Thursday, March 31, 2016
Friday, March 25, 2016
Poesia contra a guerra
Círculo vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume
- "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no azul, como uma eterna vela!"
Masa estrela, fitando a luz, com ciúme:
- "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no azul, como uma eterna vela!"
Masa estrela, fitando a luz, com ciúme:
- "Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- "Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
- "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"
Machado de Assis
Tuesday, March 22, 2016
Março sempre prepara um abril despedaçado
.
.
Reunir cacos da Pátria
Na enseada da Esperança
Para construir um molhe
Lembra estes olhos ônix?
Eram os olhos da dignidade
Coloque-os ali, ao lado
Dos braços fortes da verdade
Nestas horas é preciso blindar
O músculo pulsante
Endureça-o com o aço da paz
Sabemos o que a podridão faz
Já vimos este filme tempos atrás
Beije pela última vez o teu amor
Breve teu coração arderá
Na fogueira da ira que virá
Melhor morrer na enseada
Na pequena ilha da esperança
Que viver na larga lagoa pútrida
Com patinhos fazendo plim plim
(isto, realmente, não é para mim)
Bárbara Lia
Sunday, March 20, 2016
Carol
A trilha sonora é linda. Algumas cenas lavadas por neblina, ou por uma espécie de - matéria do sonho - uma nitidez escassa que enlaça em uma aura encantatória. A certeza ao final de Carol é que não mudou quase nada a forma como o mundo age, neste desnível de olhar, onde os homens tudo podem e as mulheres quase nada. A salvação é o que o amor ainda brota, apesar de tudo, em longos olhares, estes que duram 5, 4, 3, 2, 1 segundos... E neste instante tão mínimo na régua do tempo, dá para desvelar um mundo. Carol é para os que já mergulharam - um dia - no olhar do amado (a)... único espaço maior que a palavra... Sempre bom ver Cate Blanchett, incrível neste filme de Todd Haynes... um oásis meio ao caos.
Saturday, March 19, 2016
ciudad sin sueño
Os homens que não sonham
(Bárbara Lia)
No duerme nadie por El cielo. Nadie, nadie.
No duerme nadie.
Las criaturas de La luna huelen y rondan sus cabañas.
Vendrán las iguanas vivas a morder a los hombres que no sueñan.
(Federico Garcia Lorca – fragmento de Ciudad sin sueño)
Os homens que não sonham demolem pontes catedrais parques cânions praças
Os homens que não sonham incineram as rosas cálidas das núpcias da moça feia
Os homens que não sonham afogam pássaros em nuvens escarlates enquanto riem
Os homens que não sonham pisam prímulas pálidas em varandas centenárias
Os homens que não sonham pintam máscaras de dor em crianças, com traços de Dali
Os homens que não sonham queimam o violino roto do último anjo que passou aqui
Os homens que não sonham armazenam cédulas, pepitas, moedas, esmeraldas, royalties
Os homens que não sonham caminham vestindo Armani olhos foscos atrás dos óculos
Os homens que não sonham trituram sonhos dos reais sonhadores como quem respira
Os homens que não sonham pisam pontes de gelo e alçam asas em pássaros niquelados
Os homens que não sonham nunca leram Lorca, não sabem de Las criaturas de la luna
Os homens que não sonham pisam flores de cerejeiras - tapete aveludado - e nem rezam
Os homens que não sonham odeiam flores nascidas pós-bombas em beleza voluntariosa
Os homens que não sonham ignoram iguanas vivas seus dentes de serra e olhar de vidro
Os homens que não sonham não veem os dentes afiados de iguanas tristes na pedra fria
Os homens que não sonham ignoram a mordida de iguana e ignoram que não sonham
Os homens que não sonham fecharam a via estreita que nos aproxima de um éden
Os homens que não sonham não amam iguanas, cidades, pedras, éden, cerejeiras, anjos
Os homens que não sonham não amam nada, não tocam nada, não vivem nada...
