Thursday, October 24, 2013

"desaparecer não é para qualquer um"




Marcos Prado tem razão _ Desaparecer não é para qualquer um _
Vou desaparecer por um tempo. Mergulhar no ócio criativo e escrever.
Antes, quero publicar os links de matérias bem lindas sobre a Antologia _ Fantasma Civil.
No Programa  _ Noites Curitibanas _ Michelle Pucci conversa com Sabrina Lopes e Ivan Justen Santana:



Na TV da Prefeitura Municipal de Curitiba _ A Arte toma conta da cidade




Paraíso de Pedras _ Paradiso _ Curitiba



Os poemas da Antologia _ Fantasma Civil _ o mergulho na cidade, evocou o meu mais recente livro _ Paraísos de Pedra _ onde a primeira parte tem como cenário Curitiba. Minha narrativa em prosa poética que permeia os contos de _ Paradiso:

"O palco tosco da sala da Universidade destoava da modernidade cilíndrica e asséptica da minha Curitiba. Sala antiga, prédio antigo, o professor de Antropologia valia a cena. Quando subia ao palco e improvisava paraísos eu viajava entre as tribos aborígenes _ homens de rostos adornados de branco. êxtase." (Página 17)

"A água não jorra, neste fim de tarde, do símbolo fálico do chafariz do Largo da Ordem. Um cavalo que baba (goza?)... O que secou? O sêmen ou a lágrima? Muito estranho esse cara que fala com o mármore com intimidade de amigo. A água parada, a vida parada, o homem descalço a conversar com as pedras e eu a esperar o amigo..." (Página 21)

"Em todos os invernos provarei o gosto do céu olhando o voo das pombas sentindo o aroma de seus cabelos espalhados.
E um sopro suave à saída do Café Express me trará esta certeza: dela ao meu lado espalhando anis no ar com a ternura dos naufragados." (Página 32)

"Aqui teu cravo branco, amor! Quando coloco os pés na banca do Mercado das Flores a moça me estende tua flor. Nossa flor. Nem preciso dizer nada. É o ritual das visitas das terças" (Página 33)

"O nosso corredor lírico era uma rua de pedestres. A recém-inaugurada Rua XV. No caminho para o apartamento de Mariah nossa parada era na Confeitaria das Famílias para comer uma bomba de chocolate e tomar um chocolate quente. 
Na cidade do nosso desabrochar existe _ a cada dia _ o ritmo das estações. Quatro estações em um só dia."(Página 38)


Bárbara Lia _ Paraísos de Pedra _ Editora Penalux - Selo Castiçal

Saturday, October 19, 2013

Pra não dizer que nunca falei em Deus...




Menina com bandolim _ Picasso





As pessoas buscam Deus. As religiões o usam. A sociedade ampara-se em dogmas similares para que as Instituições controlem. No fundo de todo homem existe o Fantasma do medo plantado por mãe, pai, padres, pastores... Criamos um mundo de medo, ao invés de um mundo de amor. Não amor no sentido pequeno e humano de querer ser amado, do receber e receber sem a parte mais plena e libertadora que é o _ dar. Sempre voei para os espaços vazios e quintais. Queria acompanhar as formigas no chão, as borboletas no ar... Pois aos que foi dado o direito de viver sem questionar, basta seguir o ritmo natural. Se eu sou hippie? Não. Nova era? Jamais. Vegana? Também não. Então, quando os homens começaram a classificar, incluíram este ranço que se volta contra quem vive, ama e pensa como bicho e flor... Que acordam e preferem o canto do pássaro que o noticiário tão igual. Quem duvida que vivemos o _ Admirável Mundo Novo _ eu que insisto em correr em busca da minha mãe natural (metáfora da criação), não encontro lugar. Tenho pena dos que se contentam com uma religião, ou a busca dela. Deus não está nas religiões. Nada nos faz mais humanos e menos nocivos do que apenas seguir o grito natural daquilo que nos colocou aqui... E isto nem significa família. Significa este fio que segue plantado dentro de cada um. A própria voz, o simulacro da beleza do único amor que importa está lá, desde o Big Bang. Então, desculpem os que vivem com os sermões a apontar a sujeira do sexo, a falta de senso em ter um deus Mamom... Desculpe se eu não creio mais em legados, livros sagrados... Eles ergueram os maiores muros em todos os tempos. Iniciaram e prolongaram as mais sangrentas guerras... Desculpem os crentes, os dementes que se acham crentes, os que acham que humanidade é classificar, julgar, apontar, tentar consertar... Tem um paraíso escondido dentro de cada um... E isto eu penso há muito, bem antes de me saber poeta. Querem um mundo melhor: Amem. E esqueçam Deus. Aliás, ele está saturado de ser usado para coisas pequenas. Ame! Ame! e Ame!... Só assim vale a pena, e ganhar ou perder, não importa... Estar certo ou errado, muito menos... E se me perguntarem o que é o amor, então, já estão pedindo demais... Tire os sapatos, fique nu de pele e ossos, cerre os olhos e caminhe, caminhe, caminhe e quem sabe o amor venha ao teu encontro...

