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Desde menina eu levo este mundo debulhado em pele sangrada e urina em minhas costas:
Cheiro de pólvora e crianças putrefatas.
Este mundo viscoso, de óleo raro e mesquitas flamejantes, mantos brancos, negros, azuis, olhos de lince,
olhos de cobra, olhos de harpias, olhos de demônio...
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prosa poética da série: Onde andará Esmeralda Green?
Bárbara Lia
Imagem: Girl in green - William James Glackens
Esmeralda Green?
É mais ou menos assim...
Fragmentos fora da ordem, anotações, poemas, livros inacabados, interrogações. Parte de uma pequena história plasmada para dar sentido ao caos. A Poesia no reino da ficção: Uma velha senhora aluga o sótão para moças solteiras para complementar sua renda parca. Por um tempo, lá viveu uma garota que pintou de verde o sótão, comprou cortinas, lençóis, enfeites verdes. A garota vestia-se de verde, pintava de verde suas unhas e todo o esplendor verde ficou lá quando ela se foi. Na cama ela esqueceu seu caderno de capa verde. Este é o legado de Esmeralda Green, o que restou da garota, entre o verde e o espanto.