Sunday, November 26, 2006

PRIMAVERA DESFOLHADA




p/Clifton Giovanini

De uma ponte de suicidas
surgiu o nome do poeta,
que na Ilha do Mel
filosofou com astros
e na minha sala
derramava o século XIX
- cartola e fraque
e sorriso maroto -
Sempre trazia chocolate
e uma dama à tiracolo,
histórias de noites
vagando entre túmulos
(hobby à la Jorge Mautner),
e planos de rasgar o sul
nos trilhos.

Longe, escreve fumando narguilé,
batucando a velha Olivetti,
diante da catedral gótica.
Meu amigo medieval,
ponte de ternura rara,
exilado em um lugar
onde a neve cai ao sol.
Onde ele não esquece
nosso carinho repartido.
Agora, vai descrever
as pedras da catedral
com ternura embriagada,
breve, vai ultrapassar
a soleira em luz,
garrafa de vinho
em uma das mãos,
uma chama de vidro
no coração
e no rastro
uma primavera desfolhada.
BÁRBARA LIA

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