(Para Kátia Torres Negrisolli
Beatriz Bajo & Bárbara Lia)
Teu vulto claro
e cereal
embebido na manhã lapã
como a coruja do ártico
em sua leveza
estende-nos
num trigal deitado
ao vento
ao som
de duas ocarinas
e não há trópico que desdenhe
de nosso calor certeiro
e liberto
de ave
>>>>>>>>>>>>>>
Patos enfileirados
fecundam
horizontes
ASSIS DE MELLO
Kátia Torres contou em email desta poesia do livro Assis de Mello, muito bom estar ao lado das poetas paranaenses no livro do Chico que é um poeta biólogo que mixa os sons das matas, dos bichos e da vida com a essência humana.
Algumas poesias do meu livro inédito "A FLOR DENTRO DA ÁRVORE" e dois poemas da série "NO JARDIM DE VÊNUS" - no site MEIO TOM POESIA & PROSA do Carlos Pessoa Rosa.
Neste ano tive a felicidade de conhecer pessoalmente o Carlos Pessoa Rosa e a Lúcia Rosa (Dulcinéia Catadora) - 2010 o ano frenético.
O livro de poesias - A flor dentro da árvore - Poesias da última safra - 2009/2010, cujo epígrafe/título de cada poesia é um verso de Emily Dickinson. Meu mergulho na obra de Emily e a certeza de que ela é árvore florida e eu aquela florzinha embriagada pelo absurdo infinito néctar poético desta mulher. Emily! Nove poesias de - A flor dentro da árvore - premiadas e publicadas na Antologia do Prêmio Ufes Literatura.
http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/ - Neste Blog o contista Nilto Maciel teceu algumas palavras sobre os livros que enviei. Para ler sobre a Antologia Vertentes e obra de mais três autores, entre eles meu amigo Cláudio B. Carlos, é só acessar o link acima - onde ele em rápidas pinceladas fala sobre as obras dos poetas e prosadores.
I – De Bárbara Lia são Constelação de ossos (Porto Alegre, RS, Vidráguas, 2010) e A última chuva (Belo Horizonte, MG, Mulheres Emergentes Edições Alternativas, 2007). O primeiro está catalogado como novela. Na “apresentação” (sem nome de autor) está escrito: “Estrutura ficcional elaborada, em que os capítulos se sucedem em corrente límpida, revelando com simplicidade e magia a história de vida da personagem, desdobrando-se em uma continuidade fluida provocadora de uma leitura ávida e prazerosa. Prosa poética plena de sonoridades e metáforas ora líricas e encantadoras, ora duras e valorosas”. Epígrafe extraída de Clarice Lispector. Todos os capítulos, muito poéticos, têm títulos. O primeiro é “O anjo d’água”, que assim começa: “Sonhei com o anjo d’água. Desde a infância ele não vinha a mim”. É a voz de Lynx, a narradora, “cantora de bar e garota de programa”. A narrativa escoa lentamente, com reminiscências de um passado mais distante e do mais recente. São muitos os personagens rememorados: Nyx, Heleno, Layla, Adamastor, Amâncio, João Só, Raul, Igor e tantos outros. Vidas passadas a limpo. A protagonista é muito inteligente, sabe escrever, é “cult”, leitora de clássicos, apreciadora de cinema e outras artes. Conhece Camões, Freud, Vivaldi, Van Gogh, Machado de Assis, Clarice Lispector, Florbela Espanca, Hilda Hilst, Fernando Pessoa, Emily Dickinson, Sylvia Plath (encerra o livro com versos da poetisa), o filme “Memórias de uma gueixa”, Camille Claudel, Edith Piaf, etc.
II – O outro livro é menos denso (falo de número de páginas). São poemas de variadas feições ou formatos: breves, mais longos, versos curtos, versos compridos. Poesia feita de poesia e outras invenções: Desdêmona (mitologia), Nietzsche (filosofia), o bailarino Nijinski, a literatura de Clarice. Tudo com muita essência.
Nota:- Sobre a apresentação do meu livro - Constelação de Ossos - pelo que fui informada - o texto é de Berenice Sica Lamas - poeta do Rio Grande do Sul, que escreveu a apresentação a pedido da Editora Vidráguas. Na Ficha Catalográfica Berenice está no item - Colaboração Editorial.
