Thursday, January 03, 2013

Peabiru!




Recebi do Arléto Rocha este livro. Um passeio pelas ruas da cidade da infância. Banzo envolto em Beleza. Sempre esta Poesia que salta à flor dos dias, basta rememorar Peabiru. Neste livro os rostos são conhecidos, as ruas, a Praça onde a infância encantou com os pirilampos e estrelas confundindo-se na dança da felicidade, as brincadeiras noturnas em todos os domingos após a missa. As mães nos bancos a conversar sobre a vida, as crianças a correr em alegria desmedida. Peabiru. Só quem viveu lá capta este mistério. Como se fossemos assinalados para levar costurado em cada poro um encanto. O cara da rua tem vários nomes. Em um momento é meu inesquecível e mais que amado professor José, que durante as aulas de Francês falava de sua paixão por Rosa. Assinalou em brasa a Marselhesa dentro de mim, confesso que já tropecei nas linhas do Hino Nacional, mas, gravei a Marselhesa intacta. O professor de Geografia - Nely Pinheiro, a sua alma era tão grande como seu corpo, mapa de bondade a apontar as ruas do mundo. O professor de Português - Antonio Bassi. A cada página salta um mundo inteiro de um tempo onde não existia perigo. Onde só tive medo dos tipos da cidade. Nossas mães o usavam para nos colocar medo, lá tinha um mendigo que andava com um cajado e a cada esquina ele gritava bem alto - Tirrapadinho - era assim que eu ouvia e nunca soube o que ele queria dizer com isto. Uma saudade latente de um lugar onde as noites estancavam em estrelas aturdidas, desciam ao chão e brilhavam dentro das romãs, dentro dos olhos das crianças, dentro das palavras de um poema, dentro da vontade de ser feliz, e éramos. Peabiru é o meu lugar. Saí de Assaí com três aninhos. Não recordo a cidade onde nasci. Recordo este lugar de poeira e estrelas com uma saudade de pedra.







18 h no bar "O Torto" depois do Apocalipse - Bárbara Lia





Abriu o livro como quem encontra um tesouro e lá estavam as quatro belas fotografias do seu barco. Sorriu. Retirou as fotos de dentro do livro, recolocou o exemplar na estante. O olhar voltou ao livro de Ana Cristina Cesar. A imagem da moça triste fez desabrochar uma flor de saudade subitamente dentro dele, uma flor que violentou seu coração e rasgou tudo acima da camisa, uma flor-lâmina cortando o coração e abrindo os ossos do seu peito e brilhando branca de luz e certeza - Estava se apaixonando pela desconhecida... Respirou fundo e abriu o livro, leu uma poesia, fechou o livro, recolocou-o no lugar e saiu a duros passos daquele passado perfumado para o qual ele não queria voltar, com as palavras de Ana C. vibrando na alma e os pelos arrepiados.

tenho uma cama branca
          e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
          e limpa à minha espera.

Samuel ansiando entrar na vida branca da menina, na cama branca e limpa, no corpo branco, mudo convite.

mínimo foragmento do romance inédito 18 h no bar "O Torto" depois do Apocalipse - Bárbara Lia

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...