Friday, September 30, 2011

poemas esparsos em blocos esquecidos sobre a mesa















francisca woodmann




Procura-se

um pirotécnico
que traga
o oceano
e uma invisível
estrela


Bárbara Lia


p/Murilo Rubião

Thursday, September 29, 2011

poemas esparsos em blocos esquecidos sobre a mesa

*
Não me emociona a crisálida

Já não creio em ressurreições
Já não anseio passagens
Creio no linear
É mais sublime o feio
O triste
Que todos os véus
Das bailarinas do Bolshoi


Bárbara Lia

Friday, September 23, 2011

Retrato da poeta quando menina

desenho - Ane Fiúza



Chá para as borboletas


Janela - espelho meu.
Fragrância de almíscar selvagem
me violenta

Menino com aura violeta.
Jovem com juba desgrenhada.
Velocidade lenta.

Garganta do poço este túnel
cinza, onde trafego dias.

Penso na infância, sombra
dos eucaliptos, recanto secreto

onde eu servia chá às borboletas.

Bárbara Lia
ed. 21gramas/2010

 
Na enquete que realizei aqui neste blog o tema mais votado foi a minha biografia do tempo da  infância. Neste final de ano em que me reconectei com a cidade em que nasci, é um tempo propício para ir em busca da menina que eu fui, e registrar em livro as descobertas e peripécias...
Grata aos que dedicaram um tempo para registrar sua opinião. Aguardem!

primavera

Uma poesia para este dia, Arte com meu poema, que encontrei no blog Alumiações:

Thursday, September 22, 2011

dia mundial sem carro

"Bajaremos del Himalaya en bicicletas
silenciosas y perfumadas, a las doce de la noche"
Vicente Huidobro-Jean Arp

 
 
 

(Piotr Terlecki)





procurei poesias com a palavra bicicleta... segue as que consegui lembrar, ou pescar com olhos de poeta que anda a pé, sempre... mas, vamos deixar os carros em casa, ao menos HOJE!






Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei


Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


Manuel Bandeira (Recife – 1886 – 1968)

*

os eugênios da paisagem


são cinquenta
séculos (ternos)
são você a vida
exposta a resposta
de bosta e meias-
verdades cáusticas
são os eugênios in-
gênuos a ver navios
e derramar guaraná
com soda na memória
é o rabo da tainha
na bicicleta alemã
zunindo adeuses e
beijos escandidos
da corada mãe-íma
moldura carunchada
espectral gigante
de pira olímpica


uma porção se vingou
a outra virou poção
de estupor dormente
                            (para minha mãe Else)
Sylvio Back (Blumenau – (1937 -)

*


Moça de bicicleta


O céu que é mais um mar sobre a cidade
os pés descolando-se do chão
mergulho de um corpo em cores que são ventos
relva relva verde verde
pneus rilhando o saibro úmido
amarelas margaridas brancas


sons que lavam o ar


(O corpo: um sino ouvindo
e repetindo a paisagem)


Francisco Alvim (Araxá – 1938 - )

*

A BICICLETA




O meu marido saiu de casa no dia
25 de Janeiro. Levava uma bicicleta
a pedais, caixa de ferramenta de pedreiro,
vestia calças azuis de zuarte, camisa verde,
blusão cinzento, tipo militar, e calçava
botas de borracha e tinha chapéu cinzento
e levava na bicicleta um saco com uma manta
e uma pele de ovelha, um fogão a petróleo
e uma panela de esmalte azul.
Como não tive mais notícias, espero o pior.


