Sempre achei linda esta página - Poesia dos Brasis - e hoje estou lá:
Friday, December 30, 2016
Thursday, December 22, 2016
3 poemas de "forasteira" no site mallarmargens
Para encerrar o ano, três poemas do meu livro "Forasteira" no site Mallarmargens.
link para as poesias;
http://www.mallarmargens.com/2016/12/3-poemas-de-forasteira-de-barbara-lia.html
Ilustração – Eleusis by Marcin Owczarek
link para as poesias;
http://www.mallarmargens.com/2016/12/3-poemas-de-forasteira-de-barbara-lia.html
Monday, December 12, 2016
pedra
coloquei-o em um altar
segue branca a pele amada
agora pedra
segue luz a vazar
do plátano olhar
belleza de un ángel
beijo os pés de pedra
com ânsia de tocar os pés no chão
areia e sonata e todo azul
uma cena invade a imaginação
risos e água e dentro a interrogação
me quer? não me quer?
me quer? não me quer?
tudo vira cena de filme de Deborah Kerr
ao rolar na onda espumada
ele diz que me quer sem falar
lábios de sal e céu a me beijar
e “aquilo maravilhoso” – pedra -
algo de pedra a substituir a fala
me quer me quer me quer
canta um pássaro rouco voyeur
e eu beijo sorrindo - você
segue branca a pele amada
agora pedra
segue luz a vazar
do plátano olhar
belleza de un ángel
beijo os pés de pedra
com ânsia de tocar os pés no chão
areia e sonata e todo azul
uma cena invade a imaginação
risos e água e dentro a interrogação
me quer? não me quer?
me quer? não me quer?
tudo vira cena de filme de Deborah Kerr
ao rolar na onda espumada
ele diz que me quer sem falar
lábios de sal e céu a me beijar
e “aquilo maravilhoso” – pedra -
algo de pedra a substituir a fala
me quer me quer me quer
canta um pássaro rouco voyeur
e eu beijo sorrindo - você
Bárbara Lia / 2016
Imagem - ''From Here To Eternity'' ; Burt Lancaster, Deborah Kerr
Friday, December 09, 2016
Para Emily & Clarice
É incrível que elas tenham nascido na mesma data, Clarice em 10 de dezembro de 1920 em Chechelnyk, Ucrânia e Emily Dickinson em 10 de dezembro de 1830 em Amherst, Massachusetts.
Nossa grande Clarice e a inesgotável e inacreditável poeta Emily Dickinson, que eu amo e amo...
Meu amor por elas e minha homenagem neste dia. Diálogos que nunca terminam...
Só resta dizer: vocês tem noção do que fizeram com a gente?
Eu vou passar a vida a perfurar estes solos inesgotáveis: Emily & Clarice.
“A real cicatriz você tem?” *
Signo de Salomão
Na palma
Napalm na pele
Da alma
Tatuagem recebida
No berço
Caligrafia de Deus
- Risco estrela -
Que oblitera a pele canela
O mel de flor evaporada
Os traços arcaicos
Incinerados no espelho
Reflete
Em branca fogueira
Intacta
Minha alma
Ignorata
Na palma
Napalm na pele
Da alma
Tatuagem recebida
No berço
Caligrafia de Deus
- Risco estrela -
Que oblitera a pele canela
O mel de flor evaporada
Os traços arcaicos
Incinerados no espelho
Reflete
Em branca fogueira
Intacta
Minha alma
Ignorata
Bárbara Lia
A flor dentro da árvore/2011
A flor dentro da árvore/2011
* o título do poema é um verso de Emily Dickinson,
assim como de todos os poemas deste livro
.
“Enquanto eu inventar Deus. Ele não existe.”
(Clarice Lispector)
.
Sempre a colidir com Deus
Nas horas incríveis
Nas horas túrgidas
Nas horas cruas
Mas, no dia a dia – Deus esfuma
Eu sempre quis ser íntima
Brincar com ele
Qual na infância
Como se ele fosse um vizinho
Que se chama pelo vão da cerca:
— Vê as amoras maduras?
Vamos devorá-las depois do pique esconde?
— Pena. Amanhã eu vou. Hoje fiquei de castigo
(A mãe dele o tira da janela e fecha a cortina.
