felicidade que abençôo as feridas.
Paro um segundo, a tempestade lá fora, e a leve passagem pelas horas já sepultadas e vivas ainda, como bulbos da flor mais linda, nas mãos, sangradas, e dentro, sabe-se que há a flor divina, plena, viva, pulsando dentro da terra estranha, escura, pulsando no caule rijo, a flor - inesquecível... Eu vivo. E de tanto viver, ronda-me a morte e as despedidas... No entanto, eu descobri neste ano infinito, a impotência plena e a fagulha da potência divina, que resume o ser. Sou.
O meu livro 'O Sal das Rosas" - ouro e negro - está aí, mas, não será lançado neste ano. Tudo flui para festas e a gente dá uma trégua... Não vou desintegrar meu blog, nem nada. Mas, vou tirar férias e deixar para as dez - ou menos - pessoas que lêem este blog, o itinerário meu, em 2.006, o ano infinito...

MARÇO/2006


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Melina Mulazani



No projeto - Porão Loquax - do Wonka Bar, a atriz e cantora Melina Mulazani, do Grupo Mundaréu interpretou "Cantos Bárbaros". Dia 07 de Março, nos revezamos no palco do Wonka com a poesia da Bárbara Lia, uma delas, inédita ainda, que Melina interpretou, emprestando a voz que eu emprestei à Roxana, bárbara princesa dos confins da Ásia...


CANTO DE ROXANA


Heras brancas de paz
devoram meu coração
- basta sentar ao teu lado.
Vê a cortina etérea?
Os ancestrais,
Bucéfalo, conquistas,
Aristóteles, os Templos,
o sol que negastes
a Diógenes?


Naqueles tempos necessitavam oráculos,
sinais, presságios de sonhos,
sacrifícios a Amon.
Dispenso a magia das mulheres da Trácia,
suas danças e suas serpentes.
Meu oráculo-coração acende uma fogueira,
basta pronunciar teu nome.

BÁRBARA LIA

MARCO 2.006 - A BIODIVERSIDADE





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Ter a coluna semanal no site do jornalista Ricardo Faria "Vejo São José" foi a ponte para o evento da ONU COP 8- Convenção sobre Biodiversidade, que permitiu algo nunca sonhado, conhecer os bastidores das discussões sobre o Meio-Ambiente no Planeta, e o susto, e o útero da terra remexido e a dança das tribos na abertura do evento, e estar diante do aço de candura que é Marina Silva, e percorrer as trilhas da desumana rota, constatar que são os africanos as cobaias dos grandes países, em tecnologias contestadas por ONG's, cientistas e pessoas que lutam pelos Direitos Humanos. Ouvir Leonardo Boff e sua certeza que de tão simples ninguém ouve, que de tão humano foi banido pelo Vaticano. Certa vez em um programa da rede educativa, logo após a escolha do cardeal Joseph Ratzinger para ser o novo Papa, alguém comentou que Boff só não foi queimado em uma fogueira por Ratzinger, pois vivemos em tempos em que gritam pelas árvores, os ecologistas não permitiriam que se queimasse uma árvore para matar o Frei. O atual papa foi o responsável pela expulsão de Frei Leonardo Boff da Igreja Católica, por ser um dos religiosos da América Latina a trazer Deus para o chão, através da Teologia da Libertação. Naquela tarde, naquela tenda branca e rústica, ouvindo as palavras de Boff, a vida caiu nova em mim, semente de belezas que nem um poeta consegue escrever, que somos todos vindos do mesmo átomo e tão donos da mesma esperança e partilha, e que não há mesmo como ser feliz depois de ouví-lo e nem de ser infeliz depois disto. É como esta tarde e a tempestade, cada gota um ser, ali, caindo - gota de tempestade - tua vida. E você tivesse que colhê-la e cuidar dela, sabendo que só ela, sem trilhões de pingos ao redor, não seria esta vida líquida que cai. É sem alarde que as belezas nascem, rompem a terra, e crescem. A raíz aquecida dentro, como a parte-tesão-carne do homem dentro do delta-vulcão da mulher. Como a raíz no solo, como a vertente invisível das águas, o primordial existe, ninguém vê, ninguém sabe, no entanto, existe e é o que nutre, o que leva ao éden, o que nos coloca em cada amanhecer diante da realidade de ser um entre tantos e vários, pés pousados nesta Terrazul de estonteante beleza, ela que navega o infinito e nos leva, e carrega e nos acolhe, não tolhe, e é ela que está sendo sugada, toda inteira, às entranhas...

ABRIL/2006

O romance "Solidão Calcinada" foi um dos finalistas do "Prêmio Sesc de Literatura 2.005", o vencedor foi o escritor goiano - André Leones - O livro que alcança o primeiro lugar é editado pela Ed. Record. No evento do Sesc em Curitiba, no final de 2.006, tive a felicidade de conhecer André e a escritora que venceu a edição anterior - Eugênia Zerbini.

OUTUBRO/2006


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BÁRBARA LIA & NOIR
foto:
Rebbeca Loise - escritora, fotógrafa e futura jornalista
Lucca Café - Curitiba.



Lançamento do livro de poesias "Noir" (52 p. ed. do autor) em Curitiba e Osasco.
Em "Noir" o eu lírico da Bárbara dá lugar ao profano, e a poesia que as pessoas mais gostaram foi exatamente - Profana.
PROFANA


A cor do amor é branca,

e o amor tem uma covinha do lado direito do rosto
e o amor me olha como alguém
que jamais vai tirar a minha calcinha
e gozar o céu dentro de mim.
O amor sempre vai me olhar
como se eu estivesse num altar de papel.

Para o amor, eu sou uma rima
e rima não tem vagina.
Para o amor, eu sou uma ode
com uma ode ninguém fode.

Eu sou um verso alexandrino
jamais tocado pelo herdeiro deste nome.
Eu sou a palavra, e a palavra, a palavra é Deus.
Deus ninguém come, mas,
será que beber
pode?
BÁRBARA LIA
(NOIR)

NOVEMBRO/2006


A minha poesia "Águas de Alexandria" foi a terceira colocada no Concurso de Poesias "Helena Kolody", da Secretaria do Estado da Cultura. Escrevi "Tristessa", a poesia que mais gostei de escrever em 2.006...
http://chaparaasborboletas.blogspot.com/2006/11/tristessa-pjack-kerouac-ame-quem-te.html

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...