
1986 - meu pai, o nome dele - Ladercio.
Um nome diferente, e ele era diferente dos
pais que eu via - ele vivia em poesia, um livro
sempre às mãos...
Meu pai beija minha testa, na manhã. Palco do início. Borboleta branca que invade o quarto e se nega a ir embora. Velou o sono da menina por uma noite e na manhã pousou um beijo em minha testa me acordando em susto... Ele despertou a minha alma de poeta ainda no berço, e ronda os meus passos e cuida. Nas solidões dos séculos a infância guarda a bússola, a carta náutica e o mapa celeste. O tempo só é compreendido pelas crianças e o tempo – esse meu tempo de criança – foi preenchido pelas serestas e pela poesia e por uma imensidão de lendas que ele contava e de estrelas nas noites consteladas... Uma trégua, acordar com um beijo branco de um pai que vive em outras esferas. Bárbara Lia, ainda em Peabiru. |