Meu amigo de Santos, o poeta Ernani Fraga enviou a Revista Mirante/70 - eclética - lembra os poetas da década de 70 mesmo, suas poesias em mimeógrafos. Lendas, Poesias, Contos, Pintura e Ensaios. Tem poesias dos nossos mestres - Cecilia Meireles e Quintana e tem a safra do agora, meus amigos Ernani e Marcelo Ariel e muitos outros poetas de Santos. Tenho uma conexão com Minas Gerais - por ser a raiz do meu nome - Bárbara Bela. E tenho este carinho por Santos, por ser o time do meu coração o Santos, por obra de minha mãe que era paulista. Nasci Santista e sigo com as láureas do Peixe e todas as gerações que sucedem. Eu admirava mais o Clodoaldo que o Pelé em 1970, ele era o meu ídolo de 70 e eu uma menina mirrada de 14 anos... A vida trouxe agora esta turma que me deixa tão feliz, desde o primeiro contato quando o Marcelo Ariel publicou minhas poesias em um site extinto - Livraria Pagu. Ah! Pagu. Santos que eu - confesso - não conheço ao vivo, mas, caminho por um litoral brindando com todos estes mitos - Câmara Cascudo, Tagore e uma poesia triste, posto que sou triste, ainda que vez por outra eu estoure de FELICIDADE.
Pegue um excelente texto (Ivan Viripaev - Sibéria, 1974)
Um ótimo diretor (Marcio Abreu)
Atores que se entregam e arrasam (Patrícia Kamis e Rodrigo Bolzan)
então... Oxigênio!
(...)
"Oxigênio é uma peça de geraçao, a geração do autor, a minha geração. É uma peça de gente que nasceu na década de 70 e ouve músicas com fones de ouvido. Ela condensa uma diversidade de inquietações, debates e irreverências próprios de quem cresceu sob a égide do avanço do consumismo, das transformações políticas em nível global, do terrorismo, do fanatismo religioso, das mudanças de hábito, da confusão de uma "nova ordem mundial" ainda frágil, indefinida, multifacetada.
A partir daí, propomos a reflexão sobre o que e essencial para cada um, relativizando moralidades e polemizando pontos de vista. O que é o oxigênio para você?"
(Márcio Abreu -Curitiba nov/2010)
...
Sacha no jardim de Bárbara - O enleio amoroso do Sacha e da Sacha desvela o mundo atual - o desfecho poético desvela um cenário - na Rússia? poderia ser aqui no meu bairro, poderia ser em um jardim de Buenos Aires, ou em jardim inglês quiçá. Um garoto do interior. Uma garota da cidade grande. Os mandamentos e as leis magnas flanando acima das cabeças. O que a gente não faz por amor? Louco amor. A música entontece assolando dentro com a potência dos fones de ouvido, isolando o homem do mundo, mergulhado em si (?)
É sobre o que é essencial para cada um.
É sobre caminhar sem ser prisioneiro de nada.
Encontrar o real oxigênio...
...
Companhia Brasileira de Teatro
( Rua José Bonifácio, 135 – Largo da Ordem ),
de 2 a 19 de dezembro de 2010
a partir de texto inédito no país do dramaturgo russo contemporâneo Ivan Viripaev.
As apresentações são as quartas e quintas, às 20h; sextas e sabados, às 20h e meia-noite; e aos domigos, às 18h e 21h.
Os ingressos custam R$15,00 (inteira) e R$7,50 (meia-entrada) e são
comercializados através de reserva antecipada pelo telefone (41) 3223.7996.
Amo tricotar e não tive a brilhante - e feminina - idéia de criar uma capa como esta do livro de Beatriz Bajo...
- O evento a Cidade aTravessa propiciou esta contumácia poética -- o escambo -- e tenho poesia a me fazer companhia por muitos dias - Sangüínea - de Fabiano Calixto e o ensaio de Ronaldo Ferrito - A Via Excêntrica - a antologia dos poetas cariocas - Vertente - enviada pelo Ricardo Alfaya e o livro de contos do Nilto Maciel.
UM BACK é o belo texto do Marcelino Freire na Orelha do Livro. Belas ilustrações de Cárcamo O Poeta apresenta o livro aqui no site - Cronópios: http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=4807 Amei o conto instigante (Lavincha) na voz de Elisa Lynch. Não consigo falar sobre quem me deixa muda com sua arte. Então, é ler o livro.
--- fragmento ---
LAVINCHA (PG. 21)
Sim, amei Francisco Solano López, o homem mais belo e poderoso do continente americano.
Sim, levei o primeiro piano ao Paraguai e compus a primeira guarânia.
Sim, amealhei lágrimas de desprezo e de ódio às matronas de Asunción.
