

(Estes atores potentes que precisavam ser mais aproveitados como protagonistas. Não troco nenhuma beldade na tela por Marcia Gay Harden. A força dela enriquece os filmes, ela lembra Marsha Mason - A garota do Adeus)
Jennings abre a porta da sua vida austera para um casal que está de forma ilegal vivendo em seu país e recupera o - sentido de sua vida - volta à música que ele abandonou quando abandonou o piano e a recupera com o tambor sírio, instrumento que Tarek toca.
Este tema voltou ontem à baila, vi este filme há uns dez dias e ontem no Workshop de Dramaturgia com Chris Dolan e David Ian Neville, o David trouxe a gravação de um capítulo da novela que ele dirigiu lá na Escócia. Novela de Rádio - Broken English - Através de uma garota de 13 anos, cujo pai foi deportado para a Turquia. O capítulo que ouvimos ontem, relata a manhã em que os policiais chegaram e levaram toda a família para um desses centro de detenção onde ficam os imigrantes. Senti saudades das novelas do rádio. Das manhãs em que minha mãe ligava o rádio e todos precisavam ficar quietos no ambiente para que ela ouvisse sua novela. O Direito de Nascer contava a vida de um certo Albertinho Limonta, lá em Santiago - de Cuba. Vez por outra lembro a abertura de uma outra novela, que girava em torno de personagens do circo e cuja fala inicial ficou gravada, depois de uma música dramática circense o locutor dizia - Um facho de luz ilumina a plataforma, todos tem os olhos fixos nele...
Esta nostalgia de primavera, novela no rádio. Lembrar o lugar de onde viemos, o lugar que escolhemos, as escolhas que a vida nos traz, melhor que as nossas, com mais ternura, tecida por uma Mente Benigna, que existe, embora vez por outra - nas tempestades - parece estar adormecida. Na verdade o sopro do caos vem do bem, pra mudar as pessoas, sacudir sua inércia e mostrar onde está a música, os nossos pares, as nossas jóias, a nossa alma.