Monday, May 15, 2006

michel sleiman

















La vague - Bouguereau


Qasîda de Dionísio

Com Dionísio
ergo-me e brindo-te comigo:

borbulhas
palavras!

Bebe-me,
terás o ar da vida.

Bebe-me, e esquece
o que teus ombros inclina.

Estou em flor
nas encostas da vinha,

afasta de mim
a triste ermida.

Olha-me menino
reviro a areia...

Molusco em concha
esquecida, descobre-me

nas dobras do sal
nos enlevos do mar.

Nas dobras do sal
enleve-nos o mar.

Uva
sem sumo,

saliva
sem residência.

Não resistas,
desejo o teu alarme de vida.

Embriaga-te
e deixa falar-te o meu idioma.

Sereia nos ganchos
de anzol de delírios,

sou a margem,
o costado solitário.

Colhe-me e terás
o céu de tempos idos.

Tempo incriado, eu
faço-me a tua origem,

a mãe que te levou
oxigênio às artérias.

Vê-me,
estou no espelho de tuas águas.

Sabe-me a cor
que em mim deleitas,

sou a refração,
sou a refração.

E adeus,
se fui o que me foste...

casca da árvore, a seiva...
esta é a última chuva.


Michel Sleiman

Poeta e Professor de Língua e Literatura Árabe na Universidade de São Paulo (USP). Publicou A Poesia Árabe-Andaluza: Ibn Quzman de Córdova.

razuma



RUIDADO PARA ELA
.
"A chuva é melhor agora
que não temos pressa
ou destino.
Só essa janela
(a vida que nos é alheia)
nos revela
o anseio de sair.
.
Não insistes
só recolhe o calor
que deixei em tudo
como sol.
.
Na chuva
a casa é tão pequena
não cabe - eu juro!
a febre do teu ventre
o fácil do meu riso
nem o filme
que por hora nos mensura."
AZZUMA

Ricardo Azzuma - Curitiba, escreve no blog:
http://www.umchimacomnietzsche.blogspot.com/
*
O último verso do poema do Michel Sleiman publicado acima inspirou o título de um poema e de uma nova história que escrevo, aquele verso - Esta é a última chuva - choveu. Molhou o sentido de urgência, pois a gente nunca sabe quando será a última chuva.
A ÚLTIMA CHUVA

Eram retalhos
rascunhos
partituras rotas
odes em desordem.
Eram cinza e vento
iceberg
ancorado no cenário.
Eram estranhos
vozes de estanho
melodia brega.

És!
Música
que estremece cristais.
Som
do desmaio
da neve nos roseirais.
Plácido barco branco
no grego mar azul.
Sorriso
que clareia a cena.
És!
O piano
a orquestra
o poema
a rima rara
És o que É.
.
BÁRBARA LIA

La nave va...

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