Sim, joguei-as no rio Paraguai para deleite dos caiman yacare.
Sim, senti saudades da minha "casa de bonecas" em Paris, onde dançava com meu Francis, tonto de Bordeaux e de paixão.
Sim, fui a maior latifundiária do mundo, ganhei dele todas las haciendas del Paraguay.
Sim, quis ser a rainha de um novo império guaranítico, sem a intolerância e a dissimulação dos jesuitas.
Sim, herdei cicatrizes mis e deserdei fortunas afins.
...
pausa para comentar estes fragmentos mínimos:
- Quarenta afirmações de Elisa Alicia Lynch contam sua história nos braços de Solano e em terras do Paraguay. Acima as oito primeiras afirmações. Uma epopéia poética que leva a gente em um turbilhão...
e encerra com o último Sim fatídico e um único Não.
...
Sim, morri na miséria em Paris, expulsa do Paraguai, acusada de gran-putana, ladra e assassina.
Não, sou Elisa Alicia Lynch, a Lavincha, a heroina escusa do Paraguai, como ainda hoje cochicha a lingua porca do povo. (pg.24)
Guerra do Brasil - Contos da Guerra do Paraguai - Sylvio Back
E, para março, a estréia de - O Contestado - Restos Mortais:
O vácuo do amor natural me sugava. A mata inteira que me rodeava e seus rios escondidos, cada animal livre, cada beija-flor, cada flor. Respirar fundo deu um tom cinza escuro à minha solidão. Lavaria em cada manhã esta solidão na beleza natural que há de ser Deus. Até que minha solidão se tornasse branca. No mosteiro onde agora eu estava – casa de Nyx. Pressenti no primeiro café da manhã que era um rito: tarefas divididas. Pressenti que a minha busca pela paz seria solitária. Aliviada por ter encontrado um lugar para me encontrar que não fosse uma clínica de loucos ou uma igreja destas que querem produzir santos às dúzias.
Pensei nas pessoas que neste instante estavam na granítica selva de edifícios, longe das pássaros, com os pulmões saturados de fumaça, e tive pena. Tive pena de mim, tomada de absurda saudade da mãe. Olhos marejados diante da horta: tinha chicória. Eu não via chicória há muitos anos e reconheceria se visse dali a milênios. Revi as mãos da mãe a segurar o maço da hortaliça salpicada da manhã orvalhada. Ajoelhei ao lado do canteiro e chorei um rio. Chicória temperada com lágrimas, arroz integral, queijo tofu. Almoço zen. O silêncio da tarde lendo na varanda passou outra mão de tinta clara na minha solidão cinza... Um dia ela seria branca como aquela nuvem.
Intratável. Não quero mais pôr poemas no papel nem dar a conhecer minha ternura. Faço ar de dura, muito sóbria e dura, não pergunto "da sombra daquele beijo que farei?" É inútil ficar à escuta ou manobrar a lupa da adivinhação. Dito isto o livro de cabeceira cai no chão. Tua mão que desliza distraidamente? sobre a minha mão Ana Cristina César
Na Casa das Rosas recebi este exemplar da Revista Lítero-Temática - Cabeça Ativa. Edições Costela Felina - Os poetas Vieira Vivo e Cláudia Brino passaram por lá e deixaram seus livros - Aladas ondas ao nada (Viveira Vivo) e Palavras (Cláudia Brino) -os editores da revista que está no nº 11, nesta edição entre muitos poetas - Eugénio de Andrade, Cacaso, os editores, Álvaro Alves de Faria, Ernani Fraga na poesia acima.
Muito bom ouvir o poeta português E. M. de Melo e Castro. Saber que ele também vê a poesia como uma Arte Rara. Que não imprime mais que 300 exemplares de cada livro. Que não tem delírios de best-seller com algo que sabemos é mesmo um rio precioso que alguns procuram para beber suas águas. O fato de sua família não incentivar o menino que escreve poesia, mas, exigir que o mesmo menino leia. Esta falta de senso que impera. Foi uma alegria ter coragem de ir a Sampa. Rever minha querida amiga Rebecca Loise e o meu sempre confidente Luar Sanchez com sua mulher - a Norma - receber o carinho dos poetas de Santos que foram ao meu encontro - meu amigo Ernani Fraga, Vieira Vivo e Cláudia Brino. Conhecer a Beatriz Bajo e a Samantha Abreu, o Maicknuclear. Rever o meu querido amigo Marcelo Ariel. Muitos poetas no palco. Eu disse - coragem para ir por estar em tratamento médico - a pressão nas alturas e nem podia beber absinto. Sem absinto a noite foi só da Poesia. Ainda não abri a mala, com os livros e as memórias.
