Thursday, December 27, 2018
Wednesday, December 26, 2018
a poesia segue...
Nenhum tirano em toda História do Mundo baniu a Poesia. Atemporal e Misteriosa. Incrustada no Invisível. Seguirá tecendo eventos e momentos. Respostas, Perguntas. Aleluias. A voz das estrelas e mares e ventos. A voz dos que não verbalizam o alfabeto humano. A Poesia é o jeito do Universo gritar entre os homens. Calma. Há um vento negro soprando das entranhas do Tempo. E a Poesia não se abala. Eterna, imortal chama, nossa companhia a partir de agora. Fio por onde o Ar da vida virá a nós.
Que 2019 traga poemas aos borbotões. E todo Amor para nós.
No âmbito pessoal o ano que termina foi especial. Dois livros e a organização de uma Antologia. Uma roda de conversa no Café Babette (Gracias, Marianas), lindo momento poético. Uma roda de conversa lírica e delicada no lançamento de "Treze Mulheres e Um Verão" - Um abraço especial e atemporal a todas as poetas do Verão. A volta do Buffet de Poesia (Gracias, Carlos Barros) e alguns textos para a coluna do Brasil de Fato Paraná (Gracias, Pedro Carrano). Muitas trocas, planos e o nascimento do meu selo editorial "Psappha". A vida segue, a Poesia segue...
Imagem da dedicatória da Antologia - Treze Mulheres e Um Verão
Maeles Carla Geisler, eu, Luciana Cañete e Jane Bodnar
- Livraria Vertov - Verão
Tuesday, December 18, 2018
Wednesday, December 05, 2018
Wednesday, November 21, 2018
Treze Mulheres e Um Verão
Dentro da linha editorial "Psappha" - que pretende publicar apenas Mulheres - convidei poetas do sul para narrar o seu verão marcante. Experiências várias, vozes femininas - em algum lugar ao sul do Brasil. Parcerias lavadas em sensibilidades, fotografias de Fran Ferreira e outras surpresas mais no design do encarte...
Nossa "Insula Dulcamara" - Uma ilha de doçura meio aos dias rudes.
O lançamento oficial - 20 de dezembro -
Encarte de poesia - Treze Mulheres e Um Verão
organização - Bárbara Lia
Dedicado à memória da poeta e editora - Carmen Silvia Presotto
Capa - Fotografia Fran Ferreira - Arte final - Bárbara Lia
tiragem inicial - 50 exemplares
Encarte de poesia - Treze Mulheres e Um Verão
organização - Bárbara Lia
Dedicado à memória da poeta e editora - Carmen Silvia Presotto
Capa - Fotografia Fran Ferreira - Arte final - Bárbara Lia
tiragem inicial - 50 exemplares
Poetas:
Bárbara Lia
Berenice Sica Lamas
Fran Ferreira
Jane Bodnar
Juliana Meira
Laís Chaffe
Luciana Cañete
Maeles Carla Geisler
Maria Alice Bragança
Rebecca Loise
Sabrina Bandeira Lopes
Samantha Abreu
Sandra Santos
Berenice Sica Lamas
Fran Ferreira
Jane Bodnar
Juliana Meira
Laís Chaffe
Luciana Cañete
Maeles Carla Geisler
Maria Alice Bragança
Rebecca Loise
Sabrina Bandeira Lopes
Samantha Abreu
Sandra Santos
Friday, November 16, 2018
14ª Letra de Mulher - Roda de Conversa sobre Autoria de Mulheres
Neste 28 de Novembro sou a convidada do evento 14ª Letra de Mulher - Organização "Marianas".
Estão todos convidados para esta conversa sobre meus livros. Leitura de Textos e Trocas Poéticas.
Link para o evento:
https://www.facebook.com/events/258390614825614/
Monday, November 12, 2018
"Não o convidei ao meu corpo" - livro vencedor do Prêmio Nacional de Criação Literária da Editora Kazuá
fotografia - Tê Caroli
Notícia no site da Editora Kazuá:
"
Grande campeã do Prêmio Kazuá de Literatura
É com grande prazer que anunciamos a obra vencedora do Prêmio Nacional de Criação Literária da Editora Kazuá!
