Monday, January 12, 2009

momento elegíaco


Amanhã - um ano da morte da poeta Bia de Luna.
Uma mínima homenagem.



Alguma poesia dela:
.

Não estou mais triste
tenho arroz
feijão
e alpiste
.
*

De tudo restou
Uma solidão amarga
E corrosiva.
Poro a Poro.

-E é quando suor e lágrimas
Se encontram numa pororoca
Larga e amiga que
A saudade bate.
Choro.

.

PALAVRAS CRUZADAS
.
Palavras urgentes
Transbordando a urgência
De um mergulho
Da lucidez o transporte.
- Palavras que açoitaram até a
exaustão do momento.
despertando as extremidades e
aquecendo as eternidades
translúcidas.
.
BIA de LUNA - In: "CLIVAGENS"

momento imaginado


Meu momento imaginado de 2.008 é lindo. Eu imaginei um recital. Bem ali, ao lado da Maria Fumaça antiga do Shopping Estação. Eu pensava lembrar Ana C no mês de sua morte. Imaginei uma apresentação de Luvas de Pelica - com direito a cartões postais, malas e até mesmo luvas de pelica. Um recital imaginado. A poesia de Ana C escorrendo pelos trilhos, arrepiando os ferros e as calçadas, na voz suave da Lu Cañete, talvez... Pensei isto uma única vez, mas, foi um pensamento tão forte que creio que o recital aconteceu em algum lugar. Onde habitam poemas imaginados, suspiros bloqueados e as almas das flores de todas as primaveras.
...
Digamos que um dia você percebesse que o seu único grande amor era uma falácia, um arrepio sem razão. Digamos que você percebesse que 40% de álcool apenas te garantia emoção concentrada como Sopa Knorr, envergonhada, arriscando o telefonema internacional que dá margem a suores contrariando o I Ching que manda que eu me cale, ou diga pouco, ou pelo menos respeite esse silêncio.
Ana Cristina Cesar - do livro Luvas de Pelica

momento árabe

com Michel Sleiman





Na noite de 04 de setembro de 2.006, em solidariedade ao Libano, organizei um recital em Curitiba. Desta noite, creio que a mais gelada daquele ano, guardei a memória do som do alaúde, da presença de alguns amigos e de uma pequena platéia que parou um momento para ouvir os poetas árabes. Foi como uma silenciosa prece em um templo escondido. Convidei os meninos - Adriano Smaniotto e Alexandre França, e ao lado de Michel apresentamos Darwich, Raduan Nassar, Wally Salomão e Adonis... O mundo não quer ouvir o lamento árabe, isto está claro a cada dia. Sei que a nossa noite de solidariedade foi possível graças ao apoio do poeta Michel Sleiman.
Ontem eu pensava em quando vou ler os livros de amigos que tem uma poesia plena e que ainda não lançaram livros - Stella de Resende, Luciana Cañete, Michel Sleiman...


A menos que a abelha bique o sol do girassol


A menos que a abelha bique o sol do girassol

Não saio das colinas de Golan

Ali espio a crista do Monte Líbano

A libar rios de mel da Gehena de Alá

Pela boca dos fuzis do Hisbolá

Arrancados ao colo de Ramala e às tendas de Sidon

Onde Samira cansada de esperar por Samir

Reabre a fenda ao soldado imberbe de Israel

E lhe serve a sicuta em beijos conta-gotas

Enquanto a ONU gorjeia na goela de Kufi Anan

Escoltada pelas bandeiras de um pós-sionismo

Politicamente edulcorado e educado e

Pretensamente viável

E no Brasil Pelé Ronaldos e Kaká

Driblam a auto-imagem do samba no pé

Bola murcha vazando ar de peixe podre da Baía de Guanabara

E meu tio Bechara rala no Kuweit instalando cortinas nas mansões sobre areia

E serve de babá mucamo de bunda de xeiques cagalhões

Em seus Mercedes e Rolls-Royce com maçanetas de ouro e fiações de prata.

Deixem-me deixai-me contar as romãs no colar de Jade e Sulaima

Eu, Salomão desterrado fodido descobiçado.

Michel Sleiman

fonte: Icarabe

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...