Martha Gellhorn (1908 - 1998)
Martha Gellhorn visitou-me nesta madrugada. Com sua voz firme a apontar verdades em uma história de amor enlaçada com a História do Século XX. Martha Gellhorn - Correspondente de Guerra, Livre e Bela. O filme Rodrigo Santoro em um papel que cai feito luva, de um revolucionário espanhol... Poéticas cenas mostram o fotógrafo húngaro - Robert Capa - e as imagens dele congeladas na tela.
Amo o sopro de renovação que chega com estas figuras essenciais. Martha nunca se colocou como apenas uma nota de roda-pé na biografia de Ernest Hemingway. E ela realmente estava à altura dele em sua jornada solitária pelo século, registrando as guerras e nunca abrindo mão de sua liberdade interior. Por cinco anos eles conseguiram algo quase improvável para estas pessoas solares: Viver a paixão em plenitude. Ernest fala sobre isto com Mary, a pessoa com quem ele viveu seus últimos anos de vida - Ela (Mary) era o tipo de mulher que cuida de um homem. Estas - geralmente - encontram maridos. As que não querem cuidar e nem serem cuidadas, vivem como Martha - esporádicas paixões, solidão assumida e a certeza de que construir com suas mãos um caminho - no caso dela, glorioso - vale todo o vazio do leito, da mesa, da sala. E para compensar, Deus sempre coloca um vulcão na vida destas mulheres. Estes que perpetuam - não pelo tempo de vivência - mas, pela força da experiência, do amor sem limites, da entrega extrema e do enriquecimento mútuo, que vale a pena, sempre vale a pena.