Promovido entre 2017 e 2018, o Prêmio Nacional de Criação Literária da Editora Kazuá contemplou uma série de obras em diversas categorias, em como promoveu menções honrosas e indicações de publicação. O prêmio mais aguardado, porém, é a bonificação em dinheiro no valor de R$5000,00 prevista em edital, e que teve como concorrentes seis obras finalistas que foram selecionadas pela comissão julgadora. Sendo elas:
“Duas Cruzes”, de José Vecchi de Carvalho
“Fotografias desmemoriadas de mim, de ti, de outrem”, de Francisco Alves
“Fragmentos de Espanha”, de Francisco Evandro
“Não o convidei ao meu corpo”, de Barbara Lia
“Quem vigia o vigia”, de Núbia Bento Rodrigues
“Sem medo, sem rumo”, de Bárbara Teles
Os seis finalistas ficaram incumbidos de decidir entre si, por meio de voto individual e secreto, qual obra deveria ser a contemplada com o prêmio, não podendo, claro, votar em si mesmo. Assim sendo, desferidos e contabilizados os votos, a obra premiada, votada 3 vezes, é a da autora Bárbara Lia, intitulada “Não o convidei ao meu corpo”, publicada pela Editora Kazuá em 2018."
Link para a Kazuá - aqui
Thursday, November 08, 2018
BUNKER 14B
Meu momento cronista: na página 07 a crônica "Bunker 14B" - na coluna "Luzes da cidade", edição 102 do jornal Brasil de Fato Paraná.
Wednesday, November 07, 2018
a mulher que se retira
Por pura coincidência meus livros trazem imagens de mulheres de costas. A esta sincronia na sequencia das capas destes livros eu chamei - A mulher que se retira...
Alguns outros livros artesanais também replicam esta mesma imagem de mulher de costas.
Esquecendo a mensagem escondida em cada gesto, evento e momento, eu preciso falar sobre algumas coisas que aconteceram por estes dias.
Passado um ano da morte da minha editora Carmen Silvia Presotto, a Vidráguas enviou alguns exemplares dos livros que lancei via editora da Carmen. Parece mentira, sempre, que ela não está mais nesta dimensão...
Como o Natal se aproxima. E é sempre bom ganhar um livro. Pensei nestes exemplares e em uma forma de espalhar poesia e prosa por aí. Não posso vender mais que quinze exemplares dos livros - Vidráguas - apenas "As filhas de Manuela" tenho mais exemplares. A tiragem de - As filhas de Manuela - foi de 500 livros e tenho pouco mais de cem livros...
Para o Natal vou disponibilizar os livros acima por R$.25,00 cada um.
Com uma promoção de R$.50,00 para comprar os três.
Com dedicatória ao presenteado...
Maiores informações e compra via meu e-mail barbaralia@gmail.com
Constelação de Ossos. Romance, editado em 2010. Uma resenha de Paula Cajaty - basta clicar aqui.
Forasteira. Poesia. Editado em 2016. Apresentação do poeta Fernando Koproski. Para ler alguns poemas no site Mallarmargens, clicar aqui.
As filhas de Manuela. Romance - Realismo Mágico. Menção Honrosa no Prémio Fundação Eça de Queiroz (Portugal).
Tuesday, October 02, 2018
Dom Lácio - Romance
Capa final do romance - Dom Lácio
Semana que vem sai da gráfica.
Bruno Marafigo disse:: vontade de retocar as cores. Concordamos que estamos sempre a "retocar" imagens e textos, depois de impresso acaba nossa liberdade e desejo de mudar algo, sempre, sempre estamos mudando, mas eu sempre pensei que um livro, uma Arte, todas as coisas que passam por um processo de criação acabam por encontrar o momento certo de se materializar.
