´´Sempre amarei o tempo das cerejas
É desse tempo que no peito eu guardo
Uma chaga aberta....´´
É desse tempo que no peito eu guardo
Uma chaga aberta....´´
Camille Claudel
Nióbide blésse
À
sombra da noite clara
Latona
no meu encalço
Espectros
da última primavera
O
Rio Loire, um duplo do Aqueloou
Meu
Monte Sípilo é Ville-Èvrard
Onde
endureço carne e alma
Delírios
brancos, visões:
Escunas
leves com velas de vidro
E
tombadilho de pétalas
Estilhaçam
na roupa cinza
Ferem-me,
beijam-me – qual o amor
Meu
ódio espelha o trágico
Anseio
que o mundo petrifique
Qual
Zeus petrificou Tebas
Sonho
com o anjo da restauração
Acordo.
Nada se restaura:
Cama
dura de ferro
Urinol
fétido, trincado
Três
tâmaras secas
Dois
gatos no cio a quebrar
O
silêncio arredio da madrugada
Os
loucos acordam com vislumbres de luz
-
Átimo de lucidez.
Acenam
lenços de seda à Latona fria
Choram
um beija-flor e já no corredor
Vestem
o olhar vazio.
Andam
autômatos como rios mortos
Deságuam
cinzas
No
jardim de Ville-Èvrard.
Bárbara Lia
in Para Camille, com uma flor de pedra
edições 21 gramas