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A mãe de Mia Couto rezava
para ele não se tornar poeta.
Nada altera a gênese desta raça,
nem mesmo a reza.
- Bárbara Lia - escrito enquanto via o Mia na Roda-Viva da Tv Cultura.
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Pergunta-me
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunia pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Janeiro 1981
- MIA COUTO - Raiz de Orvalho e outros poemas (Ed. Caminho)
Saturday, May 24, 2008
Patchouli
Mês passado entrei em uma exposição do Boticário lá no Estação Plaza - História do Perfume no Brasil. Agora recebi um lindo presente da minha querida amiga Marina Teixeira, lá de Belém do Pará. A bonequinha de patchouli, e muitos sachês de patchouli. É um tanto distante Belém, mas, vez por outra Belém me visita. Em 2001 trabalhei com Ana Marcelle que é lá do Pará, e fiquei a pensar na alma dos paraenses. Minha madrinha é de lá. Minha Tia Yolanda, que eu não vejo faz muito tempo, pois também vive em distantes terras - Rondônia - Mato Grosso. Tia Yolanda fala macio, uma lady. Vez por outra eu penso nesta doçura do Pará, nas conversas com Ana, voz suave, idem. Belém tem esta poesia delicada, de voz feminina, porte gracioso e agora, um cheiro ardente de Patchouli.
Na exposição que visitei encontrei raridades e copiei em meu caderno uma infinidade de palavras. É de lá também, do Pará, que vem o sabonete Phebo, que minha avó usava, e que impregnava seu quarto daquele perfume inesquecível e inconfundível. Por pura curiosidade, pela forma em que estava descrito o sabonete em uma página de uma revista antiga, daquelas que minha mãe tinha, eu copiei o texto:
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Sabonete Pará
"Diáfano"
À base de pau-rosa é a incomparável criação em que se resumem, num milagre de olencia e delicadêsa, os mírificos aromas, as estranhas essencias, os deliciosos oleos balsamicos da lendaria Selva Amazonica. Sua espuma sobre a péle, frêsca e suave é uma sutil carícia, como um leve sôpro da própria alma de sua inedita fragrancia.
Daí o prestígio com que significa bom gosto e finura, na preferência das pessôas cuja epiderme é expressão de saúde e tratamento, porque traduz, na suavidade do perfume e na exelencia de rigorosa manipulação, propiciatoria de salutar euforia, todos os mistérios aromais da "Terra imatura".
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Terra imatura é pura poesia, fiquei colhendo palavras pelo recinto, que tinha bem mais que o perfume - no Brasil - apenas. Além do famoso Phebo (óleo de pau-rosa, sândalo, cravo e canela), Leite de rosas, Sabonete aristolino... A exposição iniciava lá no antigo Egito, e tinha pequenos frascos de alabastro, um ânfora púnica, um balsamário de vidro de Cartago... Adentrava os segredos de Cleopatra. Passava pela Babilônia. Contava da Perfumaria fundada em 1612 por Catarina de Médici... Poético também é L'heure bleu (guerlain) de 1912...
A hora azul!
Perfume per(através) fumum(fumaça)
Hora azul e perfumada.
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Curtas na cinemateca
Convite da alumiar filmes e Pé em Quadro Filmes para o lançamento do curta metragem “Lavanderia Shermer”
Local: Cinemateca de Curitiba – Rua Carlos Cavalcanti N° 1174
Data: 26 de maio
Horário: 20:00Local: Cinemateca de Curitiba – Rua Carlos Cavalcanti N° 1174
Data: 26 de maio
Entrada Franca
Direção: Wellington Sari
Produção: Alumiar Filmes e Pé em Quadro Filmes
Gênero/Duração: Ficção — 20 minutos
Informações: Diko - (41)8869-7565
Na mesma noite, exibição de curtas da produtora Processo Filmes:
[colorado esporte cluBE], de Fábio Allon.
Cristo, de Adriano Esturilho
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