Saturday, April 02, 2011

POESIA - TEM UM PÁSSARO CANTANDO DENTRO DE MIM

Tem um pássaro cantando dentro de mim / Bárbara Lia:



GIZ RENDADO




O que a onda diz
ao cão sentado
babando moluscos
e saudades?
Como rasgar a onda
sem cicatrizar em azul?
Beber a ardência seminal
de amantes afogados
como quem engole
segredos guardados
entre debruns
de ondas
em seu giz rendado




DECRETO:




Proibido derrubar
qualquer árvore

(exceto para
construir
berços
e violinos)







DOS ENGANOS




Nem percebi e era o fim da trilha

Não me adiantei com fogo e coberta
e já se fazia noite

Não enchi o cantil na fonte
e era só deserto

O jasmim plantado floresceu em cacto

Acreditei na letra da canção
e era falsa a tradução

Segui a estrela e estrela não era
- era o farol da última ilha
a iluminar o inferno


 
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POESIA: A ÚLTIMA CHUVA




A Última Chuva / Bárbara Lia:


**


A chuva baila cinza na vidraça
que abre a cidade e
as cicatrizes de concreto.
No mundo não há quem leve,
como eu, este solar crepitar na alma.




LAYLA



calçadas molhadas
- uma lâmpada grávida
estremecida de sol
pequeno -
a lembrar
que ainda é verde o trigo.
florirá
amanhã
em sol granulado,
farpas de doçura,
sempre.



DESDÊMONA


Olhou-me como nuvem,
a sugar os vapores
da minha alma.
Por que ele é meu deus,
guardei-o em um lago
onde Iago
jamais chegará.

A ùltima chuva - Livrarias Curitiba

POESIA - O SAL DAS ROSAS



O sal das rosas / Bárbara Lia:



Espelho liquidificador

marca com lápis sanguíneo
o tempo em minha face.
Ecos do acorde da apocalíptica caveira
invadem a aurora.
Cansei das noites solitárias e este cenário
de lua & estrelas.
Planto sementes de lua
esperando um céu do avesso:
Mínimas luas: crescentes, minguantes, cheias.
- bilhares, multicores.
E uma estrela - azulada imensa -
a bailar no cobalto-quase-negro
das minhas noites solitárias.



KAMIKAZES


Doze kamikazes

arrastam a delicada açucena.

Doze kamikazes.
As lágrimas descem
feito fontes.

Nenhuma música
de anjos sonoros,
nenhuma.


Nas nuvens que passeiam,
exausto de tédio, atira longe
o grão da maldade – o dragão da guerra.

 
 


PULMÃO DE DEUS




Sussurro suave ao redor, nuvem
de seda embalando astros.
Aqui, onde respira a vida,

perfume de malva, silêncio de córrego
entre pedras. Ar lúcido de luz.




LUZES DE MARFIM



Agora a poesia segue.
É só o que me segue, afinal.
Sentidos de sol.
Primaveras de cerejas.

A tarde tocando teus cabelos
brisa ao redor - teu lábio.
Aquele beijo paterno
na testa menina.

Vôos meus que seguiam borboletas.
As belas horas tatuadas no espírito
liberto do grito inútil.


Fixado no etéreo, os sonhos
flanando quimeras em asas de seda,
o infinito aplaudindo em luzes de marfim



O sal das rosas - à venda na Livraria Cultura

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...