Wednesday, November 19, 2008

SAKOUNTALA

Sakountala - Camille Claudel




Well, well.
I had my way.
I trusted a king
And put myself
in his hands.
He had a honey face
and a heart stone
(She covers her face
with her dress
and weeps)
- Calidassa –

..

.
.
Cinzel de prata
esculpindo pés
Cada fagulha vermelha
um fio de seus cabelos
.
.
Cinzel de prata treme
acende astros
de um azul escuro
em meu olhar algodão
.
.
Rodin!
Rodin!
Tantos pés teci
em mármore angustiado
-trilha de pés moldados-
.
.
esquerdo / direito
esquerdo / direito
esquerdo / direito
.
.
Tantos pés emprestei-te
para ter-te assim
ajoelhado
enlaçado
abismado
abandonado
.
.
Augusto espectro
de fogo
onde queima
a aurora
.
.
Sei!
Tudo isto
é mármore!
Mas, antes
foi carne
vermelho abandono
amor petrificado
.
.
Antes do fim
às margens
do Rio Loire
nossa carne carmim
foi mármore
.
Bárbara Lia
(do livro: Para Camille, com uma flor de pedra)

Hamadryade

.

Poesia escrita com cinzel
Resquícios passados à pedra
a retirar das entranhas, risos
e guirlanda de nenúfares
.
.
Ninfa das árvores
tocada de abismo
a olhar o limiar trágico
acima dos lagos azulados
.
.
Hamadryade orgulhosa
retorna ao quarto escuro
brancas corujas no muro
no casarão da vida gloriosa
.
.Crua beleza nua,
Danaide
ouvindo as estrelas do Sena
um céu-verde claro sonoro
a levar a barca dos amantes
.
.
(Trinta anos descolorem
rios
pedras
corujas.
Nunca os nenúfares)
.
.

Estes que rolam em cascatas
no castanho seda dos cabelos
e caem no lago do esquecimento
calcinando o ódio da menina
de Villeneuve-sur-Fére
.
.Sepultada viva em Ville-Èvrard
sonha na cripta:
o café do Brasil
cerejas embebidas em aguardente
um pacote de amor de mãe
um beijo da coruja ausente



Esculpe em astros abrasados
o ódio ao amante hostil
dorme congelada
destroços abraçados
à uma tola estrela senil

BÁRBARA LIA

(Para Camille, com uma flor de pedra)

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