5 Dias para morrer
para Hector Babenco
morreremos loucos, Ana
os sapatos
novos
em cima da mala
— mala notte
o dia, a pior
foto: olhos úmidos
no vídeo
flashbacks:
a virilha imunda
do marinheiro
os eletrodos frios
nas têmporas
as pílulas coloridas
peixes
num aquário
cujo vidro
quase se quebra
toda vez
que o tocamos
sim, Ana
morreremos loucos
mas
esta noite
dormiremos
juntos
morreremos loucos
mas
esta noite
dormiremos
juntos
Ademir Assunção
“Doce como o massacre de sóis”
(Emily Dickinson)
(Emily Dickinson)
Oito canhões na praça de guerra
Apontam para o peixe
Que traz a paz nas guelras
Apontam para o peixe
Que traz a paz nas guelras
Quatro gaivotas suicidas
Lambem o babado azulado
Do triste mar-flamenco
Lambem o babado azulado
Do triste mar-flamenco
Lembro um filme de Babenco:
Ana e o vôo
Mariposas no quarto lúgubre
Suas mãos em concha
A esmagar a eternidade insalubre
Mariposas no quarto lúgubre
Suas mãos em concha
A esmagar a eternidade insalubre
Bárbara Lia
do livro - A flor dentro da árvore
do livro - A flor dentro da árvore
Mínima homenagem ao diretor de cinema argentino que faleceu ontem.
Héctor Eduardo Babenco (Mar del Plata, 7 de fevereiro de 1946 - São Paulo, 13 de julho de 2016)
Gosto imensamente deste poema do Ademir Assunção, em dois momento o poema dele e o meu dialogam com a personagem Ana do filme - Coração Iluminado. Gracias Babenco, Descanse em paz.