Saturday, May 21, 2011

OS LIVROS DE 2011

Tem um pássaro cantando dentro de mim - 43 páginas - Poesia


Uma poesia do livro e comentários do poeta Darlan Cunha:


Pensei: vou morar em uma lágrima.
E vi cenários de Kandinski atrás da cristalina dor.
Vi os retorcidos rostos detrás dos espelhos d’água.
Vi uma casa-banheira, eu sempre líquida.
Vi um teto vidro fosco, eu a olhar estrelas.
E quando secar a minha casa?
E como secar meu coração?
Bárbara Lia

in Tem um pássaro cantando dentro de mim



A extrema leveza desta poema é difícil de ser alcançada, a metafísica que dele exala, e é tão limpo de se ler ( e reter). Lembro-me do farmacêutico Carlos Drummond de Andrade, também poeta, dizendo algo mais ou menos assim, quando da morte do Cartola – Angenor de Oliveira:
“- Este era o verso que eu gostaria de ter escrito: Queixo-me às rosas / mas que bobagem / As rosas não falam…”
Darlan M Cunha

*****

BREVE ARQUITETURA DA MELANCOLIA *



Disse a moça “querer morar na lágrima”, e assim é que já me vejo com vizinhança, já que neste líquido núcleo habito só, sem nada de ir ao cara das cortiças e contratar-lhe os serviços em toda a casa, nada de armazenar antidepressivos, antíteses do ruído, nada de nada que se imiscua no meu líquido teor de maldade, e assim é que não espero ansiosamente a moça chegar, mesmo se ela for poeta, mesmo se for atéia, mesmo que seja tão feroz e feraz quanto uma canção de ninar, ou mesmo que me queira em sua cama, psicotrama, em seu coma.
DMC

Breve arquitetura da melancolia - verso do poeta Eugénio de Andrade (Prêmio Camões 2001), no poema Lágrima, do livro Coração do Dia, 1956-58.

***

2011 vai marcar por ser o ano do retorno da POESIA em livro. Em 2007 lancei dois livros (O sal das rosas - pela Lumme e A ùltima chuva pela ed. Mulheres Emergentes) e não mais fui em busca de uma publicação nos moldes tradicionais. Neste intervalo a SEEC/PR - Imprensa Oficial publicou meu romance Solidão Calcinada em 2008 e publiquei Constelação de Ossos em parceria com a Ed. Vidráguas (Poa) em 2010. Um passo na poesia e outro na prosa, segue a dança da palavra tecendo esta obra que assino com reverência e respeito à ARTE.
Ano passado foi o - ano dos artesanais - este projeto que eu amei realizar. Dividi com tanta gente. Imprimi MUITOS livros, e a minha alma artesã permitiu espalhar meus poemas.  Em resumo, é mais ou menos como o poeta Edson Bueno de Camargo escreveu:

"Adoro este ideia que construir o livro não só como algo livel, mas também como objeto tátil, coisa pagável, cheirável. Em mundos de grande valor ás virtualidades isto é muito louvável.
Não sei se você se dá conta, mas estes livros artesanias, vão para além da literatura, esta plataforma se chama "livro de artista", muito valorizada nas artes de vanguarda."


Volto aos livros tradicionais. Não gosto da forma que tomou conta da Poesia atual. Os livros que ficam detidos em algum site ou editora. As edições sob demanda. Nossos leitores pagando valores altos para comprarem nossos livros. Não me animo a caminhar nesta direção. Os editores raramente publicam por sua conta e risco os livros de Poesias. São pequenas armadilhas onde caímos. Aposto no meu trabalho e vou encarar tudo na velha fórmula - edição do autor.
É isto.

Até aqui, duas publicações para 2011:

No primeiro semestre imprimi - Tem um pássaro cantando dentro de mim. Um livro com 43 páginas. O primeiro caderno com este mesmo título traz as poesias que não entraram em livros anteriores e que eu quero que vá para o papel. Elas ficavam cantando dentro de mim, pedindo pra libertá-las. Libertei as poesias, acrescentei os poemas para Rimbaud em um segundo caderno e o livro encerra com Jardim do Caos. Uma série de poemas que tendem ao abstrato.
Quem desejar este livro, entre em contato pelo email barbaralia@gmail.com

No segundo semestre - A flor dentro da árvore.
Com apresentação do poeta Sidnei Schneider.
Provavelmente edição do autor, por conta de algumas conversações ainda pendentes.
Neste livro as poesias tem como títulos as palavras de Emily Dickinson.
Algumas Poesias estão no site O BULE e no site MEIO TOM.




 
Fragmento da apresentação do livro - A FLOR DENTRO DA ÁRVORE

(...)

Se o seu nome, sua identidade vital e poética, se constrói não só da própria experiência mas da de muitos, especialmente artistas, o pai é quem a nomeia: “Meu pai amava/ A amada do poeta”. Então somos levados a Minas de Tiradentes, Drummond, Guimarães, Adélia, Milton, e à realidade do interior do Brasil através da letra de “Cuitelinho”, nome dado ao beija-flor em canção popular reconstruída por Paulo Vanzolini. O que nos autoriza a pensar que o nome Bárbara relaciona-se com o da brava inconfidente Bárbara Heliodora, tema de liras do seu esposo, o árcade mineiro Alvarenga Peixoto, autor de “Bárbara bela,/ Do norte estrela,/ Que o meu destino/ Sabes guiar”. Versos como “Meu pai plantou-me/ Em Minas”, sendo Bárbara Lia de Assaí-PR, sustentam essa recepção. Observe mais uma vez o leitor, que tudo nasce de um verso de Emily, título do poema (“Toquei seu berço silencioso”). Em outro, o nome ecoa transmudado: “O tosco me agride/ Tudo o que é rude/ Um passo atrás/ A cada farpa/ A cada sílaba bárbara” (“Remando no Éden”). Em suma, se o pai nomeou-a poeta, atribuiu-lhe ainda um nome-verso, Bárbara Lia.

(...)

SIDNEI SCHNEIDER é poeta, tradutor e contista da cidade de Porto Alegre (RS), Brasil. Nascido em Cruz Alta (1960), aos quatro meses de idade mudou-se para Santa Maria. Cursou Engenharia Florestal, foi ator do Grupo Porão de Teatro, líder político e estudantil. Em 1982 transferiu-se em definitivo para Porto Alegre.
Autor dos livros de poesia Quichiligangues (Dahmer, 2008), Plano de Navegação (Dahmer, 1999) e tradutor de Versos Singelos/José Martí (SBS, 1997). Participa de Poesia Sempre 14 (Biblioteca Nacional/Minc, 2001), Antologia do Sul, Poetas Contemporâneos do RS (Assembléia Legislativa/Metrópole, 2001), O Melhor da Festa (Nova Roma, 2009) e de dez publicações resultantes de concursos institucionais de conto e poesia. 1º lugar no Concurso de Contos Caio Fernando Abreu, UFRGS, 2003 e 1º lugar em poesia no Concurso Talentos, UFSM, 1995.

(...)







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