Bárbara Lia, primavera de 2013

Thursday, October 17, 2013

Cartões Galantes - Exposição - Castelinho do Alto da Bronze - Porto Alegre

Minha Poesia na Exposição _ Cartões Galantes:







Mais um lindo projeto _ Curadoria Sandra Santos
Meu coração em Porto Alegre neste final de semana... em um do cartões galantes:



Cartões Galantes - exposição

Quando? dia 19/20 - dia do poeta
Onde? Castelinho do Alto da Bronze


Alexandre Brito, Ademir Demarchi, Bárbara Lia, Betty Vidigal, Caio Ritter, César Pereira, Edson Bueno de Camargo, Edson Cruz, E. M. de Melo e Castro, Gilberto Wallace, José Geraldo Néres, José Inácio Vieira de Melo, Juliana Meira, Laís Chaffe, Lau Siqueira, Leila Miccolís, Lúcia Santos, Luis Turiba, Mara Faturi, Marcelo Moraes Caetano, Marco Cremasco, Mario Pirata, Manoel Herzog, Nydia Bonetti, Paulo Seben, Ricardo Portugal, Ricardo Silvestrin, Renato Mattos Motta, Romério Rômulo Campos Valadares, Rubens Jardim, Salgado Maranhão, Sandra Santos, Sidnei Schneider, Tchello d'Barros, Tulio Henrique Pereira.

(Cartão de galanteio encontrado num livro que pertencia ao escritor gaúcho Othelo Rodrigues Rosa, inspirou Sandra Santos que criou a exposição utilizando versos atuais dos poetas acima)

Wednesday, October 16, 2013

Lançamento da antologia poética "Fantasma Civil"


Fantasma Civil
(Curitiba: Editora Medusa, 2013)
Bienal Internacional de Curitiba
90 páginas
Org. Ricardo Corona
Distribuição gratuita


Convido meus amigos para o lançamento da Antologia e a apresentação dos poemas por alguns poetas presentes. Vou até lá e vou ler um poema que fala sobre a chuva, minha memória poética-afetiva sempre presente nesta cidade líquida e vaporosa e gostosa e etc. e etc.




21/10

Lançamento da antologia poética "Fantasma Civil"
17h, no Palacete Wolf
Praça Garibaldi, 7 - Setor Histórico



A antologia Fantasma civil, organizada pelo poeta Ricardo Corona para a Bienal Internacional de Curitiba 2013, da qual é curador convidado, reúne 42 poemas de 42 autores brasileiros que mantêm alguma afinidade com a cidade. O conjunto de poemas acessa lugares de Curitiba, propondo-se a uma cartografia sensível da cidade. Com projeto gráfico da artista visual Eliana Borges, a publicação é composta de folhas soltas acondicionadas em uma caixa. Cada folha-página traz impressa, além do poema, a imagem que este menciona e, conjuntamente, poema e imagem, lembram afetivamente estes lugares da cidade. Trata-se, portanto, de um livro-objeto que se relaciona com “a cidade por meio destas estruturas dissipativas que são os poemas e as imagens (...). A partir de sensações de lugares e espaços que arquivam tanto sensorialidades imemoriais como lembranças individuais e, sobretudo, rastros-resíduos da cidade deslembrada – lugares que são devires antes mesmo de os poemas e as imagens se estruturarem para evocá-los”, conforme anota o organizador no prefácio do livro.