Antes acenamos um ao outro, um pouco tristes)
Nas horas incríveis
Nas horas túrgidas
Nas horas cruas
Mas, no dia a dia – Deus esfuma
Eu sempre quis ser íntima
Brincar com ele
Qual na infância
Como se ele fosse um vizinho
Que se chama pelo vão da cerca:
— Vê as amoras maduras?
Vamos devorá-las depois do pique esconde?
— Pena. Amanhã eu vou. Hoje fiquei de castigo
(A mãe dele o tira da janela e fecha a cortina.
Antes acenamos um ao outro, um pouco tristes)
Bárbara Lia
(Memento - 2016)
Friday, December 02, 2016
Pássaros ruins
INSÔNIA
Este é o século da nossa insônia
Mentes plugadas em telas isonômicas
Longe dos mitos e da cosmogonia
Dopados de “soma” e monotonia
Mentes plugadas em telas isonômicas
Longe dos mitos e da cosmogonia
Dopados de “soma” e monotonia
Este é o século lavado à amônia
Escravos cardíacos da luz de néon
Escravos maníacos dos mantras
Escravos agônicos do abutre Mamon
Escravos cardíacos da luz de néon
Escravos maníacos dos mantras
Escravos agônicos do abutre Mamon
E havia esperança no pássaro
Havia luz nas colmeias tardias
Havia ar nas barricadas de Paris
Havia armar-te. Havia amar-te... Havia.
Havia luz nas colmeias tardias
Havia ar nas barricadas de Paris
Havia armar-te. Havia amar-te... Havia.
BÁRBARA LIA
Ficha Técnica
Direção e Trilha: Adriano Esturilho I Curadoria: Ricardo Pozzo I Produção: Samara Bark I Ass. de produção: Gustavo Borralho I Montagem e Fotografia: Giuliano Andreso I Assistência de fotografia: Lucas Kosinski I Captação de Áudio: Lucas Maffini I Figuração: Bella Souza I Desenho de Som: João Caserta I Gravação Trilha: Estúdio AudioStamp I Realização: Processo Multiartes e Casazul
diálogo com Clarice Lispector
"mil luzes de orvalho"
"crucificada pela lassidão"
"arranho uma chaga"
Clarice Lispector
**
quem volta
para abraçar
um pássaro
não o encontra
mais
**
liquefaz o sangue do sol
em mil luzes de orvalho
ameniza!
estica o tempo
feito orgasmo
de rainha
em mil luzes de orvalho
ameniza!
estica o tempo
feito orgasmo
de rainha
**
diálogo poético com Clarice Lispector, a ideia era escrever poemas a partir da leitura dos contos dela, como garimpo, eu procurava palavras e frases poéticas dentro de cada conto e escrevia u poema, um exercício poético que rendeu doze poemas até aqui... mas veio a finalização de "Forasteira" e o lançamento, agora fico aqui sem saber se sigo na poesia dialogando com Clarice, se termino um romance estancado em sessenta páginas e que pretendo terminar até maio... a vida de quem escreve é - no mínimo - insana...
imagem - erika kuhn
Tuesday, November 29, 2016
poema na revista gueto
A Revista Gueto é uma nova revista literária, editada por Jerome Knoxville e Amanda Sorrentino. Hoje a Gueto publicou um poema do livro "Forasteira", no link abaixo
Thursday, November 24, 2016
algumas poesias no Paraná Imprensa
"Com seriedade e profundidade Bárbara Lia foi trabalhando o seu estilo até chegar à maturidade literária. Seus livros de poesia possuem técnica e essência."