Alexandre O'Neill (Lisboa 1924 – 1986)


Balada das meninas de bicicleta


Meninas de bicicleta
Que fagueiras pedalais
Quero ser vosso poeta!
Ó transitórias estátuas
Esfuziantes de azul
Louras com peles mulatas
Princesas da zona sul:
As vossas jovens figuras
Retesadas nos selins
Me prendem, com serem puras
Em redondilhas afins.
Que lindas são vossas quilhas
Quando as praias abordais!
E as nervosas panturrilhas
Na rotação dos pedais:
Que douradas maravilhas!
Bicicletai, meninada
Aos ventos do Arpoador
Solta a flâmula agitada
Das cabeleiras em flor
Uma correndo à gandaia
Outra com jeito de séria
Mostrando as pernas sem saia
Feitas da mesma matéria.
Permanecei! vós que sois
O que o mundo não tem mais
Juventude de maiôs
Sobre máquinas da paz
Enxames de namoradas
Ao sol de Copacabana
Centauresas transpiradas
Que o leque do mar abana!
A vós o canto que inflama
Os meus trint'anos, meninas
Velozes massas em chama
Explodindo em vitaminas.
Bem haja a vossa saúde
À humanidade inquieta
Vós cuja ardente virtude
Preservais muito amiúde
Com um selim de bicicleta
Vós que levais tantas raças
Nos corpos firmes e crus:
Meninas, soltai as alças
Bicicletai seios nus!
No vosso rastro persiste
O mesmo eterno poeta
Um poeta – essa coisa triste
Escravizada à beleza
Que em vosso rastro persiste,
Levando a sua tristeza
No quadro da bicicleta.


Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro – 1913-1980)

Wednesday, September 21, 2011

coleção 21 gramas




 
Marcelo Ariel integra a coleção 21 gramas com o livro - A segunda morte de Herberto Helder - prefácio de Cláudio Willer. Nos últimos anos teci uma infinidade de livros. Parei de contar quando cheguei a um número de duzentos livros confeccionados, há um ano atrás.
Grata aos poetas e leitores que aderiram ao projeto. Aos amigos que concederam imagens para as capas; Fotos do poeta Isaias Faria (Réquiem) da minha sobrinha Mel Bandeira (Noon). Quadro do artista plástico Rogério Teruz, do Rio de Janeiro (Cigarras no Apocalipse) o desenho do  poeta Felipe Stefani (À sombra de um rio) e de Ane Fuiza (Chá para as borboletas), o quadro da Ana Luisa Kaminski (O lugar do segredo). Tudo isto faz parte de uma história poética que se chama 21 gramas.

Tuesday, September 20, 2011

Valerio Zurlini antecipando a primavera

Claudia Cardinale, Jacques Perrin,



A moça com a valise (1961) . Dando continuidade aos filmes de Valério Zurlini, assisti nesta manhã este filme. Bello!
Na trilha do cineasta Valerio Zurlini, o filme trazClaudia Cardinale, Jacques Perrin, Luciana Angiolillo, Renato Baldini no elenco. Na primeira cena em que aparece,  Jacques Perrin brilha com seu carisma, fiquei pensando - quem é este menino? E fui em busca daquele rosto em outros filmes... O menino que contracena com Cláudia Cardinale é o que interpreta o Totó adulto em Cinema Paradiso. Protagonista de uma das mais belas cenas do cinema. A cena final de Cinema Paradiso.
Viva o cinema italiano!

Monday, September 19, 2011

Livro Leve Livre






Um livro de bolso - adoro! LIVRO LEVE LIVRE com textos dos autores homenageados na Festa Literário de Porto Alegre. Recebi com os meus exemplares da Antologia O Melhor da Festa 3.



