Sunday, February 12, 2012

Valentine's Day V

Fernando Lemos: Hilda Hilst




Vida da minha alma:
Um dia nossas sombras
Serão lagos, águas
Beirando antiqüíssimos telhados.
De argila e luz
Fosforescentes, magos,
Um tempo no depois
Seremos um só corpo adolescente.
Eu estarei em ti
Transfixiada. Em mim
Teu corpo. Duas almas
Nômades, perenes
Texturadas de mútua sedução.
(LXVII)

Hilda Hilst(Cantares de Perda e Predileção -1983)


Para comemorar o 14 de fevereiro  - Valentine's Day - pensei em várias postagens, mergulho em amores e poetas. Acabei raptada pelo livro que escrevo e ficou este registro pequeno. Dois filmes, a frase de Anaïs Nin. Um soneto que escrevi vestindo a pele de Neera, uma das musas de Ricardo Reis. Melhor ler os livros de Henry Miller e Anaïs Nin. Passar meses lendo Fernando Pessoa, como fiz ano passado. Melhor ler a obra de Hilda Hilst. Ficamos replicando gigantes e é preciso que os poetas vertam sua tinta interior. Narrem seu tempo e seus amores. Importa é registrar a vida, esta que escorre liquida. Hoje li a segunda parte das memórias de Ana Lúcia Vasconcelos do tempo que ela conviveu com Hilda Hilst, está no site Musa Rara:



Recolhendo similaridades - Hilda só fazia o que queria. Vivia apaixonadamente, não importava se a paixão era por um homem, ou uma idéia. Muitos estranharam quando Hilda publicou seus escritos eróticos. A escrita passa pela vida, por ela inteira, e o erotismo é parte da vida, não é possível separar corpo e alma. Somos uma entidade interligada e matar algo em nós no corpo ou na alma, acaba por matar corpo e alma. A arte diviniza o corpo. Pornografia é a ausência da Arte, o despir a alma e focar apenas na matéria/carne. Hilda colocava em tudo sua alma e sua obra, ainda que considerada pornográfica, era apenas o lado erótico, o desejo. O desejo que ela cantava sem pudores, este que é proibido. Principalmente em boca de mulheres, este que - já no terceiro milênio - a humanidade ainda estranha. Ainda assim, só conhece Hilda Hilst quem penetrou a densidade de luz de seus poemas.

La nave va...

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