Isabel Furini publicou poemas meus lá no Paraná Imprensa. Gracias Isabel
link para os poemas:
http://www.paranaimprensa.com.br/isabel-furini-poesias-de-barbara-lia/
Thursday, November 10, 2016
De Amor e Revolução – A poesia libertária e anárquica de Jr Bellé
(Leitura poética de “Trato de Levante”)
Livre. O poeta é livre. Canta Neruda com amor
revolucionário. Depois que tantos esqueceram Neruda e sua verve humana. Mesmo
eu o esqueci em um escaninho triste, há vinte e dois anos e mais algumas
auroras, deitada na solidão de um quarto, a ler o livro – Cartas de amor de
Neruda – a caminhar ao lado do poeta pelas ruas de Santiago em seus vinte anos e seu amor desesperado. Com sua capa negra e o coração estourando o peito. Amava Neruda, sua biografia
e seu canto amorável – geral e eterno. Como alguém que vem para te ajudar a atravessar
a ponte perigosa, ele foi um irmão mais velho que segui por alguns anos e não
mais visitei. Ingrata. Esta ingratidão não permeia a fronte de Jr Bellé. É o
poeta chileno que ele leva para dentro de seu romance “Trato de Levante”, em um
amalgama de poesia, ficção, grito anárquico, canção de amor... É tudo isto e é
mais. É um livro surpreendente, onde não há medo, vergonha, ou pudor em cantar
o que mora no coração de homens e mulheres, em tempos líquidos de perfis fabricados.
Uma utopia rasga páginas e inaugura uma revolução em um lugar de araucárias e
rio inventado - rio Varanda. Cada detalhe reverbera dentro em poesia: rio
varanda. Ganhei o dia. Lorca vaticinou: a
poesia é o impossível feito possível. E este romance escrito em poesia
torna verossímil um engajamento, sem igual, de toda a natureza ao redor, a
passos largos em uma narrativa épica poética a acompanhar os revolucionários. É
de uma beleza impar este adendo de exército da natureza a incorporar o levante:
“blocos de caramujos ressurretos” e o som da liberdade no “estardalhaço das
gralhas” e na “dinastia aérea dos falcões”. Formigas como “agentes infiltradas”.
O revolucionário e seus amores: Alice - o amor de ontem - envolve o corpo do poeta em um trotear de memórias. O livro infiltra enredos novos e reinventa, deixa de ser - a leitura sempre igual – de uma revolução. Traz dos confins de um poema de Ginsberg uma garota para o poeta amar: Valentina. O alter ego de Bellé não coloca amarras, nem no corpo nem na essência. Os personagens despidos de estereótipos são tão verdadeiros que é possível tocá-los. E quem viveu no Paraná se aconchega na paisagem a reconhecer as reentrâncias dos rincões, o rio a correr suave, o vapor da água que vai cair na erva. O mate, a partilha.
O revolucionário e seus amores: Alice - o amor de ontem - envolve o corpo do poeta em um trotear de memórias. O livro infiltra enredos novos e reinventa, deixa de ser - a leitura sempre igual – de uma revolução. Traz dos confins de um poema de Ginsberg uma garota para o poeta amar: Valentina. O alter ego de Bellé não coloca amarras, nem no corpo nem na essência. Os personagens despidos de estereótipos são tão verdadeiros que é possível tocá-los. E quem viveu no Paraná se aconchega na paisagem a reconhecer as reentrâncias dos rincões, o rio a correr suave, o vapor da água que vai cair na erva. O mate, a partilha.
