Friday, September 27, 2013

Frida e eu





MEU CORPO lembra Frida Kahlo. A marca que impede uma alma livre de ser plena, correr ao encontro de tudo. O congelamento do corpo em uma cama, em um espaço cerzido. Ela _ Frida _ não aceitou e pintou sua realidade com traços de luz/fogo/alfazema/lágrima e amou de um amor irrepreensível e nunca aceitou que o mundo a taxasse de menor ou pequena... Frida sussurra no meu travesseiro a ladainha da rebeldia: Ergue este queixo bonito e pisa as flores da tua escolha, e ama e ama até forjar uma chuva de colibris acima dos abismos. Frida, Frida... Ainda estamos colhendo estas aves azuis com nossas mãos pequenas. Tua liberdade era estrela bastarda _ eterna fagulha no céu _ eu a agarro como quem monta uma égua dilacerada, pretendendo com ela atravessar a agonia do viver. E quando meu corpo esquece que é teu corpo eu contemplo este duplo meu e a minha voz interior diz claramente _ Sou Frida à medula. 

Bárbara Lia _ do livro inédito "A vida é um cão que nos devora começando pelos dedos".

Thursday, September 19, 2013

Homenagem a Vinícius de Moraes _ Cem anos de Poesia - Algumas imagens















Carta ao poeta (Bárbara Lia)

Querido Vinícius...
Uma menina com uma flor
Uma menina do interior
E teus versos a espanar
O épico da minha casa
Tua poesia em brasa
De Amor que tudo alcança
Ah! Poetinha, poeta lindo
Poeta da Pátria minha
Tu me ensinastes a Amar!
Hoje calo a derradeira chama
Que _ cíclica _ derrama
Para falar de exílios, guerra, saudade...
E passear também pelos teus primeiros anos
A criança que um dia todos fomos
E nunca deixamos de ser: Menino e Menina
Poetas a acreditar na beleza
Por isto, atiro aquela rosa antiga da minha cabeceira
E o espanto de saber que _ o amar _ não envelhece
Hoje amo, amo e amo como naquelas manhãs do amor primeiro
E desde então e até aqui...
Também te amo, Vinícius de Moraes...


**
A homenagem ao Vinícius foi _ LINDA!
Estou triste e isto está ali, no meu rosto.
O Público gostou. Isto importa.
E sei que Vinícius também amaria, ver duas poetas a dizer seus versos, a celebrar o fato dele ter nascido há Cem Anos e ter esparramado tanto encanto, tantas canções, tanta poesia. Ser o branco mais negro do Brasil, ser esta figura. Humana.



Tuesday, September 17, 2013

Vinícius!



"Quem pagará o enterro e as flores
se eu me morrer de amores"
Vinícius de Moraes

Monday, September 16, 2013

deux poètes


Imagem _ Rossana Bossù





No princípio a homenagem ao Vinícius ia ser fragmentada em dois tempos _ uma leitura minha e em outro horário, a leitura da Marilda. depois houve esta junção via SESC e foi melhor, ao menos para Bárbara Lia, tímida e longe dos palcos, organizar com alguém com experiência de performance poética, mais ligada à música e teatro que eu. Poesia, quando se trata de leitura em palco, só no útero marginal Porão do Wonka Bar, raramente me apresento em um palco maior. Naquela ocasião que era eu, Deus e Vinícius, eu decidi que não ia ficar falando do Vinícius boêmio e cheio de mulheres, ia falar de outros temas. E havia escolhido um título pra nossas poesias _ Dois Poetas no Front. Esta imagem e este vestido esvoaçante, o pássaro azul, a memória. Tudo me envolveu ontem e criei esta imagem de nós dois _ lembrando o verão passado, quando estava com um vestido branco e leve e levava meu neto pela mão para brincar no parque. Quando ele percebeu que meu vestido estava alucinado ao vento ele disse _ Vó, teu vestido quer fugir... Se for para fugir e voar, que seja com o pássaro azul da Poesia!