Saturday, September 17, 2011

Carlito Azevedo

Uma entrevista de uma lucidez poética que merece ser reproduzida e disseminada:


http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/976746-editar-bem-poesia-e-aceitar-editar-antimercadoria-diz-escritor.shtml


Carlito comenta a recente tendência de novas coleções no mercado brasileiro com ceticismo: para ele, "não se sabe editar poesia no Brasil". Ela saúda o recente investimento da Companhia das Letras em coleções de poesia contemporânea e na aquisição da obra de Carlos Drummond de Andrade, mas vê uma opção conservadora por "uma poesia drummondiana, de qualidade sim, mas não muito inovadora", "nada que vá desestabilizar sua majestade o leitor".


bisavó










Este livro traz pequenas biografias e a genealogia dos moradores de Tibagi que emprestaram seus nomes às ruas da cidade. Minha bisavó era mãe de dois grandes poetas do Paraná - Otávio Camargo e Eleonora de Ângelis (Cristais Sonoros). Irmã da poeta Maria Cândida de Jesus Camargo. Uma mulher a frente do seu tempo. Quando li que ela tinha o mais belo jardim da cidade, além do seu amor aos livros, despertou meu desejo de escrever sobre ela. Estou vivendo no limbo, aquele momento entre um livro e outro livro, quando você fica à procura, sentindo falta de escrever. A poesia é o mistério que brota sem pedir licença. Palavras buriladas ganhando forma e vida. Os romances são os visitantes de corpo e alma, com mala e planos, inquietações. Uma vivência. Os temas descartados nadando ao redor, esperando que eu os pesque. Nestes momentos,  milhões de dúvidas. O que escrever? Que tema vai me puxar para o vórtice do abismo? Anseio ser de novo sugada para o olho do furacão, tão focada em algo, que queima o arroz e a água ferve tanto que só lembro que coloquei água para ferver quando o cheiro de queimado chega até o quarto. É isto. Os dias ficam pequenos, esqueço a fome. Nada mais misterioso que escrever um livro. Entrar em um Universo e viver por um tempo dentro de uma história. Preciso visitar Tibagi, onde meu pai viveu sua infância, conhecer o rio de sua vida, a rua com o nome da bisavó. Revirar o passado e abraçar os ancestrais. Dizer com um nó na garganta - A poesia me trouxe até aqui.

Friday, September 16, 2011

“Dame el ocaso en una copa!”

Velhas estradas bifurcadas

Lentas aparições de fantoches

Nas alamedas do nada


Bárbara Lia
A flor dentro da árvore


Poesia que participou do projeto
CODIGO COLETIVO: projeção de poemas em QR CODE, no Castelinho do Alto da Bronze, Centro Histórico de Porto Alegre. Instalação de Sandra Santos, parceria CIDADE POEMA, Laís Chaffe.

O poema em QR CODE:


Borboletas Negras

Sempre pensei - que leitura meu pai faria da minha poesia? Meu crítico essencial está morto, morreu antes que eu começasse a compor versos. Penso nele como o jardineiro que planta a semente e não está por perto quando floresce o jardim. Lembro nossas conversas longas, ele em sua cadeira de balanço sempre com um livro nas mãos. Nos debates ele aceitava o nascimento de uma louca utópica que acreditava em um mundo igual. Ele acreditava em sua Pátria e seu nacionalismo me assustava. Uma manhã eu disse que -  não fosse menina, não vivesse em uma cidade morta do interior, eu iria aderir às fileiras dos rebeldes nos anos sessenta. Ele me olhou com aquela tristeza peculiar, sabendo que eu seria - sim - um daqueles "terroristas" como ele dizia e disse como quem sabe que a filha tem vontade própria desde pequenina e ficou repetindo - eu sei, eu sei, eu sei... Por esta estranha vivência com este poeta, no tempo em que nós dois éramos poetas sem palavras. Ele nunca escreveu poesias, e eu ainda não havia começado a pingar a alma no papel. Por esta memória renitente, quero ver este filme - Borboletas Negras. É isto que são as mulheres poetas, não é mesmo? Liberdade que assusta.

 

O filme conta a trajetória da poetisa sul-africana Ingrid Jonker que lutou, sem apoio de seu pai que era responsável pela censura do que era publicado na época, contra a desigualdade racial em pleno Apartheid, e que após sua morte teve seu poema "The Dead Child of Nyanga" lido e apontado por Nelson Mandela como um poema de uma das melhores poetisas sul-africanas em seu primeiro discurso ao Parlamento Sul-Africano. 