Thursday, March 10, 2016
a rosa selvagem
tempo de luta
das rosas rebeldes
não aquelas dos buquês
falo da rosa selvagem
aferrada ao solo
pra nunca mais ser morta
das rosas rebeldes
não aquelas dos buquês
falo da rosa selvagem
aferrada ao solo
pra nunca mais ser morta
Bárbara Lia
Pagu, 1933 by Candido Portinari
Eu sou Poeta
-
- pinBiblioteca Alceu Amoroso Lima - CSMBRua Henrique Schaumann, 777, PinheirosSão PauloDia 19 março, sábado
Local: Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Rua Henrique Schaumann, 777, Pinheiros, São Paulo (SP)
10h: Oficina Lendo Mulheres: a potência da poesia feminina
Com Jeanne Callegari
Não haverá inscrição prévia. É só chegar, a lotação é de 30 pessoas.
14h: Abertura
15h: Clube de Leitura
Mediadoras: Lubi Prates e Pilar Bu
Livro: Do desejo, Hilda Hilst
Convidada: A confirmar
Não haverá inscrição prévia. É só chegar, a lotação é de 30 pessoas.
16h: Tradutoras
Mediadora: Francesca Cricelli
Convidadas: Ana Cecília, Sarah Valle e Maurício Santana Dias
18h: Sarau microfone aberto
Dia 20 de março, domingo
Local: Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Rua Henrique Schaumann, 777, Pinheiros, São Paulo (SP)
10h: Oficina de fanzine: as línguas e os idiomas das mulheres
Mediadora: Julia Francisca autora da zine [nectarina]
Oficina para mulheres conhecerem a linguagem do fanzine e aprenderem a publicar seus escritos com autonomia. Espaço de diálogo e troca de escritos, referências visuais e técnicas de publicação. O objetivo é reconhecer as diferentes vozes das mulheres e encontrar meios para que nós possamos falar para o mundo, publicar textos, etc.
Não haverá inscrição prévia. É só chegar, a lotação é de 30 pessoas.
14h: Poesia é resistência?
Mediadora: Juliana Bernardo
Convidadas: Tula Pilar, Jarid Arraes, Geruza Zelnys e Jenyffer Nascimento
16h: Mulheres e invenção
Mediadora: Maíra Mendes Galvão
Convidadas: Fabiana Faleiros, Luisa Nóbrega, Julia Mendes e Dirceu Villa
18h: Microfone aberto
19h: Encerramento: abraço geral
* * * * * * *
https://eusoupoeta.wordpress.com/
Saturday, March 05, 2016
mundo caduco
Agora, quando digo:
— Sou Poeta
A voz trava na garganta.
Je suis poète?
Não posso mais escolher como Drummond
“Não serei o poeta de um mundo caduco”
Carlos, não há mais escolha:
O mundo caducou
Bárbara Lia
Foto: EPA/Herbert P.
Subscribe to:
Posts (Atom)
La nave va...
'O Corpo' - Poesia - Bárbara Lia
Pré-venda do livro "O Corpo" “O Corpo” traz uma seleção que abrange duas décadas de poesia er*tic@, além de fragmentos de uma n...

-
Amedeo Modigliani Paris e um amor Ode de absinto E dança A voz de Piaf acorda As pedras de um beco: “C'est lui pour moi Moi pour lui...
-
Serviço: Lançamento da 2a. Temporada da websérie Pássaros Ruins Data: 11/09/2016 - Domingo Local: Cinemateca de Curiti...
-
Javier Beltrán (Federico García Lorca) e Robert Pattinson (Salvador Dalí) em uma cena do filme - Poucas Cinzas - que revi e voltei a sentir...
-
Louis Garrel _ Cena de "La Belle Personne" de Christophe Honoré "o poeta escreve sobre oceanos que não conhece...
-
É incrível que elas tenham nascido na mesma data, Clarice em 10 de dezembro de 1920 em Chechelnyk, Ucrânia e Emily Dickinso...
-
INSÔNIA Este é o século da nossa insônia Mentes plugadas em telas isonômicas Longe dos mitos e da cosmogonia Dopados de “soma” e ...
-
F rida inventou um novo verbo para dizer “eu te amo”: Yo te cielo. Rimbaud queria reinventar o amor: L'amour est à réinventer. quiç...
-
(Leitura poética de “Trato de Levante”) Livre. O poeta é livre. Canta Neruda com amor revolucionário. Depois que tanto...