Sunday, November 29, 2009

Toquei seu berço silencioso

Bárbara Heliodora
.



Meu pai amava

A amada do poeta

Quando nasci

Ele cavou mistérios

Usou critérios

De Neruda

Pra convencer

Sua musa

Que o meu belo nome

Já havia nascido

.

Uma montanha

Desenhada

Em meu berço

Todos os Josés do mundo

A devolver-me

A pergunta:

.

E agora?

.

Agora é tempo de mariposas

A menina escapa viva

Quando já está na boca das raposas

Menina ventania alma espinhada de rosas

Rasgando os véus do aço

Aço Aço Aço - dona das glosas

Segue cortando o inócuo

E as heras venenosas

.

O nome ouro de catedral

O nome sacro

De relâmpago e vendaval

O nome banido

Pela Coroa Imperial

.

Um patchwork mineiro dentro de mim:

Odes a Nise e restos do manto

Do Alferes

Orgasmos de Dona Beja

E água memorável

Labirintos de Rosa

Perfume de Diadorim

Um suspiro de Adélia

Um olhar de Drummond

.

Um dominicano a enviar-me

paz em postais

Dois poetas meninos

Vestidos de pedras e haicais

.

Milton voz de nuvem

cimento veludo mel

Nunca esqueci

a pedra no meio do caminho (1)

A voz do anjo torto

Sentado na pedra a sussurrar

Os sonhos não envelhecem (2)

“O cuitelinho não gosta

que o botão de rosa caia

ai ai ai”(3)

.

Nunca esqueci

que a festa acabou pra mim

E também pra José

.

Meu pai plantou-me

Em Minas

Deixou-me

Sem mar

Sem José

Sem amor

Minha herança

Sertões

Sonetos

Canções

.

Nunca foi meu este lugar

Nunca foi minha a minha casa

Estou só e longínqua

Meu nome é uma montanha

Minha sombra uma memória

Plantada naquela esquina

.

  1. Verso da poesia “No meio do caminho” – Carlos Drummond de Andrade
  2. Verso da canção “Clube da Esquina II” – Lô Borges e Milton Nascimento
  3. Versos da canção “Cuitelinho” – Paulo Vanzolini e Antonio Xandó
Bárbara Lia Tríade da Estrela Triste (livro inédito)
.

imagem retirada daqui

Cássio Amaral





Toque o vento
com a canção
que sintetiza chuva
gosto de vida
amizade sincera
um verso improvisado

Sinta a chuva
nos pingos que contam
profecias nas folhas
que amenizam o caminho


Toque o vento
sinta a chuva
a melodia brinca
no vento que invade a
estrada

Quando a vida é verso
e verso é reverso de
vida
Servida no chá para
as borboletas

Cássio Amaral

Curitiba - PR Janeiro de /09

Amiga, era este o poema que fiz pra você aí na sua Ctba.

Muita luz e um abração .


-



Cássio Amaral é meu irmão em poesia. Escrevi uma poesia em homenagem a Minas, meu nome veio de Ouro Preto - da Bárbara Bela / do norte Estrela. Cássio é o menino vestido de haicais e o Leonardo Fernandes é o menino vestido de pedra, pois ele mora em Pedralva.


o fragmento da poesia que li no dia do Café, Leite Quente e Poesia:


Um dominicano a enviar-me

paz em postais

Dois poetas meninos

Vestidos de pedras e haicais


- o dominicano é o Frei Betto que vez por outra manda notícias em pequenos postais e tem o poder da síntese - dizer tudo em poucas frases.


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