É importante dizer que o livro Fantasma civil, com suas páginas soltas, desdobra-se em duas outras ações poéticas: leituras criativas em trajetos de ônibus e travessias de barco. Além disso, a publicação estará disponível nas Tubotecas para que o cidadão que vive a cidade tenha acesso a essa memória poético-afetiva

Tuesday, October 15, 2013

Leitura afetiva dos poemas da Antologia _ Fantasma Civil


No dia 19 de outubro (sábado), as declamadoras Maria de Jesus (79 anos) e Wanda Bondan (74 anos), oferecerão às pessoas que estiverem no Passeio Público leituras de poemas durante trajetos de barco. Os poemas são da antologia Fantasma civil e essa ação é, sobretudo, um gesto poético que se oferece à cidade pela fala do coração destas mulheres.

Local: Passeio Público
Data: 19 de outubro (sábado)
Horário:
Manhã: das 9h às 11h
Tarde: das 14h às 17h

Leitura afetiva dos poemas da antologia Fantasma civil
Declamadoras: Maria de Jesus e Wanda Bandan
Participação gratuita.

...

A antologia Fantasma civil, organizada pelo poeta Ricardo Corona para a Bienal Internacional de Curitiba 2013, da qual é curador convidado, reúne 42 poemas de 42 autores brasileiros que mantêm alguma afinidade com a cidade. O conjunto de poemas acessa lugares de Curitiba, propondo-se a uma cartografia sensível da cidade.

Sarah Kane




Sarah Kane's Paint

"Fuck you. Fuck you. Fuck you for rejecting
me by never being there, fuck you for
making me feel shit about myself,fuck you
for bleeding the fucking love and life out of
me, fuck my father for fucking up my life for
good and fuck my mother for not leaving
him but most of all, fuck you God for
making me a person who does not exist,
FUCK YOY FUCK YOU FUCK YOU."

- olhos de inverno - Sarah, olhos baixos - partir - ciao,
baby - fazia um frio gigantesco - a cold cold night - ne-
nhum estouro - um desastre da distração - no banheiro
- o fim de uma pétala - a imaginação sob o imfluxo das
circunstâncias de olhar pela janela do apartamento às 6
da tarde de um sábado - de sangue e pus - querendo se
convencer de que tudo está bem - porém, a única coisa
que se quer é um Hershey's e um beijo - falta - a vida a
violentou até o fim _ se seu buquê era violento - acordar
no meio da morte, e desculpar-se pela ausência - muito
sangue, muito - e nenhum - ciao, baby - zopiclone no
apocalipse - sem efeito - seu rosto tem uma palidez rústi-
ca, e sua despedida - você não foi embora de avião -
disse o contrário e deitou-se - ajeitou cadarço até fa-
zer silêncio - o que acontece quando um rouxinol nos
acorda de um amor morto? - ainda hoje - sete lagos -
versos de ninguém - sete léguas - sete lagos - e a
lua branca - ciao, baby - seus lábios com o contrapeso
da ausência da palavra ciranda - as pulsações com toda
a pele de droga e desamor _ 20 de fevereiro de 1999 -
doesn't make sense otherwise - doens't make sense any-
way - o violão acorrentou em seus seis abalos sísmicos
a cisma de uma flor sanguínea - ciao, baby - see you later
- em algum lugar em que eu nunca estive - alegremente
- sempre - nunca - estarei

Fabiano Calixto

Sanguínea _Editora 34 _ Páginas 85/86



***





"eu nunca entendi 
o que é que eu deveria sentir
como um pássaro voando num céu inchado
minha mente é rasgada por um relâmpago
quando ela voa fugindo do trovão"
Sarah Kane/


Olhos alagados de neve negra 
- Nunca abra a cortina!
A não ser para meu espírito fugir
Às 04:48 - a hora feliz
Pensarás em mim do jeito que eu sempre quis?
Para que eu possa sentir a felicidade estagnada
Qual aquela de quem está em estado de coma?
(sentar nos degraus enquanto tomas banho
passar a maquina suas cartas
ir ao Florent beber café à meia-noite)
A verdade das baratas
A falsidade da luz
O convite sincero dos trilhos do trem
Escotilhas abertas: 
Felicidade saia deste estado de coma!
(dar-te girassóis
desintegrar-me quando ris
querer aquilo que queres)

Bárbara Lia
- as palavras entre parênteses são de Sarah Kane.

La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...