O poeta situou o levante em seu lugar de chegada ao
mundo: sudoeste do Paraná. A revolução que teve êxito, e que inaugurou um lugar
utópico sonhado. Pátria Livre. Sonho de tantos. As mais de trezentas páginas do
livro não pesam neste mergulhar em momentos que dizem tanto a todos nós que
somos os velhos sonhadores: a vida é mesmo feita de amor e revoluções. E uma
coisa é a outra. Não existe amor que não seja revolucionário. Não existe
revolução que não seja puro amor. Esta é apenas uma leitura poética de um livro
inacreditável. Onde sexo = amor. Só isto eleva o livro a um patamar de
maturidade interior que não se encontra em toda parte. Em um mundo onde sexo =
pornografia, onde tiram a humanidade de uma beleza e a transformam em pecado,
resta ler o encontro incendiado de Bellé e Valentina. Basta entrar naquele
quarto. Basta percorrer o poema “o poente orgasmo de Valentina”. O poeta tece a
vida como se fosse o último respiro. Esta urgência de tragar o sol. Esta agonia
de ver o tempo escorrer sem que todos possam conhecer a aurora da Liberdade, e
vivê-la e além, saber o que é preciso para forjá-la, com as mãos. Um poeta que
ama um poeta comunista. Uma simbiose de autor/personagem e um lugar, todo meu
por ser também o chão da minha chegada. Paraná, paranauês. Aqui onde concebi
meus próprios sonhos, e por isto foi mais que terno ler o poema abaixo, bem
antes de percorrer as páginas de “Trato de Levante”:
meus versos
são pinhão sapecado na brasa
de grimpa despencada
do alto da araucária
que a cada estalo
entalha-me
enfim
semente
de poesia
teu sangue, seiva de geada fria
paraná
tua alma de madeira forte e carpintaria impossível
*
*
O
livro apresenta uma poética livre de uma poesia potente, sem máscaras, crua e
nua, como deve ser a poesia. Capaz de chafurdar nossos sentires a cada
instante. Li como quem vê um filme, que belo filme daria. Ainda que até aqui
tenha apenas um curta inspirado no poema – o poente orgasmo de Valentina -
pensei em como esta revolução brilharia nas telas com uma beleza rara, esta que
permeei em um dia, lendo alucinadamente as páginas, sem descanso ou cansaço. Há
um caminho que eleva, ele passa pela poesia, ele passa pelas mãos de um jovem
poeta que tem algo a dizer. Acho que foi Leminski que disse que não existe
escrever bem, mas pensar bem. O pensamento de um jovem anárquico somado a esta
verve poética de qualidade, trouxe à luz dos nossos olhos esta pequena joia
paranaense. No final, o poema de amor rasgado - mais forte e pungente - é a
declaração de amor que ele faz à revolução. Sim é por ela e nela que o poeta
caminha, com a exatidão e a inevitabilidade das velhas geadas, ou do fogo, que
ferve a água para o mate, que ferve os corações para a vida... Esta que alguns
vivem em Liberdade e plenos de Amor.
Bárbara Lia
Poeta e Escritora
o poeta que amo é comunista
não tenho
dúvidas sobre meu coração anarquista
a assim
seguimos de versos dados
apertamos
o caudilho e disparo
meu pássaro
negro vara a tempestade
num desespero
libertário de vida
e de
morte
rima no
poente sangue de nosso povo sulamericano
as tintas
sílabas em teu vermelho de oceano
rebelde que
nunca se rende
não sei
se somos
ou nos
tornamos
tua poesia
tem densidade e cobre
verve vulcânica
aflora na altura dos Andes
pura lava
de copihue
que lavra
a brava
terra mapuche
****
link para Editora Patúa:
http://editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=255
link para o site do poeta Jr Bellé:
http://juniorbelle.com/
link para o site do poeta Jr Bellé:
http://juniorbelle.com/
Jr Bellé, ou Bellé Jr
Autor do livro Trato de Levante, Bellé Jr. nasceu em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná. Viveu em Curitiba, graduou-se em Jornalismo na UEPG e há quase seis anos habita São Paulo. Vive de escrever histórias e estórias. Trato de Levante é sua segunda obra poética.
***
trailer de trato de levante - curta de Ale Paschoalini baseado no poema - o poente orgasmo de Valentina
Wednesday, November 09, 2016
poema para uma madrugada tétrica...
