Tuesday, January 27, 2009

rimbaudianas


Arthur Rimbaud, par Jean Ipoustéguy, 1984,
l'Homme aux semelles de vent
( Boulevard Morland)

quando ele corria
pelos telhados de ardósia
as pombas arrulhavam
em ventania
seu casaco - vela sacudida
estremecia
a maré da monotonia

.
.
Dans l’air
.
.
Tínhamos a mesma idade
Quando vimos o mar
Este mistério de impaciência
Tínhamos a mesma impaciência
– Rimbaud e eu –
.
Por isto
Pisamos telhados
Ao invés do chão
.
Por isto
Machucamos nossos amores
Com nossas próprias mãos
.
Por isto
As velas acabam na madrugada
Antes que o poema acabe
.
- Por isto, tão pouca a vida para tanta voracidade
.
.

Mar/absinto
.

Nossos olhos de dezoito anos
acomodaram o mar
Sobrou a maré em torno
um sussurro de conchas
a nos acordar nas noites brancas
.
Nossos olhos de dezoito anos
beberem do mar/absinto
como ao vinho santo.
.
Nossos olhos embriagados.
Nossos olhos negros e azulados
Uma sereia recolhendo a rede
os corações de dois poetas ali
enredados
.
Nossos olhos de dezoito anos.
Nossas almas milenares.
Nossos amores fracos à soleira da incerteza.
Tanta beleza em ti, Rimbaud!
Tanta ausência em mim!
.
E nas marquises
bêbados ainda caminham
buscando o sol
que você guardou pra mim
Bárbara Lia
O rasurado azul de Paris

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