Esses dias,
eu já não me espanto
com a forma como o mundo me envolve
cada vez que saio para a montanha
e com a melodia infantil, meio mágica,
que o vento me assobia ao andar pela estrada
ao amanhecer.
As coisas hoje são assim.
E quase toda noite, eu conto as estrelas
e sempre encontro o mesmo número delas;
e quando as estrelas não aparecem para serem contadas,
eu conto os buracos onde elas deveriam estar.
E vou concluindo que não vale a pena
passar o tempo lembrando daquilo que dói.
Pensamentos assim são como aqueles velhos boleros
onde acontece uma porção de coisas
mas o refrão vai se repetindo sempre,
mesmo onde ele não combina.
GIL BRANDÃO
http://meuparedro.wordpress.com/
Wednesday, February 09, 2011
As Bárbaras dos Poetas
Endechas a Bárbara escrava
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.
U~a graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.
Luís de Camões
(vou publicando, conforme encontro, poesias de grandes poetas para alguma Bárbara - até Camões cantou Bárbaras)
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.
U~a graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.
Luís de Camões
(vou publicando, conforme encontro, poesias de grandes poetas para alguma Bárbara - até Camões cantou Bárbaras)
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