não há dança
que possa
libertar
este mundo
apocalipse
em conta-gotas
posso tocar
a angústia
das flores
em seu último
suspiro
de beleza
desintegra
no ar
as arraias
de um pintor
futurista
que ainda
nem nasceu
não há
mais céu
para os ideogramas
da revolução
necessário
inventar
outra língua
código secreto
para trocar
táticas
de salvamento
este é o tempo
triste e frio
no qual
o amor
se aquecerá
em uma vela
clandestina
e o ódio
em usinas
em cada esquina
que possa
libertar
este mundo
apocalipse
em conta-gotas
posso tocar
a angústia
das flores
em seu último
suspiro
de beleza
desintegra
no ar
as arraias
de um pintor
futurista
que ainda
nem nasceu
não há
mais céu
para os ideogramas
da revolução
necessário
inventar
outra língua
código secreto
para trocar
táticas
de salvamento
este é o tempo
triste e frio
no qual
o amor
se aquecerá
em uma vela
clandestina
e o ódio
em usinas
em cada esquina
(e não
faltará
vela)
faltará
vela)
Bárbara Lia - novembro (2016)
Tuesday, November 08, 2016
filha do Vinícius de Moraes com a Florbela Espanca: texto de apresentação do livro Forasteira pelo poeta Fernando Koproski (filho de Vinícius de um outro casamento)
Fernando Koproski: poeta paranaense, escritor e tradutor
Bárbara é minha irmã
por parte de pai. Ainda que hoje ela negue veementemente isso, e diga que é
filha do seu Ladercio com a dona Patrocínia, tenho certeza que ela é filha do
Vinicius de Moraes com a Florbela Espanca. Daí vem nosso parentesco. Só não me
perguntem como meu pai Vinicius pode ter tido em agosto de 1955 uma filha com a
poeta Florbela Espanca que uns dizem morreu em 8 de dezembro de 1930... Esse
tipo de coisa não se explica, pelo menos não no nosso mundo. Mas é o tipo da
coisa mais natural que pode acontecer no mundo de Alice. No país das
maravilhas, de onde ela veio, deve haver uma centena de explicações razoáveis
para que tal encontro aconteça. Posso até imaginar essa e outras questões,
completamente plausíveis na boca do Chapeleiro, enquanto ele toma um
tradicional chá das cinco com a Lebre de Março. Enfim, mas não é de Alice que
falamos aqui e sim de Bárbara. Embora a menina Bárbara, na seção que abre este
livro, intitulada “a menina de sua mãe” guarde muito da menina Alice, dançando
entre assombros e deslumbramentos, em seu percurso de descobertas pelo país das
maravilhas que é a infância. Sim, a infância é este país de saudades doces onde a menina poeta se
inaugura em versos e se descobre num mundo de magia, afetividades e
delicadezas. A magia da poesia, nessa instância é regida pela beleza, ternura e
o mais puro encantamento (naquele tempo
eu colhia o sol mesmo nos dias cinza). Não à toa, a autora quando encontra
a ternura revisitada na fase adulta, a abraça de forma irreversível, pois sabe
o valor que ela tem e, sobretudo, compreende a raridade e a preciosidade que há
nessa ternura em tempos de caos e decadência: quando alguém rasga uma nesga de humanidade terna/ você quer sugar esta
veia/ comer pelas bordas a pessoa inteira/ guardá-la em ti de todas as maneiras.
Mesmo quando se
revolta diante da ríspida realidade da fase adulta, e é atirada na dimensão angústia, isto é, nesta
dimensão onde se descobre que os poetas
mentem e tudo que é belo se deteriora, Bárbara ainda é impulsionada pela
magia e não se conforma com a decadência humana. Em certo sentido, sua busca
por compreender e rastrear a beleza em tempos de pobreza, e de empunhar buquês
de delicadeza em meio ao terror de nossos tempos, é ainda uma forma de ver
Alice revisitada na fase adulta, lutando por nossos últimos resquícios de
humanidade. Essa nova Alice, já senhora e ainda menina, veste uma armadura
delicada, se arma de fragilidades e de compaixão, e com certeza sabe de suas
impossibilidades... mas isso pouco importa. Nada vai convencer Bárbara a ser de
outra maneira. Ela há muito já atravessou
as grandes águas e desvendou o poder transformador da Arte. Tanto que sente
na maior naturalidade que sua casa é o
olhar azul de Van Gogh/ dentro dele as estrelas enlouquecem/ e o girassol
incorpora o sol. Assim é que a encontramos nesse livro, como uma bárbara
Alice disposta a experimentar, escrever, se reescrever e amar, e principalmente
isso: Amar em tempos inamáveis. Como ela mesma diz, como um rouxinol eletrocutado, temo partituras/ ainda que siga amando
loucamente a música.