 

The child is not dead by Ingrid Jonker

 

The child is not dead

The child lifts his fists against his mother
Who shouts Afrika ! shouts the breath
Of freedom and the veld
In the locations of the cordoned heart

The child lifts his fists against his father
in the march of the generations
who shouts Afrika ! shout the breath
of righteousness and blood
in the streets of his embattled pride

The child is not dead not at Langa nor at Nyanga
not at Orlando nor at Sharpeville
nor at the police station at Philippi
where he lies with a bullet through his brain

The child is the dark shadow of the soldiers
on guard with rifles Saracens and batons
the child is present at all assemblies and law-givings
the child peers through the windows of houses and into the hearts of mothers
this child who just wanted to play in the sun at Nyanga is everywhere
the child grown to a man treks through all Africa

the child grown into a giant journeys through the whole world
Without a pass



Wednesday, September 14, 2011

La prima notte di quiete


A primeira noite de tranquilidade (1972).
Tarde fria, torta de maçã e Alain Delon. Perfeito!
Não sabia da existência de Valerio Zurlini, diretor e roteirista italiano. Não sabia da existência desta obra prima, com toques de melancolia existencialista. Evocou os dezessete (volver a los 17) no tempo em que era preciso mostrar a carteira de identidade na portaria do cinema. Uma noite matamos aula para ir ao cinema. O filme era proibido para menores de 18 anos. O porteiro deixou que eu entrasse e barrou minha irmã mais velha, eu era mais alta que minha irmã que já tinha 18 anos. Ela estava sem documentos para provar sua idade. Bons tempos. Este filme evocou isto, um tempo.  Alain Delon é o professor de Literatura. Angustiado e misterioso, apaixona-se pela aluna que tem nome de livro de Stendhal - Vanina. O ápice do filme no título - Só a morte traz a certeza de tranquilidade. Gosto de poetas fora do papel. Compositores poetas feito Chopin, cineastas poetas como Valerio Zurlini. Uma cidade/poesia - Rimini. Uma bela tarde para gravar o gosto do pecado - torta de maçã - matar a saudade de um ator guardado na penteadeira da memória.


We only said goodbye with words






We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to.....

a festa da poesia


Assai - minha terra natal - as professoras Maria Zélia Bezerra Lopes e Rosana Torquato Galassi ladeando os alunos no dia do desfile da Independência

POESIA PARA LER EM SALA DE AULA

detalhes dos projetos de incentivo à leitura em andamento em minha cidade natal:

A lentidão das palavras do arcanjo ao acordá-la



Trinta e dois ventos
    da rosa dos ventos
Vinte e um gramas
    do peso da alma
Oito países
    a comandar a Terra
UM Deus louco
    pelas ruas bombardeadas

Bárbara Lia
Antologia Prêmio Ufes Literatura
Edufes/2010
pg.11

O que é poesia?



O QUE É POESIA?
Edson Cruz (organização)

 
 
 
 
O que é poesia para você?

A poesia é meu ar. Minha forma de expressão. Meu jeito de dizer e narrar e questionar e transformar a realidade ao redor e assim alumbrar almas...

Bárbara Lia
pg. 29

Antologia H2Horas


Deixo meu violão


para a balconista da padaria.

A erva benta

para a velha do sobrado.

A chaleira

que chia Villa-Lobos

para Frei Gustavo,

que costura almas

nas manhãs de quarta.

O livro de poesia

de Augusto dos Anjos,

para o cobrador do expresso 022.



Bárbara Lia
PG.10
H2Horas
Cronópios / Dulcinéia Catadora

O melhor da festa 3





Dans  l'air



Tínhamos a mesma idade
Quando vimos o mar
Este mistério de impaciência
Tínhamos a mesma impaciência
– Rimbaud e eu –

Por isto
Pisamos telhados
Ao invés do chão

Por isto
Machucamos nossos amores
Com nossas próprias mãos

Por isto
As velas acabam na madrugada
Antes que o poema acabe

- Por isto, tão pouca a vida para tanta voracidade.

