Monday, March 16, 2009

A noite perfumada de Magnólia II




Segunda percepção – A luz se move


Vagalumes são faróis terrestres.
Siameses de estrelinhas verdes.
Espiões de meninas travessas.
Detrás das árvores de flores brancas eles abduziam Magnólia.
Piscavam, enfeitiçavam.
O luscofusco magnético fazia com que ela girasse em ciranda acompanhando a impossível luz.
Ninguém ensinou à Magnólia como colher vagalumes e estrelas.
A primeira vez que Magnólia entrou solenemente na vida, era esta a percepção:
Uma calçada clareada de chuva de mínimas flores brancas, uma janela com luz estranha lembrando o miolo de romãs e vagalumes distantes de seus dedos frágeis.
Magnólia colecionava palavras e não sabia qual a sua primeira palavra.
A mãe jamais dissera.
Por isto imaginava que sua primeira palavra tinha a ver com flor e luz e inseto que incendeia em luscofusco.
Talvez tenha sido um suspiro sua primeira palavra.
Ou uma interjeição.
Ah!
O que mais pode expressar o sentimento de inserção...
Talvez tivesse repetido o som da flor que cai suave e branca na calçada.
E este som era o prenúncio de que o paraíso está ali na esquina.
Andava com prenúncios de paraíso ouvindo o som da flor que cai.

Bárbara Lia

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