Tuesday, July 14, 2015

Este "Sim" com fecho éclair








Liberdade da boca pra fora é de barro
Liberdade da boca pra dentro é jardim
Luta da Mulher enoja o mundo feito escarro
Esta gosma rosa quase ninguém olha
Cortam voos destas asas menstruadas
Com vontade de que fique na retórica
Desejo que todas se conformem - Evas
A insistência das costelas adormecidas
Na liberdade monitorada por satélite
Vida ao cubo: Mãe, provedora fêmea
Engolindo este "sim" com fecho éclair
Dentro mil nãos repartidos em gavetas
Como homens bombas - sem saída
Vão à luta para não morrer cerceada
Que riqueza há em ser só - adereço?
Se não for, saiba - vai pagar o preço
Que dor é esta que insulta o mundo?
Dor latente do leite e do sangue XX
Mulher lacrada não pode ser - Sim
Fecho éclair navalha – sobe / desce
O mundo continua a achar estranho
As flores vomitadas nas penumbras
De jardins que floresceram súbito
Em lares canônicos, uniões inócuas
Sim! O que se quer é um sim liberto
Um sim sem fecho éclair navalha
Um sim sem prazo de validade
Sem argola de detento no vestido
Avenidas hão de conhecer o perfume
Das flores soltas, leves, em liberdade
Sou mulher pago o preço da ousadia
A utopia: sonhar um jardim para dois
Um dividir, sem confrontos, rupturas
Que cada um seguisse com suas asas
Muito alto, sempre mais. Haja alturas!...
Bárbara Lia

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