O processo da edição deste livro é intenso. Um projeto de financiamento coletivo, ser a editora - pela primeira vez - de um romance. As horas voam, o coração dispara, e logo vai ser este enredo a encontrar os leitores, a vida é mágica. E se o momento denso da pátria entristece, as horas que a Arte nos abraça acabam por ser uma espécie de curativo no coração: estamos vivos, resistimos, e novos dias trarão estes homens/flores, não fuzis, homens girassóis, homens com uma Pátria no coração e pétalas no olhar.
Abrir um livro, um nirvana - no blog Tabacaria
“
A sala de estar” (1941-1943), de Balthus (1908-2001)
Grata ao Sidnei Ferreira pelo convite para dar este depoimento-
link para o texto sobre minhas experiências como leitora.
https://sidneif.wordpress.com/2018/09/24/abrir-um-livro-um-nirvana/
A sala de estar” (1941-1943), de Balthus (1908-2001)
Grata ao Sidnei Ferreira pelo convite para dar este depoimento-
link para o texto sobre minhas experiências como leitora.
https://sidneif.wordpress.com/2018/09/24/abrir-um-livro-um-nirvana/
Tuesday, September 25, 2018
Última chamada para o expresso Dom Lácio / Psappha - saindo da estação Poesia
"Dom Lácio" é um romance que escrevi em 2016, centenário do nascimento do meu pai. É uma homenagem. Uma novela que narra a trajetória de um quixote tropical que percorre as quatro estações da vida meio a amor, perdas e aventuras.
Para adquirir este novo livro basta aderir ao projeto catarse.
Encerra dia 26/09 23h59m
Falta pouco.
Depois, apenas uns trinta exemplares ficarão disponíveis para compra.
Caso queira um desrtas basta escrever para psapphapoetry@gmail.com
O processo do financiamento coletivo e da edição do livro flui da forma que mais amo. Muitas pessoas incríveis nesta edição, com ilustração do artista plástico, design, desenhista, Bruno Marafigo.
Muita poesia envolvida.
Feliz, mesmo sem atingir a meta do projeto. Um novo livro nasce. Felicidade! Sempre.
link para o catarse:
https://www.catarse.me/psappha_dom_lacio_6227
Thursday, September 20, 2018
Herança - uma crônica no jornal Brasil de Fato
Página 07 - Brasil de Fato (PR) - Edição 97 - Ano 3 - A convite do poeta e jornalista Pedro Carrano, esta estréia na coluna - Luzes da Cidade.
link para o jornal:
https://issuu.com/brasildefatopr/docs/bdf97web
Tuesday, August 21, 2018
As mulheres poetas na literatura brasileira - volume 2
As mulheres poetas na literatura brasileira - volume 2 - pode ser lido nesta plataforma.
Participo com alguns poemas.
Lindo trabalho do poeta Rubens Jardim, meus poemas entraram na edição 14 do projeto original, e no volume 2 da coletânea.
link para o livro
https://issuu.com/rubensjardim/docs/livro_mulheres_poetas_volume_2
Sunday, July 29, 2018
Querida Hilda #5
Querida Hilda,
Bem longe das polêmicas e dos eventos eu vou levar tua voz flanando na canção (You'll never know):
"Você nunca saberá o quanto eu sinto sua falta
Você nunca saberá o quanto eu me importo ..."
Toda ternura escondida além da cortina do escárnio. Se é possível sentir saudade de quem nunca dividiu a vida contigo, esta saudade eu sinto de você.
A obscena senhora.
A insondável senhora.
Ao te ver cantar lembrei que amava cantar quando era menina, amava cantar diante do espelho quando era menina-moça, penso que minha personagem Lynx em Constelação de Ossos é o meu lado cantora, o meu lado que vive mergulhado na música desde sempre. Como se fosse meu combustível. Cada tempo da minha vida, cada amante, cada instante, para cada um existe uma trilha sonora, que evocam estas canções, como esta que pudemos ver/ouvir hoje na Flip. Vou ver o filme para te ver cantar. Vou esquecer que com o tempo ficou difícil dançar, mas posso cantar, sim eu posso...
