Sunday, July 25, 2010

Aforismos e Arremedos - Lincoln D'Ávila


tia coruja




Meu sobrinho Lincoln D'Ávila poeta, músico e professor de História vai lançar o seu primeiro livro de poesias e letras de músicas - Aforismos e Arremedos - entro nesta publicação com o carinho orgulhoso de tia coruja. Parece que foi ontem que ele fez um aninho nesta foto em meu colo e eu, menina ainda. O tempo voa e ele cresceu em arte e sabedoria. Agora vou entrar neste livro em uma parceria que me deixa muito feliz, pelo convite e pelo carinho. O semestre promete parcerias, vou relatando aqui os novos passos da poeta. Este momento é de celebração. Lincoln vive em Campo Mourão, todo ano organiza um evento em outubro - Homenagem a John Lennon. Compõem belas canções e escreve poesias. Por isto, vamos comemorar a poesia e a música muito em breve.
Dois poemas que vão entrar no livro - Aforismos & Arremedos:

Tributo a Nietszche



A Grande Árvore atravessa altaneira as estações
Da beleza verdejante à secura do inverno
Os frutos podres lamentam a dor da queda
Os brotos rebentos não sabem que são felizes
As flores que anseiam pela criação tornarão ao chão


A Grande Árvore só conserva o necessário
Os membros mortos são levados pelos ventos
As verdes folhas são abandonadas quando importunam
A beleza efêmera da florada não ultrapassa a reprodução



Ah, agora a Grande Árvore preza pelo raio
Seus ramos adoecidos gangrenaram
Os macacos insanos vieram e abusaram de seus ciclos
A sacudiram até derrubarem suas crias
Arrancaram suas peles para adornarem o ventre
Perfuraram suas artérias para tomar a seiva
Mutilaram suas raízes para o progresso da ciência


Porém, o raio derradeiro ama a grandeza da Árvore
E junta suas forças para o beijo renovador
Oxalá Deus nos perdoe, pela ignorância e abuso
Que demos à nossa mãe Terra
Porque ela há de continuar
Com ou sem nossa presença
Lincoln D'ávila
 
 
"O pedigree do mel não diz nada a uma abelha"
                                                    Emily Dickinson


O rancor dos homens
Contaminou as flores
As abelhas
Morreram de cólera
Adocicada



Último zumbido
Acordou o Sol
Em cadência afinada
Qual canção do Vangelis
Bárbara Lia

me roubaram uns dias contados









"Um céu despe-se em nódoas e gotas de sol. Vai escurecendo. São dezessete horas e quatro minutos. Com quantos dias de neve se faz um inverno? Com quantas pétalas de rosa se faz uma primavera? Com quantas folhas caídas e farfalhando ao vento se faz um outono? Com quantas gotas de sol se faz um verão? Estão lançando a coleção primavera-verão. Vou ao coquetel de tênis branco e roupa de palhaço. Vou fazer macaquices para os ricos. Eu frequento festas para comer e beber um bom vinho. Vou a todos os lançamentos de livros. Conheço todos os escritores. Tomara que este livro não me dê um prêmio bom. Mozart teve dívidas. Balzac teve dívidas. O que me para é o SPC."

"O poema é o espaço da rebeldia da linguagem e a prosa é a linguagem da rebeldia."


"Ontem Johnny Depp comprou uma ilha. Perguntaram a ele por que comprou uma ilha. Respondeu que comprou para nada. Somos uma ilha. Todos nós somos uma ilha. Cercada de gente e cada vez mais gente. Por que tanta gente coloca mais gente no mundo? A economia global está pronta para o crescimento. Eu queria acabar o livro aqui, pois ele já disse tudo que eu queria dizer. Mas Rodrigo quer seiscentas páginas. No fundo, é um ambicioso. Um cara que quer fama, poder e você. Ele só quer você. No fundo escrevo porisso. Uma interrogação. Uma pergunta. Um mistério. Um enigma. Um oráculo. Não sou o seu oráculo. Também, você não me pergunta nada. O meu silêncio à vezes cala, e eu não consinto quando calo."

(me roubaram uns dias contados - Rodrigo de Souza Leão - ed. Record)



Um livro que leio com reverência, sabor de adeus antecipado, despedida à revelia. Lembro trocas poéticas esparsas e a interrupção abrupta. Neste vácuo da tua ausência eu fico aqui, com este livro e com as lembranças, puxando a linha do tempo pra recuperar os dias contados, nossos dias roubados, nossos dias...

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...