Como o bolo mágico
que faz Alice crescer, essa crença na poesia como profissão de fé (e de febre)
faz o texto poético de Bárbara crescer aos olhos incrédulos do leitor e o
convida a uma incrível jornada noite e dia adentro de uma menina, que um belo
dia surgiu em Assaí em 1955 e de lá partiu para deliciar o mundo. Portanto, ao
entrar nesse livro, se preparem para provar várias delícias em versos. Pois
minha irmã é ótima confeiteira. Disso eu tenho certeza. Digamos que ela tem uma
mão boa pra isso. Ou talvez isso seja coisa de família mesmo... E por falar em
família: pra finalizar digo que seus versos têm a grandeza dos versos de
Vinicius conciliada com a espontaneidade das melodias do canto da Florbela
Espanca. Tanto que é possível sair desse livro, com pelo menos um coração
em flor, abraçado por seus poemas ou acarinhado por suas músicas de ideias.
Um abraço do seu
irmão,
Fernando Koproski
(filho do Vinicius
de um outro casamento...)
Forasteira
Poesia
Vidráguas
Coleção VentreLinhas
(2016)
80 páginas
link para editora vidráguas:
https://www.facebook.com/vidraguas/app/206803572685797/
Forasteira
Poesia
Vidráguas
Coleção VentreLinhas
(2016)
80 páginas
link para editora vidráguas:
https://www.facebook.com/vidraguas/app/206803572685797/
Friday, November 04, 2016
Monday, October 31, 2016
Forasteira na 62ª Feira do Livro de Porto Alegre
Algumas imagens da minha passagem pela Feira do Livro de Porto Alegre dia 30 de outubro, lançamento do livro Forasteira e participação no recital dos autores Vidráguas: Em verso e prosa, almas ruidosas.
Obrigada à editora Carmen Silvia Presotto por acatar o livro e ir além de editar um único livro, a partir dele criar uma nova coleção (VentreLinhas) de poesia escritas por mulheres, novidades no próximo ano. Ao meu amigo e irmão de alma Fernando Koproski, pela apresentação tão única e especial para mim. Ao Adriano do Carmo Lima responsável pela Arte Final do livro e a todos que acompanharam este processo que originou o meu oitavo livro de Poesia. Grata aos amigos e poetas de Poa que seguem ao lado - sempre. Foi uma bela e rica experiência.
Obrigada à editora Carmen Silvia Presotto por acatar o livro e ir além de editar um único livro, a partir dele criar uma nova coleção (VentreLinhas) de poesia escritas por mulheres, novidades no próximo ano. Ao meu amigo e irmão de alma Fernando Koproski, pela apresentação tão única e especial para mim. Ao Adriano do Carmo Lima responsável pela Arte Final do livro e a todos que acompanharam este processo que originou o meu oitavo livro de Poesia. Grata aos amigos e poetas de Poa que seguem ao lado - sempre. Foi uma bela e rica experiência.
Com Fernando Ramos, Carmen Silvia Presotto e Miriam Gress
Com Carmen ao lado de Quintana e Drummond
Com Carolina e Felipe
Carmen Silvia Presotto com o escritor e jornalista Paulo Mota
O poeta Julio Alves, Carmen e eu
Reencontros - Sidnei Schneider - grande amigo.
Cristina Macedo
Felipe e Carolina - encontros que a poesia proporciona
poeta e jornalista Maria Alice Bragança
A poeta Berenice Sica Lamas lê um poema de Forasteira no encerramento do Recital
poeta Adriano do Carmo Lima, responsável pela Arte Final de Forasteira
Durante o recital: Em verso e prosa, almas ruidosas. Apresentação dos autores
Vidráguas, lendo poemas de Forasteira, ao lado da editora Carmen Silvia PresottoRaimundA
Participo desta edição especial - escrita por mulheres - uma belíssima publicação, uma grande alegria ser parte deste momento RaimundA
"Hoje, vamos celebrar todas nós, as Beyoncés, as Angelas Davis, as Mc Carols, as Judith Butlers, as Sylvia Riveras, as Conceições Evaristos, as Sofias Faveros, as Hilda Hilsts. Beauvoir escreveu O Segundo Sexo se perguntando uma só pergunta: “O que é ser mulher?”. Obrigada a todes por essa jornada que ainda mantém essa pergunta aberta."