Wednesday, September 11, 2013

O grito tornado silêncio _ Fontela





“Reclamam, porque eu não falo de amor. Mas então não leram Homero... Eu quis chegar no miolo das coisas. Já fiz duas leituras para auditório de jovens e eles gostaram muito. Isso me deixa reconfortada. Mas, infelizmente, nossos especialistas ainda têm uma visão muito olímpica da poesia. (...) Mas é a velha história: é melhor que falem mal, mas falem de mim. Eu preciso de dinheiro para viver. Minha vida é um retrato da vida dos aposentados do Brasil. E a vida dos poetas no País. Eu queria ser mais enxuta, queria escrever poemas exemplares à moda de Brecht. Sei que não agrada, porque a moda hoje é o barroquismo. A moda é escrever como o Alexei Bueno. A moda é ser difícil. É um fenômeno sociológico e não adianta discutir com os fatos da sociologia. Não quero ir contra ninguém, só quero escrever meus poemas. (...) Eu sou pequena, pobre mulher que escreve uma poesia boa, mas, coitada, não é do meio. Não tenho família, não tenho bens, não freqüento os lugares chiques. É como se eu estivesse invadindo o Olimpo.”
Orides Fontela

Friday, September 06, 2013

Só uma dorzinha...


Imagem _ Remédios Varo






SÓ UMA DORZINHA 
(poema para Bárbara Lia)

Ontem estava com dor de cabeça
Anteontem estava com dor de cabeça
Hoje estou com dor de cabeça

Anteontem estava com dor de cabeça
por ter dormido pouco

Ontem estava com dor de cabeça
por não ter dormido nada

Hoje estou com dor de cabeça
por ter dormido demais

Caro leitor, nessa situação,
o que a gente faz?

Já tomei, entre aspas, várias “aspirinas”
E diversos sedilax

Mas a dor continua
E não é uma coisa
só da minha cabeça

Ah, poetas e professores de literatura
antes que me esqueça:

Isso não é um poema
tampouco é o fim do meu lirismo
ou o começo de qualquer outra doença

Esses versos são apenas o que são
como o osso é músculo
e a carne é sangue
e o sangue é pulmão

É, talvez esse poema não seja
o que você pensa...

Só sei que ainda serei pra vocês:
aqueles versos resistentes à qualquer analgésico
e
uma bela dor de cabeça

Fernando Koproski
6/setembro/2013



Thursday, September 05, 2013

Fantasma Civil _ A Poesia na Bienal Internacional de Curitiba



http://www.bienaldecuritiba.com.br/literatura


Este ano, a Bienal Internacional de Curitiba resolveu inovar trazendo outros tipos de manifestação artística para o espaço público. Além de expor obras nas ruas e realizar performances, haverá uma série de atividades de cunho literário. 

Segundo o curador Ricardo Corona, “buscamos um diálogo afetivo com a cidade seja através da antologia Fantasma Civil, dos textos do Dalton Trevisan ou de projeções e instalações sonoras.”

Fantasma Civil
Reúne 42 poetas brasileiros numa antologia que será lida em linhas de ônibus e travessias de lago. A publicação é constituída de folhas soltas com imagens e poemas selecionados em função de lembrarem alguns lugares da cidade, algo como uma memória poética de Curitiba que tem projeto gráfico de Eliana Borges. Uma das linhas de transporte coletivo, por exemplo, é a Linha Turismo que tem duas opções de roteiro: uma partindo às 15h da Praça Tiradentes e outra às 16h30 partindo do Museu Oscar Niemeyer.

A leitura também será feita em travessias em um barco no lago do Passeio Público. Em horários pré-estabelecidos, os participantes embarcam em duplas para um trajeto onde serão ouvidos estes poemas. Além disso, a publicação estará disponível gratuitamente nas Tubotecas.






Wednesday, September 04, 2013

Elas (se) leem Vinícius _ 19/09 - Bárbara Lia e Marilda Confortin

Calçada de Ipanema _ agosto/2012 _ caminhar com Vinícius



Carta ao Vini,


Querido poeta...
Uma menina com uma flor
Uma menina no interior
E eram teus versos a espanar
O épico da minha casa
A tua poesia em brasa
De amor que tudo alcança
E agora dizem que amo demais
Ah! Poetinha, poeta lindo
Poeta da Pátria minha
Que bom que tu me ensinastes
A amar demais!
Nunca deixamos de ser
Menino e Menina
Poetas a acreditar na beleza
Atiro aquela rosa da cabeceira
E o espanto de saber que amor não envelhece
Hoje amo e amo como naquelas manhãs
Em que embalastes com estas maravilhas
O amor primeiro
Eu também te amo Vinícius de Moraes...

Bárbara Lia


Link para nosso evento dentro da Semana Literária do SESC

http://www.sescpr.com.br/semanaliteraria/evento/poesia-publica-4/



La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...