eu me permito errar
e me permito cair
em contradição
eu me permito dor
e me permito chão
e me permito ruínas
e me permito caos
eu me permito ser
quem se perde
dentro de si
eu me permito gritar
e provocar os céus
com mil perguntas
eu me permito rasgar
cada fibra del cuore
para tecer uma flor
sangrada e livre
eu me permito amar
e acordar
como quem nasce
de novo
eu me permito flanar
entre o inferno
das noites a sós
e o sol
que me abre
as manhãs
eu me permito
ser inteira
sem medo
eu me permito cair
e levantar
nas madrugadas
para colher
as estrelas tontas
que despencam
em seu próprio céu
como eu
Bárbara Lia
Inverno de 2017
imagem - Francesca Woodman