pátio da casa do sol onde viveu Hilda Hilst
Acordei com desejo de visitar a Casa do Sol. Pisar o mesmo chão e sentir a vibração da poesia emanada pela poeta mais amada. A cor que ela mais amava lembra sangue, sangue lembra vida. Um arco-íris vai clareando dentro de mim: damasco, âmbar, nacar, pêssego, pérola...
As cores sempre tocaram minha alma como mão que tange um violino gitano. O poeta Michel Sleiman escreveu esta poesia quando leu meu livro - A última chuva:
um azul todo água
verde mate à tarde
laranja abóbada
amarelo bandeira
ocre telhado
branco toalha
marrom preta amada
vermelho
cores de almodóvar em voz de adriana
outras de bárbara lia
pastel vibrado nas cordas
fluido de miragens
a ex-surgir paragens
sonha: o homem é aquarela
pinta: arco-íris da concórdia
em vaso
de flor
ou sanitário
e entre as frestas da veneziana
ar menestrel
o dia
Michel Sleiman