Wednesday, August 24, 2005
LUZES DE MARFIM
para ouvir a poesia:
https://soundcloud.com/b-rbara-lia/luzes-de-marfim-barbara-lia
Agora a poesia segue
é só o que me segue, afinal.
Sentidos de sol.
Primaveras de cerejas.
A tarde tocando teus cabelos,
brisa ao redor. Teu lábio.
Aquele beijo paterno
na testa da menina.
Vôos meus que seguiam borboletas.
As belas horas tatuadas no espírito
liberto do grito inútil.
Fixado no etéreo, os sonhos
flanando quimeras em asas de seda,
o infinito aplaudindo em luzes de marfim.
- Bárbara Lia -
Uma didática da Invenção.
IX
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
Manoel de Barros.Fragmento de Uma didática da Invenção.
Algumas coisas que me fazem feliz: Os alunos que me encontram e dizem – a professora dos poemas – e não, a professora de História – o vizinho do andar de cima que pergunta sempre quando sai o outro livro, pois amou os meus poemas “profundos e belos”, os recados que recebo com carinho sincero... A minha poesia é aceita, amada e compreendida pelas pessoas comuns... A minha poesia já está alcançando a rua, ela já cruzou o portal de buganvilias que existe na frente do meu jardim... não quero fama – enseada oca sem mérito algum – eu quero a bela cobra de vidro, o líquido vidro azul, as borboletas. A fama eu deixo para os tristes. As pessoas me ajudam a guardar as águas, a proteger a beleza, e é assim que eu faço cinqüenta anos, ao lado dos que amo, de poetas na alma, que poetas na alma ainda existem, de raros amigos, irmãos, e esses três filhos de ouro – meus mais perfeitos poemas – e por que sou mulher, e ainda brotam papoulas vermelhas dos meus poros, trago teu sorriso na alma, ele lembra a lua de Isfahan no céu safira, chuva de estrelas, sinfonia de Bach, ampulheta que a gente vira para começar a contar de novo o tempo. Uma sucessão de cenas, que evocam um homem que é poema & música.
Manoel de Barros.Fragmento de Uma didática da Invenção.
Algumas coisas que me fazem feliz: Os alunos que me encontram e dizem – a professora dos poemas – e não, a professora de História – o vizinho do andar de cima que pergunta sempre quando sai o outro livro, pois amou os meus poemas “profundos e belos”, os recados que recebo com carinho sincero... A minha poesia é aceita, amada e compreendida pelas pessoas comuns... A minha poesia já está alcançando a rua, ela já cruzou o portal de buganvilias que existe na frente do meu jardim... não quero fama – enseada oca sem mérito algum – eu quero a bela cobra de vidro, o líquido vidro azul, as borboletas. A fama eu deixo para os tristes. As pessoas me ajudam a guardar as águas, a proteger a beleza, e é assim que eu faço cinqüenta anos, ao lado dos que amo, de poetas na alma, que poetas na alma ainda existem, de raros amigos, irmãos, e esses três filhos de ouro – meus mais perfeitos poemas – e por que sou mulher, e ainda brotam papoulas vermelhas dos meus poros, trago teu sorriso na alma, ele lembra a lua de Isfahan no céu safira, chuva de estrelas, sinfonia de Bach, ampulheta que a gente vira para começar a contar de novo o tempo. Uma sucessão de cenas, que evocam um homem que é poema & música.
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