Abriu o
livro como quem encontra um tesouro e lá estavam as quatro belas fotografias do
seu barco. Sorriu. Retirou as fotos de dentro do livro, recolocou o exemplar na
estante. O olhar voltou ao livro de Ana Cristina Cesar. A imagem da moça triste
fez desabrochar uma flor de saudade subitamente dentro dele, uma flor que
violentou seu coração e rasgou tudo acima da camisa, uma flor-lâmina cortando o
coração e abrindo os ossos do seu peito e brilhando branca de luz e certeza - Estava
se apaixonando pela desconhecida... Respirou fundo e abriu o livro, leu uma
poesia, fechou o livro, recolocou-o no lugar e saiu a duros passos daquele
passado perfumado para o qual ele não queria voltar, com as palavras de Ana C.
vibrando na alma e os pelos arrepiados.
tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.
Samuel
ansiando entrar na vida branca da menina, na cama branca e limpa, no corpo
branco, mudo convite.
mínimo foragmento do romance inédito - 18 h no bar "O Torto" depois do Apocalipse - Bárbara Lia