Wednesday, September 16, 2009





Texto Criativo
sobre "NOIR", da poeta e historiadora Barbara Lia

por Luis Serguilha
A Sonoridade dos tigres das metáforas mobilizam as homenagens solares e a Barbara encaminha as linfas dos elementos energéticos até à desvairada obscuridade das criptas. As palavras como cordas expansíveis desencarceram os pássaros loucos da sua interioridade. NOIR símbolo da febre submarina e dos silêncios das escamas incandescentes que flutuam sobre as abóbadas da angústia e do medo. NOIR PALAVRA INESGOTÁVEL tentando completar a Barbara em sucessivos renascimentos. O lugar inaugural da catarse canta a solidão da rebeldia e transpõe a diminuição dos abismos como a verdadeira arte da mudança. Barbara restaura os magnetismos das palavras para iluminar a decisão primordial do desejo, libertando o silêncio e a vida absoluta porque quer a manifestação sensual na incorruptibilidade do ser.
Barbara diz ´´que é a palavra´´, ou o vivo movimento das origens das suas impulsões plenas de mistérios e de metamorfoses poéticas, revelando regeneradoramente o jogo erótico onde os astros soltam as línguas infindáveis. Os vestuários das inflexões atravessam os instantes do cromatismo das feridas, este circulo de crisálidas alucinantes que BARBARA encandeia com a violência dos seus ecos, com o naufrágio da claridade dos ritmos, com o sal-húmus das gargantas dos cenários.
As imagens ampliadas dos corpos fluem através das mandíbulas líquidas que proliferam sobre os acordes inatacáveis deste livro, porque a Barbara modela-se a si própria entre as unânimes correspondências: aqui a reciprocidade das vibrações forma os cavalos dos limites onde as loucas marchas despertam os halos do pulsar erótico.
A performance da palavra explora o bálsamo perfeito e descodifica a arqueologia dos sentidos. Barbara explora a jubilação da folhagem humana, desenha a efervescência da comunicação para consumar o ciclone paradisíaco ou a loucura da graça do absurdo .
O balanço afrodisíaco e vegetal sopra sobre os espelhos enunciadores da andadura dos signos onde a gigantesca luz do amor é sempre trágica e incompreendida.
O olhar de NOIR abre o ancoradouro solar e tropeça nas árvores cósmicas como um corpo secreto a alimentar as coordenadas criadoras doutro corpo, porque quer abraçar livremente o mundo.
A musicalidade ramifica a navegação da génese das palavras e eleva a Barbara a uma paisagem de fantasia. O sofrimento humano interroga as fugas inextinguíveis como uma constelação de aprendizagens sobre obstáculos permanentes.
NOIR procura profundamente a respiração visual do desejo, relembrando Ramos Rosa "que não pode adiar o amor para outro século ainda que o grito sufoque a garganta".

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Luís Serguilha, poeta português, nasceu em Vila Nova de Famalicão, em 1966. Publicou, entre outros livros de poesia, O périplo do cacho, O outro, Embarcações, O externo tatuado da visão, Lorosa’e boca de sândalo e A Singradura do capinador
http://www.intensidez.com/AutorLuisSerguilha.htm

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