Passei a manhã de sábado com Fernando Pessoa - Museu da Lingua Portuguesa e a exposição - Fernando Pessoa Plural Como o Universo - Não levei máquina fotográfica e desta vez era permitido. Gravei a exposição no coração.
"eu sou muitos"
Nos painéis uma descoberta - A Letra do Meu Pai - tão igual que fiquei a ler os poemas escritos à mão. Uma instalação suspensa - Uma mesa pequena com uma edição do Orpheu - 2 - o chapéu - duas cadeiras - uma xícara de café.
Uma emoção ver a publicação de "Tabacaria" na revista - Presença - Folha de Arte e Crítica - de Coimbra - Julho de 1933.
E uma projeção linda na areia molhada de versos do poema D. Sebastião e Mar Salgado...
A exposição está linda - não sabia que no sábado a entrada é franca - centenas de visitantes, alunos acompanhados de seus professores. Amo ver a meninada em volta da Poesia.
Selaram os cavalos, não sabem por quê mas selaram os cavalos na planície.
... O lugar estava preparado para seu nascimento: um monte feito com o manjericão dos avós, dando a leste e oeste. E uma oliveira perto de outra nos livros sagrados, a elevar os limites da língua... e fumaça lápis-lázuli a arrumar este dia por algo que só interessa a Deus. Março é criança mimada. Março espalha algodão nas amendoeiras. Faz banquete da malvinha para o pátio das igrejas. Março é terra para a noite das andorinhas, e para a mulher prestes a dar o grito nas pradarias... e estender-se nos carvalhos.
(...) MAHMOUD DARWICH tradução Michel Sleiman
Fragmento da poesia - Uma nuvem na minha mão. Uma das poesias que li na Noite de Poesia Árabe em 2006 e que termina com estes versos que eu adoro...
Selaram os cavalos,
não sabem por quê, mas selaram os cavalos no final da noite, e esperaram sair um fantasma das rachaduras...
Mahmoud Darwich, um dos mais expressivos poetas do nosso tempo.
Estiquei por mais de meio século minha força. Estiquei ao limite da força. Passei uma semana cortando e colando poesias e publicando alguns convites que recebi... Na verdade eu passei uma semana feito um zumbi. Nesta semana fiquei dando força para os três filhos meus que perderam o pai subitamente, vitima de um infarto fulminante aos 49 anos. Hoje decidi dar uma trégua, decidi falar da minha vida pessoal... Por mais que evite, neste momento é preciso. Normal mesmo eu nunca mais vou ser. Ninguém pode ser normal vivendo a experiência da Poesia. Tentei separar a minha experiência pessoal desta página. A humanidade falou mais alto. Não sou uma máquina que consegue triturar tudo. Talvez eu enfrente mais fácil quando dói em mim, tenho enfrentado muita coisa. Comentei com uma pessoa que tentava insinuar que eu não fui mesmo muito apegada ao pai dos meus filhos pós-separação e que ela não entendia o meu desabamento, a minha prostração. Então eu expliquei que ver a dor dos meus filhos por perder o pai era mais difícil para mim do que minha própria perda. Foi mesmo um momento complexo - cuidar de cada filho, contar a cada um a inesperada notícia, de amparar até passar o impacto e de esperar que de agora em diante eles tenham força para conviver com esta ausência. Fiquei nove anos casada com o pai deles. Considero sua família, minha família. A avó deles é minha sogra que insiste em ser minha sogra. Os irmãos dele dão mais atenção aos meus filhos que meus irmãos e ele esteve presente na vida dos filhos, mesmo que há quase vinte anos nosso casamento tenha ruído. Por isto, vou dar uma trégua e recuperar o fôlego. Estamos noivos nesta foto antiga, estamos felizes. Somos um casal, nada preparados e nem maduros para a experiência da vida a dois. Estivemos mais próximos neste ano por conta do nascimento do neto. Ele nunca entendeu os códigos de Bárbara Lia. Ninguém entende. A utopia incandescente de uma mulher que só consegue viver qualquer relação em harmonia. Geralmente, na maioria dos casos, não é possível.
Breve notícias do novo lançamento de - Constelação de Ossos.
No duerme nadie por el cielo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Las criaturas de la luna huelen y rondan sus cabañas.
