Thursday, June 16, 2011

A ESFINGE NA NÉVOA





Quando a alma
fala
já não fala a alma.
Se o corpo é sua escada
a língua é por onde
ela escapa?


Jamais sairemos
desse labirinto
de falsos silêncios;
Então, por que não cantamos
enquanto afundamos


Ou por que não nos calamos,
até o fim da névoa
do labirinto
e do silêncio torpe?...


Se a canção da Ursa Maior
não nos alcança,
afundar no canto ausente
das sereias de antes,


e apesar da vitória
deste abismo em nós
de nossa secreta Ítaca
não estamos tão distantes.


Ítaca dentro de nós:
A torre, a amada a fiar o manto,
o cão cego e fiel,
a mesa, o vinho...


Ítaca – a felicidade-
escondida no mar de abismos
e nos labirintos de sal
- nossa casa-alma:

Esfinge na névoa
que sempre encontramos
no final.

BÁRBARA LIA / MARCELO ARIEL


Marcelo Ariel é poeta, escritor & performer. Nasceu em Santos em 68. Adaptou para o teatro obras de Dante Alighieri, Byron, Hilda Hilst, Yukio Mishima, Fernando Pessoa e Hermann Broch. Entre outros livros, publicou pelo Coletivo Dulcinéia Catadora o livro: ME ENTERREM COM A MINHA AR 15 e pelo Selo LetraSelvagem o TRATADO DOS ANJOS AFOGADOS. Pela Multifoco, CONVERSAS COM EMILY DICKINSON E OUTROS POEMAS.

Uma poesia do livro "O sal das rosas"




VIOLETAS BRANCAS




Sigo teus passos, feito asteca, sonhando
a terra eterna e rica – tua pele.
Pele dos diários, onde leio a lua.
A maré suave que me enlaça nua,

écharpe de brisa e aurora, corais gris.
Adeus soledade de pedra. Paloma triste
em vôo riste, ao longe.
O deus-do-sol-do-meio-dia, colibri azul

da era atômica, é um sopro de luz e sons.
Sonhos delineados na tela fria.
O mundo sangra e transforma a garça


em íbis rubro. Leio um salmo antigo,
acordo em manhãs violetas. Tenho por companhia
um pequeno vaso de violetas brancas.
Bárbara Lia

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...