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Meu pai não era meu pai e minha mãe não era minha mãe. Éramos os três bem jovens em uma casa que nunca vi. Luis Serguilha, o poeta de Portugal, veio visitar-me. Em uma grande lanchonete deitamos em um sofá e nos cobrimos. Minha prima Gláucia viu o poeta e ficou paquerando-o, não quis olhar para mim e ignorou que eu estava com ele. Quando ela saiu eu a chamei. Ela teve um chilique e disse que era vergonhoso, nós dois ali, em um lugar público, como um casal. Saímos _ Serguilha e eu _a andar pela cidade e súbito estávamos nadando em um mar verde jade e uma estátua de pássaro passou por nós, levando no dorso dois amantes. Parei para olhar. Serguilha dizia que devíamos continuar e eu fiquei abraçada ao imenso pescoço da ave verde _ de musgo e mar.
Bárbara Lia
9/6/2009