
"...e lui tornera´ ad Itaca"
Giuseppe Medagli
A ESFINGE NA NÉVOA
Quando a alma
fala
já não fala a alma.
Se o corpo é sua escada
a língua é por onde
ela escapa?
Jamais sairemos
desse labirinto
de falsos silêncios;
Então, por que não cantamos
enquanto afundamos?
Ou por que não nos calamos,
até o fim da névoa
do labirinto
e do silêncio torpe?...
Se a canção da Ursa Maior
não nos alcança,
afundar no canto ausente
das sereias de antes,
e apesar da vitória
deste abismo em nós
de nossa secreta Ítaca
não estamos tão distantes.
Ítaca dentro de nós:
A torre, a amada a fiar o manto,
o cão cego e fiel,
a mesa, o vinho...
Ítaca – a felicidade-
escondida no mar de abismos
e nos labirintos de sal
- nossa casa-alma:
Esfinge na névoa
que sempre encontramos
no final.
BÁRBARA LIA / MARCELO ARIEL
Escrevi este poema em parceria com Marcelo Ariel - escritor e filósofo que conheci quando ele me escreveu solicitando alguns poemas para o site da Livraria Pagu de Santos. Marcelo Ariel me propôs e eu aceitei, tenho dificuldade para escrever em dupla, mas, estou aprendendo.