Tuesday, September 04, 2007

NOIR




















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BARCO DE LIA NO RIO DE CORA


No escuro escrevo como quem
adora
teu olhar que o passado inteiro
descora.
Zero duplicado em infinito
ancora
- istmo - o oceano dos medos
deflora,
rasga em amor, imprime a tatuagem
canora.
Seres do Olimpo a ressuscitar
Pandora.
Amor - linha e linho - como Gil e
Flora.
Teu, meu corpo banhado em tesão na
aurora.
Teus, meus versos banhados no rio de
Cora.

Bárbara Lia



TEXTO CRIATIVO SOBRE ´´NOIR´´ DE BARBARA LIA
A Sonoridade dos tigres das metáforas mobilizam as homenagens solares e a Barbara encaminha as linfas dos elementos energéticos até à desvairada obscuridade das criptas. As palavras como cordas expansíveis desencarceram os pássaros loucos da sua interioridade. NOIR símbolo da febre submarina e dos silêncios das escamas incandescentes que flutuam sobre as abóbadas da angústia e do medo. NOIR PALAVRA INESGOTÁVEL tentando completar a Barbara em sucessivos renascimentos. O lugar inaugural da catarse canta a solidão da rebeldia e transpõe a diminuição dos abismos como a verdadeira arte da mudança. Barbara restaura os magnetismos das palavras para iluminar a decisão primordial do desejo, libertando o silêncio e a vida absoluta porque quer a manifestação sensual na incorruptibilidade do ser.
Barbara diz ´´que é a palavra´´, ou o vivo movimento das origens das suas impulsões plenas de mistérios e de metamorfoses poéticas, revelando regeneradoramente o jogo erótico onde os astros soltam as línguas infindáveis. Os vestuários das inflexões atravessam os instantes do cromatismo das feridas, este circulo de crisálidas alucinantes que BARBARA encandeia com a violência dos seus ecos, com o naufrágio da claridade dos ritmos, com o sal-húmus das gargantas dos cenários.
As imagens ampliadas dos corpos fluem através das mandíbulas líquidas que proliferam sobre os acordes inatacáveis deste livro, porque a Barbara modela-se a si própria entre as unânimes correspondências: aqui a reciprocidade das vibrações forma os cavalos dos limites onde as loucas marchas despertam os halos do pulsar erótico.
A performance da palavra explora o bálsamo perfeito e descodifica a arqueologia dos sentidos. Barbara explora a jubilação da folhagem humana, desenha a efervescência da comunicação para consumar o ciclone paradisíaco ou a loucura da graça do absurdo .
O balanço afrodisíaco e vegetal sopra sobre os espelhos enunciadores da andadura dos signos onde a gigantesca luz do amor é sempre trágica e incompreendida.
O olhar de NOIR abre o ancoradouro solar e tropeça nas árvores cósmicas como um corpo secreto a alimentar as coordenadas criadoras doutro corpo, porque quer abraçar livremente o mundo.
A musicalidade ramifica a navegação da génese das palavras e eleva a Barbara a uma paisagem de fantasia. O sofrimento humano interroga as fugas inextinguíveis como uma constelação de aprendizagens sobre obstáculos permanentes.
NOIR procura profundamente a respiração visual do desejo, relembrando Ramos Rosa ´´ que não pode adiar o amor para outro século ainda que o grito sufoque a garganta´´.
LUIS SERGUILHA
Nasceu em Vila Nova de Famalicão - Portugal, em 19 de 1bril de 1.966, Já foi arqueólogo da época Castreja e agora é arqueólogo das palavras. Publicou - por várias editoras - os livros: O périplo do Cacho, O externo tatuado da visão, O murmúrio livre do pássaro, Lorosa’e - Boca de Sândalo,
Embarcações, A singradura do Capinador, O outro, Entre nós (narrativa)

La nave va...

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