Friday, November 07, 2008
Romance LXXV ou De Dona Bárbara Heliodora
Há três donzelas sentadas
na verde, imensa campina.
O arroio que passa perto,
com palavra cristalina,
ri-se para Policena,
beija os dedos de Umbelina;
diante da terceira, chora,
porque é Bárbara Heliodora.
Córrego, tu por que sofres,
diante daquela menina?
Semelha o cisne, entre as águas;
na relva, é igual à bonina;
a seus olhos de princesa
o campo em festa se inclina:
vê-la é ver a própria Flora,
pois é Bárbara Heliodora!
(Donzela de tal prosápia,
de graça tão peregrina,
oxalá não merecera
a aflição que lhe destina
a grande estrela funesta
que sua face ilumina.
Fosseis sempre esta de agora,
Dona Bárbara Heliodora!
Mas a sorte é diferente
de tudo que se imagina.
E eu vejo a triste donzela
toda em lágrimas e ruína,
clamando aos céus, em loucura,
sua desditosa sina.
Perde-se quanto se adora,
Dona Bárbara Heliodora!)
Das três donzelas sentadas
naquela verde campina,
ela era a mais excelente,
a mais delicada e fina.
Era o engaste, era a coroa,
era a pedra diamantina...
Rolaram sombras na terra,
como súbita cortina.
Partiu-se a estrela da aurora:
Dona Bárbara Heliodora!
CECÍLIA MEIRELES
- Romanceiro da Inconfidência -
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