Bárbara Lia
O melhor da festa 3
pg.  44

Tuesday, September 13, 2011

tem um pássaro cantando dentro de mim

HesperidesEdward Burne-Jones





Jardim do Caos

IV





Homem Vitruviano de Leonardo
Tecido nas linhas finas da mão
Cinco pontas estiradas e a
Eternidade traçada no chão

Livres mulheres assinaladas
Atiradas ao reles jardim
Das harpias descarnadas
- feras sem dentes
que devoram inocentes -

Alguma razão que as estrelas guardam:
As mulheres de rara estirpe – livres -
São alvos de feras. Sempre acossadas
Por harpias que não iluminam nada.

Bárbara Lia
tem um pássaro cantando dentro de mim
pg. 41

tem um pássaro cantando dentro de mim


Abderrahmane Chaouane (Argélia, 1958)





O poeta entra na morte

Como quem toma um trem
Atravessa um túnel
Em uma lenta viagem
No escuro

O poeta entra na morte
E deixa para trás a estação

- Memória -

É aí que começa sua história.

Bárbara Lia
tem um pássaro cantando dentro de mim
pg. 24



Wednesday, September 07, 2011

Homenagem da Terra Natal




Assaí - nasci nesta cidade exatamente um ano após o suicídio de Getúlio Vargas. Vivi apenas 3 anos na minha cidade natal, que hoje lembrou meu nome e me levou de volta para um lugar que tem este portal lindo...




MEIA ELIPSE ENCANTADA


Assai = amanhecer.
Aurora de algodão.
Ecos do tiro de Vargas.
Agosto hostil.

Percorro a linha elíptica
Aurora – Poente.
Sonhos & Sons.
Êxtase.
Cimitarras na carne.
Dança em etnas-lençóis.
Olhos plenos de orvalhos.
Agonia.
Paz.

Não temo o poente.
É quando a luz se espalha.
A terra se agasalha.
Aceno lenços-poemas
Na despedida.
Um sorriso-açucena.
Visto o luar.
Entro na noite branca
Meio ao aplauso das estrelas.

BÁRBARA LIA

(O sal das rosas
Lumme editor - 2007)

A Professora Maria Zélia que está a todo vapor com o projeto de leitura no Colégio Barão, em Assaí, escreveu para contar que neste dia 07 de Setembro os poetas nascido em Assaí vão ser homenageados no Desfile do Dia da Independência.
Espero que ela envie alguma imagem do desfile com esta homenagem que me deixa MUITO FELIZ.
Prometo publicar, sinto meu pai não estar mais neste mundo para compartilhar a Poesia e os Frutos. Ele que tanto amava Poesia.
De todas as notícias que ela envia, o mais poético é saber que os alunos estão lendo Poesia e conhecendo os poetas de sua terra natal. Esta aproximação que ela cita na reportagem, quando as crianças descobrem os poetas que vivem ao lado, ou nasceram ali - “há poetas próximos da gente e de nossa cidade”.
O site Revelia entrevistou as Professoras que desenvolvem vários projetos dentro do Colégio Barão, para ler a matéria - Colégio Barão vai mostrar poetas da cidade no 7 de Setembro:



http://www.revelia.com.br/?pagina=posts&id=1510&tipo=Notícias


as fotos do desfile em Assaí...
se eu estivesse lá ia tirar uma foto ao lado daquela garota bonita que leva o nome desta poeta:






Professoras do Colégio Barão

Professora Rosana Galassi e seu marido


Diretora do Colégio Barão - Edná (de verde)

Tuesday, September 06, 2011

Diana através dos ramos - Ricardo Reis






Diana através dos ramos
Espreita a vinda de Endymion
Endymion que nunca vem,
Endymion, Endymion,
Lá longe na floresta…
E a sua voz chamando
Exclama através dos ramos
Endymion, Endymion…

Assim choram os deuses…

A segunda morte de Herberto Helder







"nossas mães nascendo em campos de silêncios
onde é longo o sonho
onde nos sentamos como um nevoeiro,
ao sabermos do nítido momento da nossa morte,
a criança-relâmpago
tenta em vão
despertar o fogo na água."

