Friday, February 03, 2012
Deus guarde o lobo atrás do qual nenhum cão corre latindo - Ted Hughes
Sylvia in Paris, 1956
(Gordon Lameyer)"
Lá você o achou - o mistério do ódio.
Após bilhões de anos na matéria anônima.
Lá você foi achada e logo odiada.
Você tentou tanto alcançar essas pessoas, tocá-las, dar-se a elas -
Tal como suas primeiras palavras na infância,
Quando você corria para cada visita que entrava
E abraçava-lhe as pernas, dizendo: "Meu amor! Meu amor!"
Tal como você dançava para seu pai
Na casa da raiva - dando sua vida
Para adoçar-lhe a morte lenta e misturar-se a ela
Quando ele jazia no sofá, sobre as almofadas,
Açucarando-lhe o amargor da morte fera.
Você buscou a si para seguir se dando
Como se após o ocaso da morte dele
Você continuasse a dançar na casa escura,
Aos oito anos, coberta de ouropéis.
Buscando-se a si própria no escuro, a dançar,
Desajeitada, chorando baixinho,
Como quem procura um afogado
Em água escura,
E tenta ouvir-lhe a voz - com pavor de perder
Alguns segundos de busca no esforço de escutar -
Depois dançando com mais fúria no silêncio.
Os acadêmicos levantaram as cabeças. Pelo visto
Você estava perturbando uma perfeição
Recém-obtida, que eles seguravam com cuidado,
Inteira, até a cola secar. E como quem
Denuncia um crime à polícia,
Informaram-lhe que você não era John Donne;
Isso não lhe importa mais. E os nomes, você ainda lembra deles?
Fizeram questão de lhe deixar claro, a cada dia,
Que desprezavam toda tentativa sua,
E injetavam a bílis deles no seu café matinal,
Como se fosse remédio. Até assinavam
Suas cartas homeopáticas,
Envelopes com vidro cuidadosamente moído
Para pôr atrás de seus olhos e fazê-la ver
Que ninguém queria o seu brilho estranho - sua vida
Desajeitada, a se afogar, e seus esforços para salvar-se.
Nadando em pé, dançando o caos escuro,
Procurando algo para dar -
Tudo o que você achava
Eles bombardeavam com farpas,
Escárnio, lodo - O mistério desse ódio.
TED HUGHES
Cartas de Aniversário
Ed Record
Tradução - Paulo Henriques Brito
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