Saturday, July 28, 2018
Querida Hilda #4
Querida Hilda,
Escrever é captar a essência do
mundo. Sempre fiquei parada diante dos teus poemas como quem encontrou o
bordado mais perfeito do sentir profundo. Aquilo que a gente tenta extrair de
dentro do dentro e que para isto se desdobra, sangra, se contorce. Observando
as mulheres escritoras que falam naquele pequeno palco, suas palavras de feras,
suas palavras sublimes, suas palavras de pacificação, de guerreira que sabe que
é preciso lutar, não lutar como se fosse um pequeno desejo de vencer e se
sentir maior, mas pelo desejo de pacificar. Pacificar um mundo estremecido, sem
farol, sem Amor. Imaginei o teu espectro silencioso na última fileira de um
lugar a se sentir representada, com uma alegria póstuma, com uma lágrima de
pequena revolta. Assim vivem os poetas no mundo. A sensibilidade de Gabriela Greeb, aquelas
falas sobre as sincronias, sim, nós poetas vivemos nesta aura totalmente
cooptada pelas estrelas, lá onde engendram caminhos, e somos íntimos das
sincronias. Para Gabriela era como se fosse um mundo paralelo, para ela era o
espanto de perceber signos em cada passo da filmagem de um documentário.
Amei a fala da Maria Tereza Horta
sobre o mundo dominado por homens e como este mundo chegou onde está. Quem sabe
se eles começassem a dividir a tarefa de – governar o mundo – e tornar este
mundo como deve ser, as duas essências humanas a decidir caminhos, quem sabe...
A beleza iluminada de Igiaba
Scego, seu mundo repartido, sua identidade bipartida. Italiana com ascendência Somali. Como estes escritores
oriundos do continente africano vivem esta dualidade, estas contradições. A
ternura dela com nosso País, nossa música. Uma pequena mulher infinita.
Não consegui ver todos as mesas, mas estão ali palavras guardadas que eu precisava ouvir neste momento da vida - sincronias?
A beleza sonora de Jocy Oliveira. Uma obra que precisa ser alardeada. O mundo fica sonoro, colorido, pleno de pequenos flashbacks aquilo que você esqueceu, aquilo que a Flip vem soprar: a Arte é o teu oxigênio, não morra diante do infinito que te rodeia.
A sensibilidade de Joselia Aguiar
inaugura um tempo onde um debate no evento ajuda a elevar nosso espírito e
ajuda a tocar mil lugares e pessoas e ajuda a descobrir que a Poesia ainda
vive, sobrevive, pulsa em veias incendiadas e todo o cansaço de um tempo que
nos vence debanda, a luz da Arte vai tomando conta e fica um desejo de que a
gente volte a ser quem constrói palavras com cuidado, como você, Hilda, as
muitas maneiras de ser quem protesta
neste mundo De muitas formas, no silêncio
de um lugar, com as palavras, apenas com as palavras, esta potência inexata que
precisamos moldar, alquimia corajosa,
dizer da Vida, dizer desta única aventura que nos é dada.
Igiaba Scego:
Maria Tereza Horta
Friday, July 27, 2018
Querida Hilda #3
Querida Hilda,
Se você fosse mais secreta eu a
veria na penumbra de um jardim onde choveu o dia todo e durante a noite o
lusco-fusco de um poste antigo iluminaria teu vulto, você seria magra,
elegante, quieta, parada diante de uma árvore de flores azuladas. O perfume de
um jardim lavado de céu é alguma coisa que torna nossa aura leve, que ajuda a
fazer o sangue acalmar nas veias. Se você fosse secreta, se eu não soubesse tua
vida inteira, amores, amigos, pensamentos, sua mania de ficar perscrutando o
etéreo para encontrar Kafka . Se você fosse – a secreta – eu poderia
confundir-te com esta outra Hilda, esta que ninguém sabe... Aliás, esta sobre a
qual sabem menos ainda. Lembro que em um ambiente universitário, no tempo de um
trabalho temporário, eu ficava chocada ao perceber que você não existe para
tanta gente. Eu vivia a perguntar: já leu Hilda Hilst? Ninguém sabia da tua
poesia. E penso na outra Hilda, que até hoje não sabem, ou sabem menos ainda.
