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angelus novus - paul klee
O SILÊNCIO DOS INTELECTUAIS - CULTURA E PENSAMENTO EM TEMPOS DE INCERTEZAS - SESC DA ESQUINA.
Ontem à noite ouvi José Miguel Wisnik por três horas. Ouviria por mais três. O Ministério da Cultura está promovendo esta série de debates em algumas capitais brasileiras. Bem esclarecido pelo filósofo Adauto Novaes que está à frente deste projeto, não há nada a ver entre esta série de palestras e o atual quadro político. O evento já estava concebido e em gestação bem antes da crise. Esquecendo as mazelas, o grande momento é acompanhar o fio de ouro de Wisnik, clarear algumas pequenas vielas da nossa própria alma. "Sem palavra" foi o título de sua fala, que dentro do ciclo que vai até 21 de outubro e que contará ainda com Antonio Cícero, Marcelo Coelho, Haquira Osakabe, Franklin Leopoldo Silva, Francisco Oliveira, Newton Bignotto, José Raimundo Maia Neto. Para quem comparecer em 75% das palestras serão expedidos certificados de extensão universitária pela PUC. Os eventos são no Teatro do Sesc da Esquina - www.sescpr.com.br.
O enfoque do Wisnik foi sobre a gente, quer dizer, nós que estamos escrevendo, os que usam da palavra. Intelectual ou não, o escritor nunca sabe se ruge e brama suas dores e ideais, ou se cala tudo em sua dor noturna e versos. Considero este século, o século das hecatombes. Toda minha fúria contra os generais do Brasil e de tantos lugares, contra a barbárie humana está sendo diluida em asas de borboletas. Manoel de Barros disse em uma entrevista a Bianca Ramoneda, alguma coisa assim como o mundo só será melhor quando for governado pelas borboletas. Não vi este programa, mas, o Flávio de Almeida, do Rio, que é cartunista me disse. Disse que quando o Manoel de Barros falou, ele se lembrou de mim. O questionamento do José Miguel Wisnik sobre "o lugar da palavra" evocando Clarice e Drummond. O que ressoou em minha alma de poeta foi a leitura que ele fêz de uma crônica de Clarice, que ela escreveu quando eliminaram um bandido chamado mineirinho - com treze tiros. Lembro de ter lido esta crônica, de ter vivido com ela o espanto. Por que treze tiros, se um tiro basta? Para o poeta não existe a linha que separa a favela da chic zona sul. O poeta sabe que uma alma regada a pétalas e carinhos, comida farta, horizontes azuis, ela não vai se tornando escura e vaga, nunca ficará perdida, ou ficará talvez, dentro da complexidade do ser. Basta ler o histórico dos meninos do tráfico, basta se imaginar um segundo em sua alma, basta pensar que um dia um bandido pode matar minha mãe na minha frente, digamos que eu tenho sete anos e assisto. Digamos que alguém me ofende, explora meu sexo, me domina, me faz sentir que sou verme negro, vai que a sociedade fecha para mim todas as portas, que não posso usar o elevador social. E o poeta sabe que na alma, dentro, nada difere, que a criação dela, energia vertida por um Deus estranho, é da mesma matéria, que se perde no mundo da matéria e não resta mesmo ao poeta deste milênio nada mais que um exílio, um susto, uma dor que ninguém entende, por que este cara chora, por que este cara bebe nos bares, por que não entra neste mundo e não corre atrás de tudo que acaba desaguando no big mac...
Sexta e sábado vou mergulhar na cultura árabe, outra vez, no evento que vai acontecer em homenagem a Edward Said, o escritor palestino que junto com o poeta Darwich escreveu a constituição da Palestina.
Tributo a Edward SaidDias 14 e 15 de outubro de 2005.
Local: Auditório do Setor de Ciências da Saúde (UFPR)
– Rua Padre Camargo, 280 - 1º andar (atrás do Hospital de Clínicas)
A Questão das Identidades Culturais:
A Questão das Identidades Culturais:
Mitos, Conflitos e Violência na Palestina.
Programa
14-10- 2005 Sexta-feira
18:30 horas : Projeção do vídeo : E. Said, biografia e obra
19:15 horas: Abertura: Prof. Dr. Jamil Zugueib Neto
Said: A Pesquisa, Orientalismo, Cultura e Igualdade.
19:30 – 22:30 horas:
Mesa redonda
1 - Os estudos da cultura e das políticas do mundo árabe no Brasil
Programa
14-10- 2005 Sexta-feira
18:30 horas : Projeção do vídeo : E. Said, biografia e obra
19:15 horas: Abertura: Prof. Dr. Jamil Zugueib Neto
Said: A Pesquisa, Orientalismo, Cultura e Igualdade.
19:30 – 22:30 horas:
Mesa redonda
1 - Os estudos da cultura e das políticas do mundo árabe no Brasil
– O ICARAB
Prof. Dra. Soraya Smaili - coordenadora ( USP)
2 - A nákaba palestina – Memória social e resistência
Prof. Dr. José Arbex Jr. (PUC-SP e Rev. Caros Amigos)
3 - Os mitos fundadores do estado de Israel
Prof. Dra. Arlene Clemesha ( USP)
4 - Psicanálise e o estudo da violência
Prof. Dr. Joel Birman (UFRJ)
15 – 10 – 2005 Sábado
8:30 – 9:15 horas: Projeção do vídeo: Saramago e a visita
Prof. Dra. Soraya Smaili - coordenadora ( USP)
2 - A nákaba palestina – Memória social e resistência
Prof. Dr. José Arbex Jr. (PUC-SP e Rev. Caros Amigos)
3 - Os mitos fundadores do estado de Israel
Prof. Dra. Arlene Clemesha ( USP)
4 - Psicanálise e o estudo da violência
Prof. Dr. Joel Birman (UFRJ)
15 – 10 – 2005 Sábado
8:30 – 9:15 horas: Projeção do vídeo: Saramago e a visita
aos campos de refugiados palestinos
9:30 – 12:30 horas :
O Tributo
E. Said: História de vida, sofrimento identitário e
9:30 – 12:30 horas :
O Tributo
E. Said: História de vida, sofrimento identitário e
as escolhas na pesquisa. Dos fantasmas originais à prática política
Prof. Dr. Jamil Zugueib Neto (UFPR)
Conferência
E. Said e a questão das identidades culturais: Freud e os não-europeus
Prof. Dr. Joel Birman (UFRJ)
Coordenação: Prof. Dr. Jamil Zugueib Neto
Promoção:
Núcleo de Estudos dos Processos Identitários e das Crises.
Pça. Santos Andrade, 50 – 1º andar – sala 131
Fone: 3310-2703 e 3310-2625 – Inscrições: R$ 20,00
Departamento de Psicologia - UFPR
Prof. Dr. Jamil Zugueib Neto (UFPR)
Conferência
E. Said e a questão das identidades culturais: Freud e os não-europeus
Prof. Dr. Joel Birman (UFRJ)
Coordenação: Prof. Dr. Jamil Zugueib Neto
Promoção:
Núcleo de Estudos dos Processos Identitários e das Crises.
Pça. Santos Andrade, 50 – 1º andar – sala 131
Fone: 3310-2703 e 3310-2625 – Inscrições: R$ 20,00
Departamento de Psicologia - UFPR