Sunday, October 25, 2009

Hart Crane


Brooklin Bridge com Lower Manhattan ao fundo - foto do site - http://www.skyscrapercity.com/

............ALVORADA NO PORTO (Hart Crane) - fragmento


. ..................Quatrocentos anos, mais de quatrocentos anos…
.....................será da margem silenciosa do sonho que o tempo…
.
Insistentemente, uma maré de vozes
Vem ao teu encontro, algures a meio de um sonho.
São sons longos, fatigados, nebulosos,
Gongos em sobrepelizes brancas, gemidos de além-túmulo,
Sirenas de nevoeiro, sinais dispersos e tão velados.
.
Um camião desloca-se preguiçosamente pelo cais,
Os guinchos vibram sobre o convés de um cargueiro,
Lá em baixo, as imprecações e os passos de um estivador bêbado
Ressoam através das ruas enevoadas pela neve.
.
E se acaso te roubam o sono, por vezes
De novo te o devolvem. Suaves bolsas de som
Velam o porto escurecido, a baía aconchegada;
Algures lá fora, na claridade, o vapor
Em vapor se derrama, e vagueia, levado-lavado
.
perturbado pela sonoridade fria dos silvos, redemoinhando
Por entre distantes e as bóias tilintantes, à deriva. O céu
Fresco rebanho de plumagem, suspende, destila
Esta flutuante dormência... Vagarosamente -
Desde tempos imemoriais, a janela, a cadeira semi-nua
.
Mais não pedem que esta bainha de pálido ar.
....................................…te regressa ao amor num sonho acordado
.............................................para fundir a tua semente…

(...)

pérolas da internet: um arquivo com sete traduções de Hart Crane
UMA TRADUÇÃO DE SETE POEMAS DE THE BRIDGE, DE HART CRANE
JOÃO DE MANCELOS:

http://www4.crb.ucp.pt/Biblioteca/Mathesis/Mat9/mathesis9_315.pdf

página de João de Mancelos
http://mancelos.com.sapo.pt/

Estante #28


Há noites a desviarem imperceptivelmente o podador enxameado de sol
para morderem o compromisso dos fluidos na estrada branca
como colérico Agosto coado nos cabelos combatentes das raparigas
Estes peixes luminosos enfaixados na aventura essencial das árvores
dançam na meditação das barragens
até se dissolverem na prosperidade dos olhos nocturnos
Estas vagas dilaceradas vergastam um alfabeto de iluminações
na penetração medicinal das sombras
e as difusas muralhas de orvalho levantam-se nas cinturas
de fruta para rolarem no areal argiloso das coxas
e uma das raparigas sustenta incompreendida
todo o corpo do verão nos peitos demasiadamente aromáticos porque
singra puramente nas virações das águas bravias
onde a cúpula lenta das espigas se cerra com os relâmpagos de nácar
cheios de pássaros pontiagudos

O EXTERNO TATUADO DA VISÃO
LUIS SERGUILHA
editorausência, 2002

La nave va...

Um dedo de prosa

  Um Dedo de Prosa é um híbrido entre encontro de ideias, palestra e debate com o escritor, quer seja realizado em salas de aula, biblioteca...