Hilda Machado, corte de força
na carne da alma. Uma poesia rascante que traz atado um bafo de seda, uma delicadeza
de dama que chega e sai calada, como uma deusa do cinema... Quem sabe foi
assim, o tempo que ela passou por aqui, elegância sempre.
Muito lindo ouvir os poemas
dela na Flip, na voz de Ricardo Domeneck.
Desculpe Luiz Gama, mas aqui é
o lugar das meninas do mundo, então vou falar de Hilda, vou voltar a falar das
Hildas. Eu fiz um poema para elas, eu as olho como quem deseja se aproximar
destes vultos femininos, mentes brilhantes, ironia perfumada. Muito lindo
lembrar, muito lindo tentar não esquecer e enaltecer poetas menos aclamadas,
mais notadamente Hilda Machado.
Feliz com elas, por elas, pela
poesia, pela noite, pelo jardim florido, pelas vozes capturadas no éter, pelas
vozes que calam, pelas vozes caladas que alcançam corações de quando em quando,
como estrelas cadentes acendendo almas e olhares.
Viver é precioso.
¨***
Miscasting
“So you
think salvation lies in pretending?”
Paul Bowles
Paul Bowles
estou
entregando o cargo
onde é que assino
retorno outros pertences
um pavilhão em ruínas
o glorioso crepúsculo na praia
e a personagem de mulher
mais Julieta que Justine
adeus ardor
adeus afrontas
estou entregando o cargo
onde é que assino
há 77 dias deixei na portaria
o remo de cativo nas galés de Argélia
uma garrafa de vodka vazia
cinco meses de luxúria
despido o luto
na esquina
um ovo
feliz ano novo
bem vindo outro
como é que abre esse champanhe
como se ri
mas o cavaleiro de espadas voltou a galope
armou a sua armadilha
cisco no olho da caolha
a sua vitória de Pirro
cidades fortificadas
mil torres
escaladas por memórias inimigas
eu, a amada
eu, a sábia
eu, a traída
agora finalmente estou renunciando ao pacto
rasgo o contrato
devolvo a fita
me vendeu gato por lebre
paródia por filme francês
a atriz coadjuvante é uma canastra
a cena da queda é o mesmo castelo de cartas
o herói chega dizendo ter perdido a chave
a barba de mais de três dias
vim devolver o homem
assino onde
o peito desse cavaleiro não é de aço
sua armadura é um galão de tinta inútil
similar paraguaio
fraco abusado
soufflé falhado e palavra fútil
seu peito de cavalheiro
é porta sem campainha
telefone que não responde
só tropeça em velhos recados
positivo
câmbio
não adianta insistir
onde não há ninguém em casa
os joelhos ainda esfolados
lambendo os dedos
procuro por compressas frias
oh céu brilhante do exílio
que terra
que tribo
produziu o teatrinho Troll colado à minha boca
onde é que fica essa tomada
onde desliga
onde é que assino
retorno outros pertences
um pavilhão em ruínas
o glorioso crepúsculo na praia
e a personagem de mulher
mais Julieta que Justine
adeus ardor
adeus afrontas
estou entregando o cargo
onde é que assino
há 77 dias deixei na portaria
o remo de cativo nas galés de Argélia
uma garrafa de vodka vazia
cinco meses de luxúria
despido o luto
na esquina
um ovo
feliz ano novo
bem vindo outro
como é que abre esse champanhe
como se ri
mas o cavaleiro de espadas voltou a galope
armou a sua armadilha
cisco no olho da caolha
a sua vitória de Pirro
cidades fortificadas
mil torres
escaladas por memórias inimigas
eu, a amada
eu, a sábia
eu, a traída
agora finalmente estou renunciando ao pacto
rasgo o contrato
devolvo a fita
me vendeu gato por lebre
paródia por filme francês
a atriz coadjuvante é uma canastra
a cena da queda é o mesmo castelo de cartas
o herói chega dizendo ter perdido a chave
a barba de mais de três dias
vim devolver o homem
assino onde
o peito desse cavaleiro não é de aço
sua armadura é um galão de tinta inútil
similar paraguaio
fraco abusado
soufflé falhado e palavra fútil