Link para a edição Inverno/Primavera 2016:
Sunday, October 23, 2016
"Forasteira" sob o olhar do poeta Koproski
(fragmento da apresentação do livro)
Bárbara é minha irmã
por parte de pai. Ainda que hoje ela negue veementemente isso, e diga que é
filha do seu Ladercio com a dona Patrocínia, tenho certeza que ela é filha do
Vinicius de Moraes com a Florbela Espanca. Daí vem nosso parentesco. Só não me
perguntem como meu pai Vinicius pode ter tido em agosto de 1955 uma filha com a
poeta Florbela Espanca que uns dizem morreu em 8 de dezembro de 1930... Esse
tipo de coisa não se explica, pelo menos não no nosso mundo. Mas é o tipo da
coisa mais natural que pode acontecer no mundo de Alice. No país das
maravilhas, de onde ela veio, deve haver uma centena de explicações razoáveis
para que tal encontro aconteça. Posso até imaginar essa e outras questões,
completamente plausíveis na boca do Chapeleiro, enquanto ele toma um
tradicional chá das cinco com a Lebre de Março. Enfim, mas não é de Alice que
falamos aqui e sim de Bárbara. Embora a menina Bárbara, na seção que abre este
livro, intitulada “a menina de sua mãe” guarde muito da menina Alice, dançando
entre assombros e deslumbramentos, em seu percurso de descobertas pelo país das
maravilhas que é a infância. Sim, a infância é este país de saudades doces onde a menina poeta se
inaugura em versos e se descobre num mundo de magia, afetividades e
delicadezas. A magia da poesia, nessa instância é regida pela beleza, ternura e
o mais puro encantamento (naquele tempo
eu colhia o sol mesmo nos dias cinza). Não à toa, a autora quando encontra
a ternura revisitada na fase adulta, a abraça de forma irreversível, pois sabe
o valor que ela tem e, sobretudo, compreende a raridade e a preciosidade que há
nessa ternura em tempos de caos e decadência: quando alguém rasga uma nesga de humanidade terna/ você quer sugar esta
veia/ comer pelas bordas a pessoa inteira/ guardá-la em ti de todas as maneiras.
(...)
Fernando Koproski
--
Fernando Koproski nasceu em Curitiba, em 22 de janeiro de 1973. Publicou os livros de poemas: "Manual de ver nuvens" (1999); "O livro de sonhos" (1999); "Tudo que não sei sobre o amor" (2003), incluindo CD que apresenta leitura de poemas na voz do autor e temas musicais compostos por Luciano Romanelli; "Como tornar-se azul em Curitiba" (2004) e "Pétalas, pálpebras e pressas", livro premiado com publicaçãopela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (2004). Pela editora 7Letras, publicou a trilogia "Um poeta deve morrer", composta pelos livros: "Nunca seremos tão felizes como agora" (2009), "Retrato do artista quando primavera" (2014) e "Retrato do amor quando verão, outono e inverno" (2014).
Como tradutor, selecionou, organizou e traduziu as AntologiasPoéticas de Charles Bukowski "Essa loucura roubada que não desejo a ninguém a não ser a mim mesmo amém" (7 Letras, 2005), "Amor é tudo que nós dissemos que não era" (7 Letras, 2012) e "Maldito deus arrancando esses poemas de minha cabeça" (7 Letras, 2015), bem como a Antologia Poética de Leonard Cohen "Atrás das linhas inimigas de meu amor" (7 Letras, 2007).
Lançou o CD Poesia em Desuso, registro ao vivo do recital que fez com o músico e compositor Alexandre França, apresentando poemas autorais, traduções e sua parceria musical, em 2005.
Como letrista, tem composições gravadas por: Beijo AA Força no CD "Companhia de Energia Elétrica Beijo AA Força"; Alexandre França no CD "A solidão não mata, dá a ideia"; Casca de Nós no CD "Tudo tem recheio"; e Carlos Machado nos CDs "Tendéu", "Samba portátil", "Longe", "Longe ao vivo" (DVD), ""Los amores del paso" e "Bárbara".
Como tradutor, selecionou
Lançou o CD Poesia em Desuso, registro ao vivo do recital que fez com o músico e compositor
Como letrista, tem composiçõe
SOBRE O LIVRO:
Forasteira
Bárbara Lia
80 páginas
Coleção VentreLinhas
Vidráguas - Porto Alegre
Bárbara Lia
80 páginas
Coleção VentreLinhas
Vidráguas - Porto Alegre
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