O Aleph Azul de Borges
Deixastes aqui teu
coração
Aleph azul
Povoado de tigres brancos
E miragens. Pulsa nessa
Milonga Del Angel
Primavera desprotegida
Acordes de Piazzola
Nuvens brancas
A acenar certezas:
Teu coração Aleph azul
Permanece
– Suave ritmo del sul -
Deixastes um Livro de
Areia
- Tu’alma -
Viramos suas páginas
Neste deserto metafísico
- Noturno e trágico -
Que leva à aurora nítida
Do reino da poesia
Deixastes aqui teu
coração
Aleph onde trafegam
signos
Mesmo que tenhas
imprimido sonhos
Em grego, sânscrito ou
aramaico
Deciframos – em alfa –
Tuas mensagens de
estrelas
És um vaso vazio de
segredos
Pleno de sóis & luas
& signos
Da nobreza
Em uma azul sinfonia
Que teces entre teus
dedos
Enquanto apontas:
A eterna água, o ar
eterno
Flanando em um vale de
sombras
E a inscrição em fios de
ouro
- Não existe tempo –
Guardiões do impossível
Levamos ao pescoço a
ampulheta
Como homens-bombas
Explodindo a vida
Sem seguir teus
passos-acordes
Cegos, não percebemos
A inutilidade da areia
Que cai gota a gota
Teu coração quer nos
gritar isto -
Aleph azul que guarda
segredos rojos
Alguns o folheiam em
prece, como anjos
Eu o folheio,
deslumbrada
Com a mesma cálida e
reverente ternura
Com que olhava abismada a
estrela Vésper
Azul como teu Aleph
coração
Seta e sinal em meu
caminho:
A estrela Vésper
E o Aleph azul de Borges
O Aleph azul de Borges - uma poesia que escrevi na primavera passada, ao som de piazzola - está no site cronópios.
http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=1565