Friday, November 17, 2017

a palavra é pássaro - a poesia de Juliana Meira

O livro anterior da poeta Juliana Meira trazia o título - poema pássaro.
Agora ela lança - na língua da manhã silêncio e sal - e a palavra segue sendo - pássaro - pela leveza que ela imprime em seus poemas, pela evocação da natureza e um sopro metafísico entre os versos a nos lembrar o humano. 


Juliana Meira publicou poema dilema (Porto Poesia, 2009), poemas para o projeto Instante Estante de incentivo à leitura (Castelinho Edições, 2012), poema pássaro (Patuá, 2015), e integra a Antologia Blasfêmeas: mulheres de palavra (Casa Verde, 2016). Os poemas acima são do livro na língua da manhã silêncio e sal (Modelo de Nuvem/Belas Letras, 2017)




sonora garoa fina
tão fria a tarde
a folha tímida o lápis
um pensamento após outro
congela
de repente aquele baque
o poema se joga
da janela

Juliana Meira



ando com aqueles
cujos pés tilintam
riscando trilhas

também estou junto
aos que não fazem
ruído nem faíscas

mas rente ao final
do caminho quando
o abismo principia

piso o silêncio cíclico
de quem salta sozinha

Juliana Meira


que silêncio é este
que me atravessa o crânio 
como se ele fosse um cânion?

Juliana Meira



na língua da manhã silêncio e sal
Ed. Modelo de Nuvem / 2017

amorte chama semhora - jr bellé

Amorte chama semhora
página 11
Jr Bellé
Patuá/2017 






Jr Bellé nasceu em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, paradeiro de suas memórias mais antigas. Como uma araucária fora de lugar, fincou raízes na cidade de São Paulo. Publicou três livros de Poesia e um livro reportagem.


***

Em "amorte chama semhora" Jr Bellé incorporou sua essência anárquica e disse às palavras: façam amor! e elas fizeram... esta liberdade que só a Poesia veste para elevar o nível de beleza...
...

Na orelha do livro, entre outras coisas, Tibério Azul escreveu "Bellé é desses poetas que emanam poesia. Que uma noite aos redores de uma cerveja é leitura. Que minutos de silêncio entre um e outro copo é obra-prima."

...

hoje há um okupa freegan em rockland
tieta foi lutar com os curdos em kobane
e levantou uma trincheira da ypj em santana do agreste
os zapatistas sitiaram spriengfield
e ameacam arrancar a verdade das garras do império
hoje me sinto negro


página 37

***


caminho eras ao longo das orlas
em que o tempo ancora as mágoas
e deixo a maré subir até as estrelas
e me naufragar das ideias mais estúpidas
que garoam cadentes no meu peito
e agora tem essa enchente aqui dentro
essa enchente no chão que foi feito de mim


página 60

***

seria a vida amargarida
seria o bem-me-quer malferido
não fosse o amor erva-doce
não fosse tão violeta
essa esperança que sinto

página 35


amorte chama semhora - Jr, Bellé - página 48



Blasfêmeas em Sampa


La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...