seu peito de cavalheiro
é porta sem campainha
telefone que não responde
só tropeça em velhos recados
positivo
câmbio
não adianta insistir
onde não há ninguém em casa
os joelhos ainda esfolados
lambendo os dedos
procuro por compressas frias
oh céu brilhante do exílio
que terra
que tribo
produziu o teatrinho Troll colado à minha boca
onde é que fica essa tomada
onde desliga
Hilda Machado
***
agora finalmente estou
renunciando ao pacto
rasgo o contrato
devolvo a fita
Hilda Machado
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
Hilda Hilst
rasgo o contrato
devolvo a fita
Hilda Machado
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
Hilda Hilst
Se eu me chamasse Hilda seria poeta irônica
Evocaria antigos deuses - júbilo amorável
Desfaria contratos usando a Poesia e diria
Nuvem de organdi – metáfora acariciante
Se eu fosse Hilda deixaria a casa nas manhãs
Adentraria a floresta das palavras
Voltaria com o almoço, o jantar e a sobremesa
Viveria do verbo, devoraria nas noites:
Megatério & Ilharga
Trufas & Mimesis
Floema & Mórula
Minha alma jamais teria fome
Escreveria como quem habita outro mundo
O mundo das rainhas com senso de humor
Viveria tal qual agora - sem amor -
Mas, com um vendaval de mistérios
Costurados na saia de poeta
Não sou Hilda Machado ou Hilst
Sou bárbara poeta que teima
Em cantar o feminino com cuidado
Para que todos entendam da palavra – Mulher –
O significado
Bárbara Lia
Flip 2018
Depois da mesa 7
10h00 | mesa 7
poeta na torre de capim
Lígia Ferreira
Ricardo Domeneck
Hilda Machado
Thursday, July 26, 2018
Querida Hilda #2
Querida Hilda,
A vã filosofia engoliu a seco o tempo das aparências. Antes era nos rios antigos que a gente penetrava, aprendizes do belo, conclamando Camus e Kaváfis. A poesia é pedra consagrada em fogo demorado. Lenta e ofegante como uma ave que sobreviveu ao fim de um tempo e traz a única semente do novo tempo.
Hoje eu parei pra ver Gabriela e Vasco falarem sobre a experiência tua - Hilda Hilst pede contato...
E foi assim:
Você é linda!
A voz dela vem a mim enquanto Gabi diz o quanto é difícil penetrar o Universo de Hilda.
Tento lembrar o que ela me significa: eu que vivi ao lado, ao redor, como uma ama solitária em seu castelo de sol.
Lembro que és ponte para o rebuscado e tuas palavras imprimem coragem. Recolhimento. Até mesmo sua mágoa é amparada em lucidez poética.
Tento encontrar a palavra/definição sobre o que Hilda me significa.
Então soa a voz resoluta e pétrea, um pouco doce enleada em entusiasmo de Hilda:
- Você é linda!
Mesa 2 da Flip 2018
performance sonora
O filme é um ato xamânico. O cinema é melhor que o xamanismo (Vasco Pimentel)
Querida Hilda #1
Querida Hilda,
Contigo aprendi a solidão necessária. Não me escoro mais na era vitoriana de Emily Dickinson para que entendam a misantropia optada. Eu penso em ti que tocou este tempo cibernético e é você a pessoa que me diz: sim é possível ser quem vive em uma casa de sol, ou de areia, ou de sons, para respirar e viver sem contaminar a pele do poema. Eu devo a ti esta certeza de que é dentro da solidão, meio ao caos verdadeiro que as palavras clamam por materialidade.
Toda a mágoa ecoa quando o poeta ainda vive, como se ele não suportasse que ignorassem (não seu espectro humano e pequeno) mas a sua palavra filtrada recolhida daquele desconhecido ponto onde a criação expande. Mas o poeta está morto e não sabe que seu nome será lembrado, que seus poemas encontrarão milhares, que sua vida vai ser mostrada, a sua força fêmea de sol e estio. Então, o poeta morre, enquanto vivo clama por um olhar, e sofre por não perceberem suas mãos transbordantes de pepitas de ouro, diamantes raros...