Vendrán las iguanas vivas a morder a los hombres que no sueñan
y el que huye con el corazón roto encontrará por las esquinas
al increíble cocodrilo quieto bajo la tierna protesta de los astros.
No duerme nadie por el mundo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Hay un muerto en el cementerio más lejano
que se queja tres años
porque tiene un paisaje seco en la rodilla;
y el niño que enterraron esta mañana lloraba tanto
que hubo necesidad de llamar a los perros para que callase.
No es sueño la vida. ¡Alerta! ¡Alerta! ¡Alerta!
Nos caemos por las escaleras para comer la tierra húmeda
o subimos al filo de la nieve con el coro de las dalias muertas.
Pero no hay olvido, ni sueño:
carne viva. Los besos atan las bocas
en una maraña de venas recientes
y al que le duele su dolor le dolerá sin descanso
y al que teme la muerte la llevará sobre sus hombros.
Un día
los caballos vivirán en las tabernas
y las hormigas furiosas
atacarán los cielos amarillos que se refugian en los ojos de las vacas.
Otro día
veremos la resurrección de las mariposas disecadas
y aún andando por un paisaje de esponjas grises y barcos mudos
veremos brillar nuestro anillo y manar rosas de nuestra lengua.
¡Alerta! ¡Alerta! ¡Alerta!
A los que guardan todavía huellas de zarpa y aguacero,
a aquel muchacho que llora porque no sabe la invención del puente
o a aquel muerto que ya no tiene más que la cabeza y un zapato,
hay que llevarlos al muro donde iguanas y sierpes esperan,
donde espera la dentadura del oso,
donde espera la mano momificada del niño
y la piel del camello se eriza con un violento escalofrío azul.
No duerme nadie por el cielo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Pero si alguien cierra los ojos,
¡azotadlo, hijos míos, azotadlo!
Haya un panorama de ojos abiertos
y amargas llagas encendidas.
No duerme nadie por el mundo. Nadie, nadie.
Ya lo he dicho.
No duerme nadie.
Pero si alguien tiene por la noche exceso de musgo en las sienes,
abrid los escotillones para que vea bajo la luna
las copas falsas, el veneno y la calavera de los teatros.
Baile das harpias
Em árvores carbonizadas
Rindo do fim
Fumaça sangra
Nosso jardim
A alma do éden
Adoentada. “Toda coberta de insidioso musgo”
Sol magenta de maio Alma dos ancestrais No corredor As goiabeiras O relógio cuco O mundo tinha musgo No chão Nas paredes No vão das cercas Nos alfarrábios O mundo inabitado - Esquecido Que se fecha sem ruído Em saudade - Evapora Azul de signos Molhado de lágrimas Bárbara Lia + 2 Poesias do Prêmio Ufes
Fumo de tabaco rói o ar. O quarto – um capítulo do inferno de Krutchônikh. Recorda – atrás desta janela pela primeira vez apertei tuas mãos, atônito. Hoje te sentas, no coração – aço. Um dia mais e me expulsarás, talvez, com zanga. No teu “hall” escuro longamente o braço, trêmulo, se recusa a entrar na manga. Sairei correndo, Lançarei meu corpo à rua. Transtornado, tornado louco pelo desespero. Não o consintas, meu amor,
meu bem, digamos até logo agora. De qualquer forma O meu amor – duro fardo por certo – pesará sobre ti onde quer que ti encontres. Deixa que o fel da mágoa ressentida Num último grito estronde. Quando um boi está morto de trabalho ele se vai e se deita na água fria. Afora o teu amor para mim não há mar, e a dor do teu amor nem a lágrima alivia. Quando o elefante cansado quer repouso Ele jaz como um rei na areia ardente. Afora o teu amor Para mim Não há sol, E eu não sei onde estás e com quem. Se ela assim torturasse um poeta, ele trocaria sua amada por dinheiro e glória, mas a mim nenhum som me importa afora o som do teu nome que eu adoro. E não me lançarei no abismo, e não beberei veneno, e não poderei apertar na têmpora o gatilho. Afora o teu olhar nenhuma lâmina me atrai com o seu brilho. Amanhã esquecerás que eu te pus num pedestal, que incendiei de amor uma alma livre, e os dias vãos – rodopiante carnaval – dispersarão as folhas dos meus livros... Acaso as folhas secas destes versos far-te-ão parar, respiração opressa?
Deixa-me ao menos arrelvar numa última carícia teu passo que se apressa.
Vladímir Maiakóvski 26 de maio de 1916. Petrogrado.