A segunda morte de Herberto Helder - Marcelo Ariel
21 gramas/2011 - pg. 13





'O presente volume evidencia, portanto, aquilo que Marcelo Ariel já vinha dizendo. Sua dicção e imagética sempre foram helderianas, a exemplo deste trecho de “No ultrassonho”: “Estamos dentro de um açougue chamado corpo / de um aquário chamado mesa ou cérebro tocando o ar nas árvores / através de um copo até tocar esse osso do oceano em nosso olhar”. Em comum com o extraordinário poeta português, a fusão ou hibridação de objetos e seres vivos, a ruptura de limites das coisas e dos corpos, as imagens luminosas como “osso do oceano”. A segunda morte de Herberto Helder, mais que etapa, é prosseguimento do mesmo registro de encontros com a “poderosa presença entrando / pela porta”, metáfora da poesia, e a “beatitude louca / de respirar tudo”, metáfora da inspiração poética."

fragmento do texto de apresentação do poeta Cláudio Willer


 
O livro - A segunda morte de Herberto Helder - do poeta Marcelo Ariel integra o meu projeto 21 gramas. Foi no início de 2010 que cheguei ao formato final dos livros artesanais.
Este projeto nasceu do desejo de organizar meus poemas (virginiana!) recolhendo os que não foram impressos em livro e separando-os para deixar um registro da minha poesia. Foi uma experiência belíssima, que pretendo retomar quando minha saúde melhorar e quando eu puder voltar a me dedicar sem nenhum percalço aos artesanais.
O livro do Marcelo Ariel tem prefácio do poeta Cláudio Willer.
Segue o email do meu querido amigo Marcelo, para quem desejar esta bela obra, esta poesia helderiana:


marcelo.ariel91@gmail.com

Saturday, September 03, 2011

quien lo probó lo sabe

20




Desmayarse, atreverse, estar furioso,
áspero, tierno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, difunto, vivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;

no hallar fuera del bien centro y reposo,
mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
enojado, valiente, fugitivo,
satisfecho, ofendido, receloso;

huir el rostro al claro desengaño,
beber veneno por licor suave,
olvidar el provecho, amar el daño;

creer que un cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengaño;
esto es amor, quien lo probó lo sabe.

Lope de Vega
 
 
 
Alberto Ammann é Lope de Vega no filme LOPE dirigido por Andrucha Waddington.
Muda o mundo, os séculos escoam e não muda em nada a figura do POETA. O filme narra a juventude de Lope de Vega. Considerado o autor mais prolífico da história, escreveu 4.000 poemas e 800 peças de Teatro. O "monstro da natureza", puro carisma este Lope. LIVRE!! A poesia acima encerra o filme.
A canção do filme na voz de  Jorge Drexler:
 
 
 
 

Friday, September 02, 2011

a loucura nossa de cada dia e os inéditos em prosa e poesia

ontem abri o livro - Esta valsa é minha - Zelda Fitzgerald.
logo na abertura a identificação com aquela sensação dolorida de que não conseguimos pescar de volta o céu azul, esta impotência que assola e é derradeira...


Víamos outrora céus azuis e mares de verão
          Quando Tebas na tempestade e na chuva
Oscilou, como se fosse morrer.
          Oh, se fosses de novo possível,
Céu azul... céu azul!

