Saturday, June 13, 2015

As Filhas de Manuela (o itinerário)




08 mulheres
cada uma delas ganhou um capítulo seu
Nina destoa e não ganha um capítulo seu
Nina é a nona desta novena surreal e dolorida
Nina é irmã de Magnólia e filha de Milena
As mulheres todas com nomes iniciando com a letra M
Cada capítulo abre com um verso de Sylvia Plath
Cada personagem tem um cenário que a liga ao seu destino
Inicia em 1839 em plena Revolução Farroupilha
E termina na Ilha do Mel há menos de uma década...
Escolhi alguns títulos, e quase fui à loucura
Desde - Os amantes do grande mar redondo, até maldição borgonha...
optei por - As filhas de Manuela - pois é a saga das mulheres de sua descendência...


Os capítulos e os versos de Plath são estes - na devida sequência...


Manuela 

Grande Mar Redondo


_
Sobre mim passam, com a sua cacofonia, os corvos em bando negro.
Sylvia Plath


*
Miquelina

Convento de Santa Tereza

_
Tudo ameaça
Deixar-me ir por um céu
Sem estrelas e sem pai: uma água negra
Sylvia Plath

*

Maria Tereza

Barco Bêbado da Boêmia

_
Uma flor abandonada.
Os meus ossos absorvem a quietude, longínquos
Campos enternecem meu coração

Sylvia Plath

*

Milena

Trens Triturando Trilhos

_
As fontes secaram. É o fim das rosas
Sylvia Plath

*

Magnólia

Saveiro de Savério
A garra
Da magnólia
Por seu próprio nome entorpecida
Não pede nada da vida
Sylvia Plath

*

Maya

Ponte Neuf ao entardecer

_
A chama chora
O cheiro inconfundível de um toco de vela
Amor, amor, a fumaça escapa de mim
Como a echarpe de Isadora
Sylvia Plath

*

Mel

O chafariz das musas

_
Sofri a atrocidade dos poentes
Queimada até às raízes
Meus filamentos ardem e ficam
Emaranhado de arames
Sylvia Plath

*

Morena

Forte da Ilha do Mel

_
Numa fenda de rocha
O mar suga obsessivamente,
Uma cavidade de todo o mar.
Do tamanho de uma mosca,
A marca do destino
Rasteja muro abaixo.
Sylvia Plath


O livro fala sobre a maldição que um homem encolerizado lança sobre Manuela, que faz com que todas as suas descendentes levem pela vida uma sombra cor de sangue, e o destino de perdas de pessoas que amam. Como esta maldição afetou e como cada uma delas enfrentou esta particularidade faz com que o livro tenha micro-histórias em um encadeamento que deságua no cenário do início, a história começa em Paranaguá e termina na Ilha do Mel que se localiza ali, em Paranaguá, nosso Grande Mar Redondo.
Foto by Jean Chad

Outono mais lindo...

Nesta semana que finda, deste outono raro, nadando nesta bruma, voando sem asas, um instante pra abraçar o ar, dançar. Dançar ainda que o pé não obedeça ao comando, alguma coisa em mim - inevitavelmente - traria esta rebeldia que não obedece ao comando. Alguma coisa em mim segue como barca em mar rançoso a um passo do abismo. Alguma coisa em mim insiste em ter vinte anos - ainda - e toda a audácia de ser céu. Alguma coisa em mim ignora o relógio e ousa inverter ponteiros, recomeçar o jogo já perdido. Alguma coisa em mim vibra em uma semana mágica, onde uma mente brilhante elevou-me aos patamares de humanidade repartida, em uma conversa incrível, tão incrível que somos expulsos do café, todas as mesas vazias, todas as cadeiras reviradas e apenas nós, com desejo de falar até que o mundo termine, pois existe um lugar onde as similaridades se tocam e a vida reinaugura uma fatia de um jardim perene, um amigo nasce no outono fecundado de esperanças. Uma semana para retomar os fios, comemorar com os velhos amigos com uma ferramenta íntima, onde só os amigos se cruzam em infinitas palavras, obrigada aos que atravessaram outonos vários e são os velhos amigos desta  trilha íngreme e rara chamada Poesia. Uma semana no outono onde um livro tem um sim de um editor... Outro livro se destaca além-mar, um poema da série - O céu dos poetas - ganha um lugar na Antologia de 5 anos do Jornal Relevo. E encerra com a consolidação de um convite para levar a poesia aos lugares... Uma semana onde você consegue retomar o ritmo da escrita perdido entre mudança, dor, médicos e solidão de ser poeta rebelde. Agora é preparar a virada, o semestre que virá com novos frutos, novas alegrias.

A insônia da alma






Alma bebe café?
Tem insônia?
Corpo cansou do café
Noites de insônia
A seco...
Alma quer dormir
Corpo boicota
Pálpebras pesam
Guilhotina desregulada
Degola o nada
Alma quer diluir
Corpo quer fluir
As corujas assistem
Ao debate corpo e alma

Com seus olhos chá de hortelã

Bárbara Lia

Na fotografia: Ana Cristina Cesar

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...