Tuesday, February 08, 2011

erótica



NUNCA DIREI: - TE AMO!






Nunca direi – Te amo! Posto que é desejo santo

E traz teu rosto – Miragem que pousa na retina -

Basta!! A primavera garante que elas acabaram

: É o fim das lágrimas. Líquidos apenas outros -

Nosso Gozo. Ainda que embaçado pelas folhas

Do outono que vivemos – É vermelha a flor que

Rola pela alameda e é vermelho o telefone que

Traz este mar sonoro – Alma ancorada em voz

E quando suplicas que eu te consagre em rito

Eu me banho incensada em orquídeas, jasmins

E quando amanhece e meu ser desperta – Eis:

A primeira miragem – teu rosto dentro de mim

Tu que estás dentro de mim, tu que estás aqui

Dentro de mim. Teu sopro corpo palavra e pau

Dentro de mim. Teu olhar – vidro que parte as

Paredes e me invade. Logo ali a garota sonha -

Tolices ancestrais: Amor eterno casar ser feliz

A pássara que rega com sua aura o raio da lua

Morre de pena da garota que crê – Amor esta

Utopia Mor. O teu grito é o eco do meu – Nós

Cremos sim é no desejo insano inaugurando o

Sol ardente de Eros e a Lua escandalosa dela –

Poderosa Afrodite – Neste intercâmbio voraz:

Tua sutileza que abre minha vulva sem tocar;

Minha loucura: A endurecer teu pau e eriçar

Pelos – Nós nos buscamos na manhã – Neste

Tudo de amar. E quando despes meu vestido

Nada acima da pele. Nada no ar. A não ser a

Canção. Nada a passear no chão – E o mundo

Não sabe que ali – naquela janela – É o Éden

A coberta da cama agora é nuvem. Soro vivo

– teu sêmen que me lava poro a poro. - Sim!

A consagração da vida em coito puro a curar

Todo o cansaço, agonia, dores, temores gris

:: O desejo saciado é o céu que nos visita ::

:: O desejo saciado é o amor envelhecido ::

O desejo é um velho sábio, que sacode o ar

E segue sua trilha morto de pena do amor -

Este impostor – Que há séculos e séculos e

Séculos amém nubla esconde a dádiva mor

- Eu te desejo – Tu me desejas

Utopia não nos sacia. Só o desejo -

Só o desejo que chegou sem aviso

Registro, AR – telegrama onírico à

Nossa frente – A nos gritar para não adiar

Teu desejo – Meu desejo – Murmuramos:

Eros nos Proteja! Nos Proteja! AMÉM

Bárbara Lia

Nature

Henri Manguin




“A lentidão das palavras do arcanjo ao acordá-la”


O sagrado despe as ilusões
e abraça as árvores mortas
Suas folhas azul esmaecido
qual manto da Virgem de Cambrai

Os ossos das árvores adoeceram
e elas morreram – azuis -
Antes que tornassem brancos
os seus cabelos




“Sinal cifrado para enovelar o divino”

Trinta e dois ventos
      da rosa dos ventos
Vinte e um gramas
     do peso da alma
Oito países
     a comandar a Terra
UM Deus louco
     pelas ruas bombardeadas


(2 Poesias acima -  Prêmio Ufes - Literatura/2009)




CIGARRAS NO APOCALIPSE


Quando o poema emerge
Estridente
Emudece o verão
Escurece a primavera
Incendeia o outono

Poetas são cigarras
No apocalipse
Sempiterno som
Canto que incomoda

Sacode as esfinges
As filosofias vãs
Canto ecoa
Em muralhas pagãs
Invade corredores
Cola ao som a hortelã
Das festas de antes
Arranca lágrima cinza
No silêncio laranja
De Guantánamo

O som ardido trinca o sol
Escorre gema zelosa
Na chaga das crianças
Da África inteira
Canta a primavera afogada
Da vida ceifada.

A cigarra segue
No apocalipse sem volta
Anoitece areias de Fallujah
Todas as ruas da Faixa de Gaza

Cigarras no apocalipse
São poetas em desalinho
Gestados no ventre escuro
Ninfas subterrâneas
Emergem em canto e vôo
Ao som da trombeta
De um anjo sem olhos.







CALHANDRA NA TELHA


(Para José María Arguedas)




Musicar uma poesia
Em louvor ao Andes
Até o pássaro condor
Pousar no meu indicador
 
A dor do som da flauta
A descortinar abismos
O vento a sacudir
A manta da menina quéchua
De olhos cor de selva
Banhada de chuva
 
No beiral de uma cabana ocre
De janelas negras
E jardim de cactus
Pousará a calhandra


A mesma que guiava o menino
Pelas ruas de Cuzco
Pelas pontes incaicas
Pela sombra do pai





Decreto:

Proibido derrubar
qualquer árvore


(exceto para
construir
berços
e violinos)



 
 
Sempreviva
aos
Sempremortos:

Rasguem as encíclicas
as leis e as ordens

Mudem o cardápio da alma

A cada manhã
Meio copo de poesia
Panquecas de sol molhadas
Na clave de Fá
Salpicadas do orvalho
De Shangrilá


BÁRBARA LIA (meu canto à Natureza)
 
 

imagem retirada daqui



A vida não gosta de quem tem medo dela
Eu já pisei no ar esperando que Deus colocasse embaixo o fio de aço
- Ele sempre colocou...
É bom a gente desafiar os céus, as normas, as estatísticas
Tudo o que norteia este mundo tosco
É bom a gente inventar um canto novo
Um novo alfabeto
Uma nova rota
Ir abrindo flores ao redor
É tão bom poder ir e vir no tempo
Ir rasgando a pele, rasgando a planta do pé, o coração
- Cada vez mais luminosa
A alma que vaza das rupturas -

Bárbara Lia

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...