Thursday, March 27, 2008

CORETO LOQUAX


















Coquetel no Coreto da Unicenter, Campus Divina Providência. Na primeira noite que estivemos lá para conhecer o local a Luciana Cañete disse, olhando para o coreto: que lugar ideal para um recital! Não fosse a parafernália de microfone e a tela que projetamos ontem as imagens e as gavetas da Lindsey, fosse verso e voz, o Coreto Loquax aconteceria, em encantadas noites, de vento atravessando leve. Nesta semana, lembrei aquela cena do filme - A noviça rebelde - onde a menina dança com o soldado que ama, dentro do coreto e a chuva, a chuva... Cena de amor tem que ter chuva, coretos, varandas e música. Mas, só o coquetel foi ali no coreto. Poemas & Poetas de Hoje aconteceu meio ao Festival de Curitiba, passou incólume e branco como a poesia - esta fantasma de roupa transparente cheia de fogo dentro... Afinal, tudo dá certo quando é poesia. O espírito da Arte conduz tudo... E a platéia de poesia é tão pouca que cabe em um coreto, assim, aconchegante de vinho e conversas e a senhora de cabelos grisalhos eu consegui clicar, a menininha que esteve na noite anterior não, pena... Pois tinha esta linha de vida das mulheres, tão bem cantadas ontem pela Luciana e quiçá por mim, e até pelos poemas masculinos do Jorge... até penso que cabe, prá encerrar, aquela poesia e a pergunta grave - Você é feminista? Sempre penso que sou livre, mas, quero ser feminina, e olhar sim os homens de igual para igual, mesmo que nada sobre que não seja o coreto branco e a dança da chuva diluindo na memória, a dança do amor virando fumaça na chuva, mas, eternizada e tatuada em corações tão iguais em suas diferenças...

.

Eufeminista

(Luciana Cañete)


Ele perguntou grave:
- Você é feminista?
Assim olhos de fundo de mar.
Ao que revelou suave:
Quero viver a minha uteralidade.
Ser esse caminhar ritmo inconstante como sendo o natural.
Viver o rir gargalhar gritar da instabilidade policística.
chorar chorar calar
Sem imposta retidão hormonal.
Sem eixo x/y do cartesiano masculino.
O sentimento desobstruindo lógicas de estampa de gravata.
Chego ao endereço sem mapa, porque nasci com a bússola por dentro.
Deixa eu domar cabelos e emoldurar sorrisos em troca da tua cara de
satisfação na porta.
Quero mergulhar água de ervas e te esperar desmaiada em besteiras românticas.
Deixa eu falar voz de menos de um grama, assim leve
quase sussurro sempre.
Permita-me, com gentileza, mais alvura, menos peso, menos músculos.
Chorar sozinha na janela enquanto me faço em bolo de teu preferimento.
Deixa eu ler Adélia Prado e a igualdade dos sexos abandonando-me.
- desabafou peso de mundo lastimando ovários.

Invisibilidades

Esta noche en este mundo (Alejandra Pizarnik)
FRAGMENTO

...no
las palabras
no hacen el amor
hacen la ausencia
si digo agua ¿beberé?
si digo pan ¿comeré?
en esta noche en este mundo
extraordinario silencio el de esta noche
lo que pasa con el alma es que no se ve
lo que pasa con la mente es que no se ve
lo que pasa con el espíritu es que no se ve
¿de dónde viene esta conspiración de invisibilidades?
ninguna palabra es visible...

vida «árbol de diana» #35 alejandra pizarnik

35
a Ester Singer

Vida, mi vida, déjate caer, déjate doler, mi vida, déjate enlazar de fue-
go, de silencio ingenuo, de piedras verdes en la casa de la noche,
déjate caer y doler, mi vida.

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...