Foi lindo aquele poema dos mais lindos na voz da grande atriz.
Foi lindo, mas fica esta ternura contaminada pela certeza de que é como uma espécie de maldição.
A Poesia nunca abençoa seus grandes poetas em vida.
Espero que você faça contato, e com sua bata azul caminhe por uma cidade onde seu nome será dito muitas vezes - cálido mantra que me acompanha há décadas.
PRELÚDIOS INTENSOS PARA OS DESMEMORIADOS DE AMOR
Tuesday, July 24, 2018
Trégua
Sincronias.
O mistério que enleia acontecimentos.
Achei especial o Andri Carvão incluir a palavra ensaio quando ele teceu algumas palavras sobre meu novo romance. Geralmente ressoa - romance e poesia - pois não importa o que eu escreva estou sempre escrevendo poesia. Sem perceber escrevi um livro que tende ao ensaio, e pensei nisto de forma consciente agora, nesta nova ideia que tento colocar no papel... Eu não esqueço Paul Klee e sigo ao redor de sua Arte. Como uma espécie de sinfonia inacabada cujas notas eu ainda estou a pintar em minhas paredes interiores.
A vida é plena de sincronias.
Alguns pensamentos de Klee, uma história de morte que conheci, um livro de amor que li... e a alquimia interna começa a criar um novo livro, e fiquei a pensar: existe romance ensaio?
No momento em que dois temas extremos me sugam (amor e morte à revelia), descubro que estes temas se unem em uma mesa na Flip.
Interdito - este é o título da mesa.
André Aciman - Autor de - Me chame pelo seu nome. Estou ao redor deste livro/filme há meses.
Leïla Slimani - Canção de Ninar.
Dois temas opostos - vida (amor) - morte (assassinato)
E uma ideia que teço há alguns meses.
Chamo isto de sincronia, pois a ideia que teço tem a ver com estes temas. Pessoas que matam crianças X Amor que lava todo o horror do mundo.
---
Sincronia é a mesa interdito trazer os dois em uma conversa.
Que haja transmissão ao vivo, pois eu nunca tenho grana pra ir à Flip.
Comecei a ler - Canção de Ninar.
Preciso não deixar perder o fio desta história.
Deus sabe quantas ideias esvaíram, pois a vida exige.
Que não evapore a ideia do meu romance/ensaio
Reservei os livros de todos que pediram pra reservar, quem iniciou um diálogo sobre o romance - não o convidei ao meu corpo - sobre adquirir o livro, mandem mensagens para o e-mail barbaralia@gmail.com
Como diria o lindo Elio elio elio elio: Trégua
imagem do site - de livro em lilvro
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La nave va...
Um dedo de prosa
Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...
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Amedeo Modigliani Paris e um amor Ode de absinto E dança A voz de Piaf acorda As pedras de um beco: “C'est lui pour moi Moi pour lui...
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Serviço: Lançamento da 2a. Temporada da websérie Pássaros Ruins Data: 11/09/2016 - Domingo Local: Cinemateca de Curiti...
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Javier Beltrán (Federico García Lorca) e Robert Pattinson (Salvador Dalí) em uma cena do filme - Poucas Cinzas - que revi e voltei a sentir...
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É incrível que elas tenham nascido na mesma data, Clarice em 10 de dezembro de 1920 em Chechelnyk, Ucrânia e Emily Dickinso...
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INSÔNIA Este é o século da nossa insônia Mentes plugadas em telas isonômicas Longe dos mitos e da cosmogonia Dopados de “soma” e ...
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(Leitura poética de “Trato de Levante”) Livre. O poeta é livre. Canta Neruda com amor revolucionário. Depois que tanto...
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Louis Garrel _ Cena de "La Belle Personne" de Christophe Honoré "o poeta escreve sobre oceanos que não conhece...