Édipo, Rei de Tebas


O prefácio de Caio Fernando Abreu é mais belo que o livro. Zelda que me perdoe, mas, não devorei páginas como gosto quando leio um livro e não tenho mais paciência de ficar patinando e buscando uma razão para continuar. O prefácio, no entanto, é um texto onde este escritor genial resume o livro e até nos incita a lê-lo. Ele evoca Sylvia Plath e Ana Cristina Cesar... estas garotas que ousaram ir muito além do mediocremente permitido.


início do prefácio de Caio Fernando Abreu para - Esta Valsa é Minha.

Sempre imagino assim: um dia, um daqueles dias longos, chapados e doloridos da clínica psiquiátrica, Zelda sentou e escreveu, como se fosse a voz de outra pessoa, uma frase assim:
"Essas garotas pensam que podem fazer qualquer coisa e sair impunes".
Porque provavelmente era isso que diziam todos em volta dela. Ou só pensavam, nem era preciso dizer. Estava escrito nos olhos e no comportamento dos médicos, das enfermeiras, dos poucos amigos que a visitavam, e quem sabe até mesmo no rosto do marido Francis Scott, obrigado agora a escrever e vender ficção como se fosse salsichas para poder sustentá-la na clínica. Linda, jovem, talentosa, com um marido e uma filha lindos - e louca. Pode?

(...)



Minha avó dizia que de médico, poeta e louco todo mundo tem um pouco. Concordo com Caio Fernando Abreu que ir além do mediocre traz efeitos colaterais, feito Camille Claudel (também linda) e Zelda em uma clínica até o final da vida, ou interrompendo o ciclo feito Ana C. e Sylvia Plath. O olhar se perde vago na maré de egos e na insustentável falta de parâmetro que rege este ofício meu. O que mais posso fazer além de escrever e escrever?... Bater a porta na cara do assédio da morte e da desesperança e nunca enlouquecer além da loucura permitida a cada poeta. Seguir procurando uma frase de efeito para abrir um livro, mas, um livro que sustente da primeira à última frase o olhar de quem lê... Como a levar pelo rio do mistério e da magia, só isto. Já é Prêmio Suficiente, plena Bienal de Poesia, Festa Lírica em um Jardim ao lado de Pégasus, toda a sensação que era minha, antes de encontrar a realidade de roupa de gelo e olhar de espada. Cá estou com esta missão - um livro que pode demorar a vida que me resta para colocar no papel -  entre um e outro capítulo, poemas saltando como passe de mágica entre as mangas...
Vez ou outra alguém escreve um recado quando entro no facebook, e eu que não sou muito boa em conversas virtuais digo oi e adeus e desapareço. Perguntam se estou escrevendo. Sim. Eu estou. Escrevi um livro que considero especial, mas, ainda teimo nestes concursos literários e lá está meu livro - romance - em um lugar até o final do ano.
A cada ano escrevo um romance.
Tenho o livro de 2010 e o de 2011 - inéditos. Dois romances e Dois livros de Poesias:
A flor dentro da árvore está na editora, e não devo publicar todos os poemas dele no blog, eu creio, guardar para o livro impresso.
O outro sem título definitivo. Outro livro de poesias inédito. A gente sempre acha que o último livro é o mais bonito, este livro está realmente bonito. Um bloco com sonetos, o outro com poemas curtíssimos o que não é muito comum em minha poesia, um bloco de dor, outro de amor e assim la nave va...
Então, toda a poesia entre 2010 e 2011, eu as guardei com cuidado para este novo livro.

Thursday, September 01, 2011

a flor dentro da árvore

“Doce como o massacre de sóis”


Oito canhões na praça de guerra
Apontam para o peixe
Que traz a paz nas guelras

Quatro gaivotas suicidas
Lambem o babado azulado
Do triste mar-flamenco

Lembro um filme de Babenco:

Ana e o vôo
Mariposas no quarto lúgubre
Suas mãos em concha
A esmagar a eternidade insalubre

Bárbara Lia
A flor dentro da árvore
- a sair pelo selo Orpheu - editora Multifoco

La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...