
O pai abrindo a cripta pequena
-branca-
apoiada em seus joelhos
no terceiro degrau da escada
escura.
- venham dizer adeus ao irmão!
Pedro nunca entrou na nossa casa;
Pedro nunca saiu do meu coração.
A mãe procurando a tosca cruz.
O coveiro confirmando o despejo.
Pedro virou pedra revirada,
despejados seus ossos,
com mortalha de nuvens e tudo.
A mãe sugada
-olhar de pedra fria-
no redemoinho da certeza
da iniquidade da pobreza.
As estrelinha fraturadas
que me espiam em noites
de êxtase ou de amargura
são ossinhos de Pedro
-o anjo despejado-
Bárbara Lia