Friday, July 24, 2009

Magritte - Door

Safe in their Alabaster Chambers—
Untouched by Morning
And untouched by Noon—
Sleep the meek members of the Resurrection—
Rafter of satin,
And Roof of stone.

Light laughs the breeze
In her Castle of sunshine -
Babbles the Bee in a stolid Ear,
Pipe the Sweet Birds in ignorant cadence—
Ah, what sagacity perished here!


                    Version of 1859
EMILY DICKINSON


A salvo em suas Câmaras de Alabastro-
Intocados pela Manhã
E intocados pelo Meio-dia-
Dormem os mansos donos da Ressurreição-
Cortina de cetim
E Teto de pedra.

Branca ri a brisa
Em seu Castelo de sol-
Sussurra a Abelha em uma apática Orelha
Sibilam os Doces Pássaros em cadência ignorada-
Ah, a sagacidade pereceu aqui!
tradução - Bárbara Lia
  

Constelação de Ossos


Lynx Constellation

.

Acordei com o vento astuto a sacudir a cortina.

A fresta da janela concedia a chuva abrupta em meu corpo.

Corpo que já não tinha forças para estender a mão e fechar o vidro.

Desejei que toda a chuva carimbasse uma nova vida.

Uma vida na qual eu me tornasse o anjo d’água.

A realidade ressuscitou o gosto do ontem na garganta

– uísque com guaraná –

E a força das mãos de Heleno, que me subjugava na hora do sexo.

Sexo.

Sexo apenas.

Seus olhos verdes ejaculados e lascivos presos em mim

– a boneca de pano entorpecida de álcool –

Sopro de ternura em uma curva trouxe a última gota de dignidade.

O sexo dele extraído das entranhas ardendo entre as minhas carnes.

Pude ouvir o barulho da descarga do banheiro.

Era um rito que me deixava triste.

Como se ele me despejasse em jatos.

Como se eu fosse flor de cacto.

– última fonte de água em uma terra árida –

Mas, ele se livrava de mim após saciar a sede.

No silêncio das noites iguais um oco em minha alma.

E eu buscava a antiga e enterrada ânsia

– Um amor que me vivificasse –

As mãos de Heleno na braguilha a terminar de fechar o zíper.

O olhar blasé em minha pele chamuscada de desesperança.

Não ouvi minha voz, onda leve morrendo, um sopro em si bemol...

– Deixe a chave sobre a mesa da cozinha. Não volte nunca mais!

– Lyn?...

– Você ouviu. Deixe a chave.

– Esquece isto, Lyn, durma.

– Se sair com minha chave conto tudo para tua mulher.

– Duvido!

– Adeus sua mordomia. Vá, Heleno, e não volte nunca mais.

– Assim? Vá e pronto?

– Vá. Estou cansada demais para velhos refrões. Acabou.

A dor no olhar dele me fez acreditar que ele me amava, afinal.

Lívido, deu meia volta e saiu.

Bem mais simples do que eu pensava.

Indolor.

Ânsia infinita de ter dez anos.

Antes da noite da despedida na capela.

A dupla orfandade.

Antes, quando era só infância de mel e perfumes.

O jardim de seda de Layla e Amir.

A sagrada inocência entre as flores e o aroma do pão sírio.

Bárbara Lia

(Constelação de ossos - fragmento do romance inédito)

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