Saturday, July 15, 2006

O aleph azul de borges






O Aleph Azul de Borges

 

 

 

Deixastes aqui teu coração

Aleph azul

Povoado de tigres brancos

E miragens. Pulsa nessa

Milonga Del Angel

Primavera desprotegida

Acordes de Piazzola

 

 

Nuvens brancas

A acenar certezas:

Teu coração Aleph azul

Permanece

– Suave ritmo del sul -

 

Deixastes um Livro de Areia

- Tu’alma -

Viramos suas páginas

Neste deserto metafísico

- Noturno e trágico -

Que leva à aurora nítida

Do reino da poesia

 

Deixastes aqui teu coração

Aleph onde trafegam signos

Mesmo que tenhas imprimido sonhos

Em grego, sânscrito ou aramaico

Deciframos – em alfa –

Tuas mensagens de estrelas

 

És um vaso vazio de segredos

Pleno de sóis & luas & signos

Da nobreza

Em uma azul sinfonia

Que teces entre teus dedos

Enquanto apontas:

 

A eterna água, o ar eterno

Flanando em um vale de sombras

E a inscrição em fios de ouro

- Não existe tempo –

 

Guardiões do impossível

Levamos ao pescoço a ampulheta

Como homens-bombas

Explodindo a vida

Sem seguir teus passos-acordes

 

 

Cegos, não percebemos

A inutilidade da areia

Que cai gota a gota

Teu coração quer nos gritar isto -

Aleph azul que guarda segredos rojos

 

Alguns o folheiam em prece, como anjos

Eu o folheio, deslumbrada

Com a mesma cálida e reverente ternura

Com que olhava abismada a estrela Vésper

 

Azul como teu Aleph coração

Seta e sinal em meu caminho:

A estrela Vésper

E o Aleph azul de Borges




O Aleph azul de Borges - uma poesia que escrevi na primavera passada, ao som de piazzola - está no site cronópios.

http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=1565





arte: Erika Kuhn

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